Existe hora certa para comer? Sua biologia explica
Você sabia que a maior característica comportamental nos pacientes com obesidade é comer na hora que quer?
Você sabia que a maior característica comportamental nos pacientes com obesidade é comer na hora que quer? Consideram o horário irrelevante e se preocupam, por exemplo, se a tapioca tem mais calorias que o pão. Não é incomum alguém se gabar de estar em jejum nas últimas 18 horas ultrapassando horário de almoço e sem saber quando será a próxima refeição. Grande engano e agressão à natureza biológica.
No ano de 2017 o prêmio nobel de medicina foi sobre a cronobiologia, ou melhor, sobre os fenômenos biológicos relacionados no tempo. Os norte-americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbach e Michael w. Young estudaram desde a década de 80 os genes responsáveis pela noção celular de tempo. Assim, o mecanismo molecular estudado em células de moscas mostrou que seu corpo tenta se antecipar à praticamente tudo, seja o frio da noite, o som de um sino diário ou a refeição hipercalórica noturna.
Não só os sapiens, mas organismos menos complexos e até plantas sempre se guiaram por orientações da natureza como a luz do dia. Acredite, expor-se à luz artificial ainda é uma confusão na nossa adaptação evolutiva.
O fato é que antecipar-se sempre foi a melhor adaptação à sobrevivência na terra, seja em negócios, estudos, aposentadoria ou evitar riscos e buscar recompensas. Para isso nosso cérebro hipervigilante consegue simular abstrações para cálculos de perigos e gratificações. Lembra de situações aversivas e prazerosas e se antecipa diante delas.
Tentar prever os estímulos e condições externas é uma habilidade de nível molecular e você a tem mesmo que não queira. Seus genes clock, per e tim produzem proteínas que se ajustam ao ciclo diário de 24 horas.
Existem inúmeros mecanismos que fazem seu corpo tentar prever a diferença entre ruído e silêncio, noite e dia, claro e escuro ou até stress e calma. Seu horário de sono, de atividades físicas e de refeições são praticamente as maiores necessidades que devem ter horas fixas no ciclo circadiano. Fugir disso é uma agressão que não o permitirá desenvolturas maiores, emagrecer ou ter saúde são umas delas.
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Do ponto de vista psicológico funciona assim: você dá valor a todas outras coisas. Seu trabalho, estudo, filhos, roupas, vida social etc. Mas geralmente nem sabe quanto, o que e que horas vai comer. Gosto de dizer que assim como você respeita a comida, assim ela o respeitará.
Seu corpo fisiológico e cronobiológico tem necessidades e demandas que variam ininterruptamente na vida. Você não vai querer comer mocotó no café da manhã e nem tomar sorvete de chocolate substituindo o almoço.
Acontece que nossas prioridades alimentares querem saber da sobrevivência, e isso é inegociável. Por isso privação sono, de água e de comida nos levam à esfera da irracionalidade de decisões. Não nos interessa comer salada de legumes com brócolis após um dia de trabalho com stress beliscando café para ativar o cérebro.
Suas decisões são também tomadas considerando suas necessidades fisiológicas além de pesarem as emoções, experiências passadas e desejos futuros. Por isso temos outra consequência de comer a hora que quer, sua fome irracional! Geralmente durante a tarde você não come e termina por exagerar à noite, dando início à síndrome do comer noturno, um padrão alimentar descrito por Stunkard em 1955 observado em pacientes obesos no New York Hospital.
Esse mesmo padrão representa uma enorme proporção do comportamento alimentar após pandemia. Com a vida intensa no “amanhã” o ifood veio como uma luva nas mãos dos famintos noturnos. A dificuldade de sono, obesidade visceral, depressão e diabetes agradecem.
Portanto, saiba que não há mal algum você saber que roupa usará na formatura da amiga no mês que vem. Porém antecipe também a quantidade, qualidade e horário da próxima refeição. Seu organismo sabe o que vai acontecer e se ajusta para as exposições externas. E não esqueça, isso existe há milhares de anos e é maior que você!!
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