COLUNA
Ruy Palhano
Ruy Palhano é médico psiquiatra.
Ruy Palhano

Arrogância, aspectos psicológicos e sociais

Nos bate-papos e nas rodas de conversas, quase sempre, se ouve alguém comentar: “fulano é esnobe, pedante ou ainda: fulano é presunçoso, pretencioso e, em seguida, explicam porque pensam assim daquela pessoa.

Ruy Palhano

Nos bate-papos e nas rodas de conversas, quase sempre, se ouve alguém comentar: “fulano é esnobe, pedante ou ainda: fulano é presunçoso, pretencioso e, em seguida, explicam porque pensam assim daquela pessoa. Todos esses adjetivos, são sinônimos de arrogância, um dos traços humanos, muito frequente de maneira geral e um dos mais rechaçados que alguém pode apresentar. É um traço humano que pode crescer com a pessoa, se incorporar ao seu caráter e lhe acompanhar a vida toda. Humildade, antônimo de arrogância, não existe nessas pessoas, muito embora possam simular que a tenham.

Para Johann Wolfgang von Goethe (1749 - 1832) escritor, cientista e filósofo alemão, dizia: Muitos são orgulhosos por causa daquilo que sabem; face ao que não sabem, são arrogantes.

Para Charles Darwin (1809-1882), naturalista inglês, o pai da “Teoria da Evolução das Espécies”, dizia: O homem, em sua arrogância, pensa de si mesmo como uma grande obra, merecedora da intervenção de uma divindade. Em distintas épocas, pensadores, cientistas e filósofos ao se debruçarem sobre o fenômeno da arrogância manifestavam seus conceitos quase sempre na mesma direção, destacando-a como algo relativa à soberba e a prepotência. 

A Arrogância, expressa uma característica marcantes que é o culto da superioridade. A rigor, são personalidades prepotentes, convencidas e se sentem melhores em tudo que fazem. São expertos, hábeis e isso os fazem sentirem-se melhores em tudo que fazem. 

De modo geral, são soberbos, presunçosos e vaidosos, por isso mesmo, socialmente, acabam tendo mau vistos, mau considerados em com má reputação. Essas pessoas, quase sempre se sentem no domínio de tudo e de todos, sendo a presunção, nesses casos, também uma marca forte em seu caráter. Se vangloriam e destacam suas qualidades. São insolentes e desprezam, ostensivamente, opiniões e pontos de vista, contrários aos seus.

No desenvolvimento emocional e cognitivo, dos arrogantes, há fatos que os tornam gulosos, fominhas e insaciáveis. Querem tudo para si, controlam tudo e comandam tudo e todos. Do ponto de vista do seu crescimento emocional são “crianças grandes, ou adultos que não cresceram, são carentes de si mesmos”. Apresentam, uma necessidade incomum de se sentirem paparicados, bajulados, elogiados e, nessas condições exibem seus dotes e habilidades, presumivelmente sentindo-se, melhores que os outros e, sobre eles, se sentem superiores. Sua autoimagem e opiniões que tem sobre si mesmo, são excessivamente boas, e se sentem muito bem com quem as reconheçam.

Esses traços, descritos acima, já são vistos desde cedo, na infância e prosseguem na adolescência, na vida adulta e daí por diante. Essas características se incorporam em seu ego e se consolidam como algo próprio, levando-os a serem identificados como tal, no convivo social ou familiar. É muito comum ouvirmos: “fulano, sempre foi assim, desde criança”.

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Os arrogantes, por suas crenças de superioridades e presposições apresentam diferentes dificuldades em seus relacionamentos. Essas dificuldades se revelam de forma notória, quando alguém ameaça a sua supremacia, tornando-os enraivecidos e enfurecidos. Essas dificuldades, impõe aos mesmos, preferências à relacionamentos ou amizades com pessoas com as quais possam exercitar seu domínio. A arrogância está no “endo” dessas pessoas e se revelam nas circunstâncias. Esses, quase sempre, buscam posições de mando, ou de liderança, de domínio e de superioridade para se firmarem como tal. 

Adoram de ser elogiados, bajulados, paparicados embora dissimulem o contrário. Suas opiniões deverão sempre prevalecer e serem aceitas e seguidas e não podem ser desprezadas e/ou desconsideradas, pois entendem isso como uma ousadia, desafio, desconsideração, desrespeito e desacato a si mesmo.

Os arrogantes, são ávidos por poder. Essas posições reforçam seu ego inflado e hipertrófico. Essas figuras, ao exercerem funções importantes em qualquer área que atuam, querem mandar, serem os primeiros e os mais qualificados. Quando confrontado, (o que é sempre muito difícil pois não deixam que isso ocorra) ou mesmo, diante de outra ameaças se desesperam, se irritam e se desestabilizam, tornando-se agressivos e furiosos como uma criança que perdeu sua chupeta.

Sua autoestima, como nos referimos acima é sempre elevada, sobretudo, pela vaidade. São eloquentes, pensam rápido e tem resposta para tudo, e se sentem cheio de razão no que fazem, essas prerrogativas lhes conferem a sensação de serem muito competentes e superiores. São personalidades que em si em si mesmos são carentes de si mesmos e extremamente inseguros. Em geral. São inteligentes e percebem as coisas com muita facilidade. A maior dificuldade dessas pessoas é lidar com seu ego frágil e inflado e, às vezes, para compensar essa limitação, costumam, tomar como verdade, uma suposição, algo que ainda não foi confirmado ou comprovado, mas que para esses, não é considerado especulação.

A arrogância pode ser uma característica observável em várias doenças mentais, embora por si só não constitua uma doença. Aqui estão algumas condições de saúde mental em que a arrogância pode ser mais comum: Transtorno de Personalidade Narcisista: Esta é talvez a condição mais associada à arrogância. Indivíduos com transtorno de personalidade narcisista têm um senso inflado de sua própria importância, uma profunda necessidade de admiração excessiva e uma falta de empatia pelos outros. 

Transtorno de Personalidade Antissocial: Conhecido também como sociopatia, este transtorno envolve um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros. A arrogância pode aparecer aqui como uma atitude de superioridade, onde a pessoa se sente acima das normas sociais. Transtorno Bipolar: Durante os episódios de mania, uma pessoa com transtorno bipolar pode exibir traços de grandiosidade ou comportamento arrogante, muitas vezes devido ao aumento de energia, atividade elevada e euforia.

Transtorno de Personalidade Borderline: Embora não seja uma característica central deste transtorno, em momentos de grande estresse ou instabilidade emocional, algumas pessoas com transtorno de personalidade borderline podem exibir arrogância como uma defesa contra sentimento de insegurança e inferioridade.

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