COLUNA
Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

A hora e a vez do Ex

De ex-pobre a ex-surfista, no Brasil, ser ex é a glória.

José Ewerton Neto

 

Ex, Ex, Ex, ex-isso, ex-aquilo. 

Nunca uma palavra significou tanto em nosso país. De ex-pobre a ex-surfista ser ex é a glória. Esta é a terra em que ex-presidentes retornam, ex-craques jogam na seleção e excomungados rezam missa. Ser Ex neste país é considerado o máximo!

1.Basta lembrar que a profissão mais almejada, comentada e disputada neste país é a de EX... (Suspense? Claro que não!) Alguns leitores mais perspicazes a essas alturas, já sabem do que estou falando. Nada mais de querer ser médico, modelo, cantor sertanejo ou jogador de futebol. O que os jovens, adultos e até velhos realmente almejam é ser Ex. BBB. Tanto assim que até uma modelo famosa e bonita, Yasmin Brunet, filha de outro modelo mais famosa e mais bonita, Luisa Brunet, entrou para o BBB só para acrescentar um EX-BBB ao seu currículo. Seguindo, aliás, o exemplo de outra famosa, Vanessa Camargo, que não satisfeita em ser uma ex-cantora tinha de ser também, Ex-BBB. 

2.Entre tantos outros formatos de EX que assolam o país sobra até para EX-Brancos. Sim senhores, a quantidade de brancos que viraram pardos ou pretos no último censo é tão avassaladora que confundiu os especialistas. Estes ficaram confusos ao tentar interpretar tal fato e várias teorias surgiram: teria sido influência do aquecimento global ou seriam resquícios da Pandemia? Nada disso senhores, trata-se de uma questão de obsessão ou moda, se é que podemos chamar assim a essa sedução brasileira por ser EX. 

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3. Tantas são essas novas faces do EX que ninguém liga mais quando se fala de um conhecido tipo de Ex que já foi predominante no passado, ou seja, o EX-Amor. (Esse mesmo, do antigo e nostálgico samba de Martinho da Vila). 

Acabou entrando definitivamente em extinção porque quando se julga que uma mulher é ex de fulano de tal ela já é ex de quatro ou cinco. 

E deve ser por isso, por culpa de tanta exaltação do EX que certas palavras caíram em desuso e, de repente, ninguém mais é EX-cêntrico, EX-ímio; EX-ótico ou EX-temporâneo. 

Não é mesmo EX-TRAORDINÁRIO?

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