COLUNA
Simplício Araújo
Analista de sistemas e negócios.
SIMPLÍCIO ARAÚJO

A polarização é um problema social e pode levar o Brasil ao caos

Fica muito claro que a polarização é “causa e consequência da desconfiança”, criando uma série de entraves à melhoria social e econômica.

Simplício Araújo

Atualizada em 02/05/2023 às 15h51
Simplício Araújo é analista de sistemas e negócios. (Ipolítica)

Medir nas sociedades o percentual e o impacto da polarização que está em vários países no mundo nos últimos anos, não é nada fácil. 

Dentro das sociedades a polarização atinge tudo, desde a segregação racial, educação , ocupação, a divisão de classes, religião, ideologia política…

Pesquisa 2023 da  Edelman Trust Barometer realizada de 1º de novembro a 28 de novembro de 2022, com mais de 32.000 entrevistados em 28 países, buscou estudar o nível da polarização e mostra dezenas de informações sobre o assunto buscando apontar o quão dividido estão e o quão arraigada é a divisão nestes países.

O relatório final ajuda a trazer à tona as questões sociais que um determinado país enfrenta e a falta de consenso sobre cada uma delas.

Nele, alem dos dados, gráficos classificam países como “severamente polarizados”, “em risco de polarização”, “a caminho da polarização” e países com “baixa polarização”

No relatório da pesquisa Edelman, se identifica como centro quatro métricas e medidas, que levam às polarizações:

  1. Ansiedades econômicas: Minha família estará melhor em cinco anos?
  2. Desequilíbrio Institucional: muitos governos vistos como antiéticos e incompetentes.
  3. Divisão e desigualdade: As pessoas com rendimentos mais elevados têm uma maior confiança nas instituições.
  4. Batalha pelos polos: Câmaras de eco e baixa confiança na mídia.


Seguindo as métricas de Edelman, os países com incerteza econômica e desigualdade, bem como desconfiança institucional, têm maior probabilidade de serem polarizados.

O caso mais grave é o da Argentina, que apesar ser uma das maiores economias da América Latina, é o país mais polarizado na pesquisa, muito em virtude dos calotes a empréstimos estrangeiros, alto deficit fiscal e agora uma super inflação, fatos que criaram uma tempestade perfeita para a divisão da população. 

Em 2022, 43% dos entrevistados argentinos disseram acreditar que o país possa melhorar em cinco anos. Em 2021, eram 70% da população, 17% de queda. 

Junto com a turbulência fiscal, os argentinos também estão lidando com a corrupção generalizada no setor público e rupturas ou reversões abruptas de políticas públicas, só 20% dos entrevistados na Argentina disseram confiar no governo, o menor percentual entre todos os países pesquisados.

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Entre os seis países considerados severamente polarizados estão Argentina, Colômbia, Estados Unidos, África do Sul, Espanha e a Suécia. 

Nos Estados Unidos, a intensificação da disputa política entre democratas e republicanos nos últimos anos dividiu a população pelo fortalecimento de ideologias e as narrativas de polarização inundaram o dia a dia, alimentadas por abundância de fatos, verdadeiros e falsos(fakes). Apenas 42% dos entrevistados no país confiam no governo. 

Na África do Sul, a desigualdade persiste e a descrença no Congresso Nacional Africano corroboram as métricas de Edelman. É o segundo país, depois da Argentina, com menos confiança no governo (22%) de acordo com a pesquisa.

O Brasil, onde apenas 40% dizem confiar nos poderes públicos, está muito perto de entrar para o grupo dos severamente polarizados, estamos entre 15 países, junto com pesos pesados da economia como Japão, Reino Unido, França e Alemanha. Na outra ponta é possível ver que economias menores como Tailândia, Quênia e Nigéria estão se saindo comparativamente melhor.

Entre os com menor polarização, se observa que três destes países não são democracias, e outros são países em desenvolvimento, ou seja, com melhorias nos índices sociais e econômicos.

Fica muito claro que a polarização é “causa e consequência da desconfiança”, criando uma série de entraves à melhoria social e econômica. Além das quatro métricas mencionadas acima, as preocupações com a erosão da civilidade, desgaste de instituições e o enfraquecimento do tecido social também levam à divisão da sociedade.

Portanto, cabe a todos os brasileiros, mas principalmente aos que ocupam cargos públicos, lutar pela unidade e pacificação da sociedade, buscando reduzir desigualdades, dando perspectivas de melhorias de vida para a população, investindo urgente na melhoria da imagem nas três esferas de poder. 

A hora é de trabalho para todos, sem respostas concretas a população será empurrada para o caos social. 

As eleições acontecem a cada 4 anos, em apenas 45 dias, sempre digo que só dois tipos de pessoas comemoram resultado de eleição, quando deveriam comemorar resultados de governo: os tolos e os que vivem literalmente do governo. 

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