COLUNA
Allan Kardec
É professor universitário, engenheiro elétrico com doutorado em Information Engineering pela Universidade de Nagoya e pós-doutorado pelo RIKEN (The Institute of Physics and Chemistry).
Coluna do Kardec

Lisboa: eu ando a todo gás!

Fazemos breve relato de nossa agenda em Lisboa.

Allan Kardec

Atualizada em 02/05/2023 às 23h38
 

“São Luís é uma Lisboa com azulejos coloridos”.

José Príncipe é um amigo querido de longas datas. Ele que me disse essa frase quando caminhávamos pelas pedras de cantaria da Rua do Trapiche – hoje conhecida como Rua Portugal. Aí foi minha vez de falar que “São Luís nasceu aqui!” e apontar que logo ali naquela esquina o pai do Zeca Baleiro tinha um comércio.

Depois continuamos falando, eu mostrando as “eiras e beiras” nos telhados acima e discorrendo sobre o porquê da expressão, enquanto ele tentava encontrar uma razão para aqueles belos tons amarelos dos azulejos. Acabei esquecendo de perguntar aos especialistas... seria influência africana? 

“Allan, o Maranhão precisa de mais emprego e renda!” – me falou o Governador Brandão. “Vê as oportunidades no mundo para nós!”. E cá escrevo de Lisboa, com uma equipe da Gasmar observando in loco a exuberante frota de ônibus da cidade movida a gás. E, na Ilha da Madeira, nossa empresa foi observar uma planta de gás. Infelizmente, sobre este último não posso dar mais detalhes, por questão de confidencialidade.

Bom contextualizar um pouco para não perdermos o ambiente que vivemos e relembrar a crise energética que a Europa vive hoje por conta do conflito russo-ucraniano. Por um lado, este continente tenta pautar a agenda verde internacional, enquanto luta para sobreviver ao inverno que se aproxima, já que não é autossuficiente em energia. Em tempo: agora mesmo, assistindo à TV, a notícia era a Polônia com problemas com carvão – isso mesmo, carvão.

Quanto tempo demorará essa crise? Não se sabe. O que Portugal sabe é que o caminho passa pelo gás – que já foi reconhecido pela União Européia como energia limpa. Há mais de 300 ônibus circulando em Lisboa. Ao lado disso, projetos pilotos pipocam porque, ainda que em longo prazo, o mundo caminha para uma matriz energética mais limpa.

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O gás natural (GNL) é a transição da transição! Para você ter uma ideia, a simples troca de óleo combustível para GNL em fábricas fez os engenheiros celebrarem. Ele não só polui bem menos assim como as máquinas duram mais e sujam bem menos, necessitando menos manutenção. 

Um dos projetos que visitamos foi o de adicionar hidrogênio ao gás natural, que é gerado a partir da eletrólise da água. Depois disso, a mistura viaja por 2 Km e então são enviadas para os vários consumidores residenciais. Vários testes são feitos para entender a qualidade da mistura, que hoje está em torno de 5%, mas deve chegar aos 20% - algo similar ao que fazemos no Brasil quando misturamos etanol à gasolina ou biodiesel ao diesel.

“Oh, pá! Minha casa custava 100 mil euros e agora já está a custar 300 mil euros!” – me falou o taxista no caminho de volta para o hotel. O prefeito resolveu fazer um acordo com um grande evento e fechou, até 2025, que acontecesse o Web Summit anualmente aqui: 100 mil pessoas a mais na cidade! Enfim, a população, que é de 500 mil pessoas aumenta 20%! Nem consigo resumir as vantagens para a economia local de uma ação dessa envergadura! Emprego, renda, novos negócios, turismo...

Retornamos ao Maranhão com muitas novas ideias e, principalmente, com vários contatos com o continente europeu que certamente renderão novos negócios e novas oportunidades. Como está escrito no alto dos ônibus de Lisboa “Eu ando a todo gás”!

*Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.

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