O último comunista

Durante muito tempo se pensou que Oscar Niemeyer fosse o último comunista vivo no Brasil. Mas estamos falando de comunista de verdade, daqueles que se dedicam à revolução marxista de corpo e alma e não de copo (de uísque) e alma como alguns, que os ideólogos do contra chamam, com ironia, de esquerda caviar. 

Mas  esta semana o ministro do STF, Alexandre de Moraes, disse que era o único comunista do STF e, portanto, o último, porque , como se sabe, já não se fazem comunistas como antigamente. 

Quer dizer, sei que ainda existe um no meu bairro, São Francisco e, por coincidência, passando na rua, lá vai  ele, que eu pensava ser o último comunista.

Vai ou vem? Ninguém sabe exatamente. Dizer que é comunista é pouco, mas ao mesmo tempo é tudo, porque é a única coisa que se sabe dele. 

Até porque outras coisas não lhe interessam inclusive o nome, que ninguém sabe qual é e não precisa dizer. É comunista e pronto. Sabe-se que tem barba, usa óculos, anda com um livro grosso de capa preta debaixo do braço, veste roupas fechadas, com esse imenso calor, e de vez em quando senta no banco da praça, sozinho, concentrado em algo indefinido. Usa sandálias tipo Franciscano e uma jaqueta, se sobrepondo a uma camiseta branca com a imagem de Che Guevara. 

Se sua geração não o entendia direito, quanto mais esta, mas um belo dia, uma menina de 13 anos, Lúcia, sua vizinha de rua, que anda lendo muito (para desgosto de seus pais que preferiam vê-la dançando forró)  perguntou para sua mãe.

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- Mâe, ele não tem nome?

- Tem sim. Comunista. 

- Mas, comunista é nome? O que faz para ser comunista?

A mãe não soube ou não quis explicar coisas que não estavam ao seu alcance e encerrou o assunto abruptamente deixando a filha decepcionada e curiosa.

Com essa revelação recente acima, muito oportuna do Ministro Alexandre de Moraes, Lúcia ao saber disso exultou porque passou a segui-lo nas redes sociais e, quem sabe, possa aprender, finalmente, o que é ser comunista.   

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