Juventude

“Juventude, nada mais que juventude. A estúpida, encantadora e bela juventude!” Joseph Conrad

O primeiro livro de Joseph Conrad que li, na adolescência, foi o romance Lorde Jim, um clássico da literatura mundial, cuja versão cinematográfica vi depois com Peter Ó Toole, em preto e branco.

No romance, um épico marítimo magistralmente descrito ( quando se trata de mar, as metáforas ondulam, e os adjetivos sobrenadam, sem trocadilhos) o autor extrai da infinitude dos oceanos e horizontes e do embate dos homens para domá-los uma forma de revelação, tanto da coragem quanto da covardia humana, infinitas também em sua complexidade dentro do contraditório humano. 

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Neste Juventude, uma novela, talvez não tão conhecida quando o romance, Conrad faz mais uma vez do mar, de seu mistério e de sua imprevisibilidade uma exaltação à juventude , seus devaneios e sonhos, como se resgatando-a das profundezas marítimas pudesse expor todo o seu fulgor de brevidade eterna como um tesouro recolhido em determinada época da vida, antes do naufrágio final de todos. Tanto assim que embora presente no personagem que narra a história a juventude é uma voz presente adicional que, aqui e ali, sinaliza que é ela mesma a dar o tom da aventura. 

Lê-se de um fôlego, em duas a três horas de prazer, como um mergulho, o suficiente, para que não se perceba que à carga de dramaticidade dos episódios o autor haja incorporado a poesia e o humor em doses certas para que a juventude possa ser vista de uma dessas janelas que vez por outra se abrem, graças ao dom artístico, dentro do coração humano - que é o mesmo lugar de onde se avista o mar. 

Juventude, de Joseph Conrad! 

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