COLUNA
Euges Lima
Euges Lima é historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM.
Euges Lima

O fim d’O Conciliador

Embora sendo um jornal oficial do governo maranhense, pro-Portugal, foi importante, porque trouxe a primeira tipografia para o Maranhão, inserido a então província na Era da Imprensa.

Euges Lima

Atualizada em 29/08/2023 às 15h31

Há duzentos anos, no dia 16 de julho, doze dias antes da formalização da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, chegavam ao fim as edições do primeiro jornal do Maranhão, “O Conciliador do Maranhão”, surgido no seu formato impresso quase dois anos antes, no dia 10 de novembro de 1821.

Esse jornal era oficial e noticioso do governo do Maranhão e surgiu praticamente no contexto do processo de emancipação política do Brasil no Maranhão, onde as tensões entre portugueses e brasileiros estavam bastante acentuadas. 

Seu objetivo era divulgar as ações do governo e ao mesmo tempo defender sua posição política e ideológica em prol de Portugal e das Cortes portuguesas. Trazia o resumo de notícias do exterior, transcrições, anúncios oficiais, balancetes de repartições e sempre que podia, falava mal dos adversários políticos, além de textos elogiosos à administração do governo.

É importante esclarecer que os primeiros 34 números de O Conciliador do Maranhão foram manuscritos e que somente a partir do dia 10 de novembro de 1821, depois da chegada da primeira tipografia em São Luís, em 31 de outubro desse ano, importada a pedido do governador Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, o Dente de Alho, é que começaram a serem impressos os primeiros números. 

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A partir do Número 77 de 6 de abril de 1822, teve seu título reduzido para "O Conciliador”. O jornal saia duas vezes por semana. O primeiro Diretor e Redator foi Antônio Marques da Costa Soares, oficial-maior da secretaria do governo, considerado o primeiro jornalista do Maranhão. O Conciliador teve um total de 210 edições e chegou ao fim em 16 de julho de 1823, mas inaugurou a saga da imprensa maranhense.

Embora sendo um jornal oficial do governo maranhense, pro-Portugal, foi importante, porque trouxe a primeira tipografia para o Maranhão, inserido a então província na Era da Imprensa. A partir daí, foram surgindo outros jornais, tanto governistas como de oposição, a exemplo de “O Argos da Lei”, “O Censor Maranhense", entre outros.

Outras tipografias, com excelência na arte de impressão, não somente em relação aos jornais, mas também em relação à impressão de livros, foram surgindo, durante o século XIX, tornando o Maranhão uma referência não só para o nordeste, mas para o Brasil. Famosas eram a tipografia e as impressões de Belarmino de Matos, considerado um dos maiores expoentes dessa arte nesse período.  

Várias gerações de grandes jornalistas surgiram a partir daí. Só para citar alguns nomes emblemáticos da história do jornalismo maranhense do século XIX; temos João Lisboa, Sotero dos Reis, Odorico Mendes, Gonçalves Dias, Temístocles Aranha, Aluísio Azevedo etc. Enfim, uma infinidade de outros não menos importantes nomes. Na verdade, nessa época, quase todo homem de letras, também militava no jornalismo. Tudo isso gerou um grande legado, uma grande tradição para as letras e o jornalismo maranhense. 

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