Os libertos do 13 de maio e O Globo
Neste 13 de maio de 2023 trazemos à baila um movimento de quando em meio a muitas incertezas das autoridades maranhenses a Proclamação da República só foi proclamada com três dias de atraso em relação aos episódios do 15 de novembro no Rio de Janeiro.
Neste 13 de maio de 2023, 135 anos da abolição da escravidão, trazemos à baila, um movimento que ocorreu em São Luís no alvorecer da República, quando em meio a muitas incertezas das autoridades maranhenses em relação à Proclamação da República na Capital do Império, receosos de tratar-se de um “fake news”, a República no Maranhão só foi proclamada com três dias de atraso em relação aos episódios do 15 de novembro no Rio de Janeiro. Isto é, aqui o reconhecimento da proclamação da República só ocorreu em 18 de novembro de 1889.
A Proclamação da República foi um golpe na monarquia, sem participação e apoio popular. No dizer de Aristide Lobo: “o povo assistiu bestificado.” Na longínqua província do Maranhão, houve resistência, e um movimento encampado pelos libertos do 13 de maio em São Luís se insurgiu contra a adesão do Maranhão à República, pois acreditavam que esse novo regime, traria o retorno à escravidão.
Nesse contexto, trazemos a então localização do Jornal O Globo, periódico republicano, dirigido por Paula Duarte e Casimiro Júnior, considerado o epicentro das manifestações dos libertos e ex-escravizados – cerca de dois mil a três mil manifestantes -, que no dia 17 de novembro de 1889, percorreram as Ruas do Centro de São Luís em protesto contra a proclamação da República e favoráveis à monarquia e a princesa Isabel, dando vivas à redentora, vivas à monarquia que resultou em um massacre no início da noite daquele dia, por volta das dezenove horas e trinta minutos e que ficou conhecido como “O fuzilamento do dia 17 de novembro”, onde um destacamento do 5.º batalhão de infantaria do exército que estava postado em frente ao prédio de O Globo, atirou contra a multidão, mantando quatro manifestantes, sendo três na hora, e o quarto, faleceu na Santa Casa de Misericórdia. Mais outros dez ficaram feridos.
Dunshee de Abranches em seu livro: “A Esfinge de Grajaú (1959)”, descreve o local desses acontecimentos, que seria na “base de uma ladeira muito íngreme, onde se levantava o edifício da direção de O Globo, jornal a que atribuíam ideias republicanas, é que eles faziam mais longas estadas, vaiando os redatores”, no caso, Paulo Duarte e Casimiro Júnior, que estavam presos no interior do prédio sem poder sair.
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O foco dos manifestantes se direcionava principalmente contra Paula Duarte, tido como um dos principais líderes do movimento republicano em São Luís, pois ele iria realizar uma conferência às onze horas da manhã na Câmara Municipal para divulgar as últimas informações sobre a proclamação da República no Rio de Janeiro. Portanto, a primeira dessas manifestações ainda pela manhã que se concentraram em frente ao prédio de O Globo, tinha como objetivo impedir a saída de Paula Duarte do interior do prédio.
Essa “ladeira muito íngreme” que se refere Dunshee de Abranches era a então “Ladeira do Vira-Mundo” ou “Beco do Vira- Mundo”, hoje escadaria, antiga Rua dos Barbeiros, hoje, Rua Humberto de Campos. E o prédio em questão é o sobrado onde hoje funciona o Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia, localizado na Rua do Giz, esquina com a Humberto de Campos, conforme assevera Ruben Almeida (1955): “ o sobrado do n.º 59, antigo 5, redação d’O Globo, 1889.”
Em “Dois Estudos Maranhenses”, 1978, Antônio Lopes, coaduna com essa localização citada por Ruben Almeida, referindo-se a inscrição lapidar - Fez edificar esta propriedade o Capitão Antônio José de Souza no ano de 1800 - existente nesse prédio, objeto de um desses dois estudos. Pela “ordem cronológica, está no sobrado n.º 59 da Rua Vinte Oito de Julho, a antiga Rua do Giz, canto com a ladeira do Vira-Mundo, hoje Travessa do Comércio [...] É de notar que no sobrado funcionaram a tipografia e a redação do diário O Globo, órgão de propaganda republicana, redigido pelos Drs. Francisco de Paula Belfort Duarte, Casimiro Dias Vieira Júnior e outros”.
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