COLUNA
Lourival Souza
Diretor da Belonave e Mestre em Economia Política (SMC University, Suíça).
Lourival Souza

O culto à juventude

Se, por um lado, a juventude tem força e disposição de sobra, por outro padece de inexperiência, indisciplina, impaciência e, por isso, é dever dos antigos fazê-los entender que chegará o seu tempo.

Lourival Souza

Como de costume, a ideia para o artigo surgiu em uma dessas conversas casuais, neste caso durante uma confraternização de fim de ano. Na ocasião, conversávamos sobre os perfis das lideranças e várias figuras de destaque nacionais. O que nos chamou a atenção não foi a pouca idade, mas aquela “aura” que se criou em torno da figura do jovem promovida pelas gerações anteriores que exageraram o seu papel. Uma espécie de culto à juventude.

É inegável que jovem deve ter um papel relevante na sociedade. Eu mesmo participei de vários movimentos de congregação de jovens. A minha crítica está na forma como as antigas gerações, por assim dizer, moderam as novas. É comum aos jovens aquele ímpeto por mudanças, deixar o mundo mais parecido com as suas ideias, superar as gerações anteriores, aquela inclinação algo revolucionária, ou ao menos reformista, enfim aquelas coisas que lhe são bem características. Isto em si não é ruim, mas pode vir a ser se não houver o devido direcionamento. Pois se, por um lado, há força e disposição de sobra, há também inexperiência, indisciplina, impaciência e, por isso, é dever dos antigos fazê-los entender que há um tempo para tudo e que chegará a sua vez. Informação não é experiência, nada é tão novo quanto se pensa. A bem da verdade, a história, muitas vezes, é o embate de algumas poucas ideias que assumem novas formas.

Em todos esses anos o que mais vi e ouvi foi “o jovem é o futuro”. Tudo bem, isto é meio obvio, mas o que sua geração irá transmitir? Nada há que se aproveite? É necessário mudar tudo aí está? Nada deve ser mantido ou mesmo restaurado? Parece que as antigas gerações (50/60 anos) não conseguiram entender os defeitos da juventude. O resultado foi a perpetuação de um espírito permanentemente rebelde e apressado.

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Tenho falado há um tempo sobre qualificar os critérios de elegibilidade se, realmente, quisermos amadurecer a nossa política. Hoje, com 18 anos, o cidadão pode ser vereador; com 21, deputado estadual e federal; com 30, governador; com 35, presidente e senador. Não seria melhor exigir um pouco mais de experiência? Penso se tratar de medida razoável a exigência da chegada aos 30 anos para os ocupantes de cargos públicos eletivos. O atual estado de juventude (18 aos 29), mais e mais desligada da realidade, num estado patente de ociosidade, requer maiores cuidados.

Novamente, o jovem deve ter um papel relevante na sociedade, mas deve ser compatível com o seu grau de maturidade. Se equacionarmos essa passagem de bastão, colheremos bons frutos.

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