O ilusório reforço positivo
Em 1949 Edward Thorndike, um psicólogo americano, formulou a lei do efeito onde todo comportamento tem a tendência de ser repetido caso haja resposta compensatória.
Em 1949 Edward Thorndike, um psicólogo americano, formulou a lei do efeito onde todo comportamento tem a tendência de ser repetido caso haja resposta compensatória. Parece simples, mas seu sistema de percepção e de cálculos de previsibilidade sempre buscam duas opções: riscos ou recompensas.
Sua memória lembra e esquece o tempo todo. Ela coloca na lista de prioridades lembrar aquilo que mais marcou emocionalmente, tanto em alegria quanto em tristezas. Por isso, tão importante lamentar é comemorar suas vitórias. Exatamente aqui que decidimos o que continuará em nossos cérebros e o que será abandonado.
Quando você está com amigos que bebem muita cerveja, você faz um reforço positivo quando fala orgulhosamente que secou duas grades sozinho. O mesmo pode ser feito quando terminar de ler um livro, correr 5 quilômetros ou abandonar o cigarro; atitudes positivas.
Acontece que também fazemos muito reforço positivo com coisas prejudiciais e nem nos damos conta disso. Cada gesto desse chancela o comportamento como bom e você certamente repetirá a atitude que erroneamente o lesiona.
Nos tempos atuais, mães da geração infantil e adolescente fazem enorme auto-regozijo proclamando amor incondicional e cego a seus filhos. O exagero é tão grande que elas consideram esforços mínimos como pegar água na geladeira, comer sozinho aos 8 anos de idade ou ter que esperar meia hora para o almoço como sofrimentos inadmissíveis. Não sabem elas que reforçar como bom esses exageros pouco significa amor e será condicionado pelo filho como recompensa sem esforço, a maior lacuna evolutiva para a geração atual.
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Cada gesto de super-proteção é, na verdade, uma medida de deixá-lo vulnerável para a insobrevivência sendo incapaz de aceitar dificuldades com resiliência e de ver as adversidades com menos frustração. São humanos vivendo em condições simuladas de vida totalmente incompatíveis com a realidade. Aliás, acostumam-se tanto a receber sem doar que geram cálculos de merecimento ilusórios e constroem cérebros incapazes de exercer a gratidão. Dizem essas mães: -faço tudo por meus filhos!
Estudos com chipanzés, que tem hierarquia muito bem organizada, mostra que os membros do poder tem menos tendência a vícios em drogas. O contrário ocorre onde os menos importantes viciam-se bem mais. Isso acontece nos sapiens também. Parece que não ficar vulnerável, e portanto, mais seguro da sobrevivência, sacia como um recompensador dopaminérgico fazendo você não precisar de induções farmacológicas.
Agora imagine fisiculturistas que passam duas a três horas por dia nos seus templos onde eles são referências naquele universo. Recompensador, né! O problema é que o reforço positivo anestesia para coisas que podem ser muito mais importantes para sua segurança de vida. E quem se sente dominante na sua tribo acabar por “viciar” no restrito e temporário poder. Uma hora a conta chega juntamente com a idade e se preocupar com músculos se torna secundário. Acredite, estas são palavras de um fisiculturista intelectual. Neste caso o reforço positivo é subconsciente e não evocado.
Na obesidade e no efeito sanfona o perfil psicológico mais predominante é exatamente o paciente que repete para si: — quando faço algo me dedico até o fim!! Ele pode não saber, mas é exatamente a síndrome do tudo ou nada; ou come tudo, ou não come nada.
Por isso tenha cuidado com o reforço que seu cérebro faz! Frases como: -sou assim e aceite quem quiser; -sou pobre com orgulho; -sou reles mortal; -ganho pouco, mas sou feliz; -nunca tive chance na vida; -sou obeso saudável, -o importante é competir etc levam você a sustentar os mesmos comportamentos com um inocente orgulho. A forma que você evoca para si, pode consolá-lo e causar um ilusório “alívio” das consequências ruins fazendo-o permanecer nas mesmas condições. O que a boca fala o coração sente.
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