SÃO LUÍS - Uma semana marcada pelo fim da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), uma área com mais de 4 milhões de hectares entre os Estados do Amapá e do Pará. O fim da Renca permite a exploração de minério na região, além de incentivar o crescimento do setor mineral.
Diante disso se faz mais do que preciso discutir o sistema mineral brasileiro, é vital. E para debater casos como esses – e, de forma mais ampla, o modelo adotado pela exploração mineral no Brasil – que a exposição “Do Rio que Era Doce ao Outro Lado dos Trilhos: Os Danos Irreversíveis da Mineração”, chega a São Luís a partir do dia 29/08 a 04/09 no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho para estimular o debate com a sociedade sobre os impactos da mineração.
A mostra nasceu meses após o rompimento da barragem de Fundão, que, em novembro de 2015, deixou a região de Mariana (MG) coberta por rejeitos tóxicos. O rastro de lama chegou até o oceano Atlântico e, com ele, cresceu também a necessidade de se discutir as ameaças socioambientais representadas pela mineração. A contaminação da água e do solo, o inchaço e a sobrecarga das capacidades dos municípios que abrigam barragens e os problemas de saúde de sua população são só alguns deles.
São Paulo foi a primeira cidade a abrigar a exposição, organizada pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração. Agora, com a participação da rede Justiça nos Trilhos, o debate ganha força e amplitude, associando o desastre em Mariana aos efeitos da mineração na Amazônia: mais de 2 mil quilômetros separam as duas regiões, mas os impactos são os mesmos. De Parauapebas (PA), onde o minério é extraído, até São Luís do Maranhão, de onde é escoado para o mercado internacional, a população dos 27 municípios cortados pela estrada de ferro Carajás padece com resíduos tóxicos da poeira de minério e com a própria passagem do trem, que leva à deterioração do ambiente onde vivem e é causa de ferimento e morte por atropelamento.
Juntando o rio e os trilhos, os estragos em Minas Gerais, a exposição passou por Belém (PA) e Açailândia (MA), ganhando força e agregando conhecimento. Discutir o modelo mineral se faz preciso diante das novas decisões tomadas pelo atual governo. A exposição Do Rio que Era Doce ao Outro Lado dos Trilhos: Os Danos Irreversíveis da Mineração conta com fotos da região de Mariana, da estrada de ferro e de Piquiá de Baixo (uma das cidades mais impactadas pela mineração na região, espécie de “Mariana da Amazônia”), além de instalações sensoriais, exibição de filmes, aulas públicas, rodas de conversa e palestras sobre o modelo mineral, sobre Mariana e Carajás.
Merecem destaque o mural O Rio que Era Doce, de 14 x 3 metros, da artista Leila Monségur, e as maquetes que, com movimentos, reproduzem o complexo de Mariana antes do rompimento da barragem e logo após o desastre, com lama se espalhando – bastante didáticas, as maquetes ajudam o público a entender como funciona a mineração e a gravidade de seus impactos, especialmente em termos de contaminação da água.
A exposição foi concebida pelo Comitê Nacional em Defesa de Territórios frente à Mineração e em parceria com a Justiça nos trilhos chega à capital maranhense e durante os dias 29/08 a 04/09 no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, Rua da Feira Praia Grande, 162 – centro.
Sobre o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração:
Articulação de organizações, movimentos sociais, igrejas e pesquisadores, em atividade desde 2013. É uma das principais iniciativas nacionais que se organiza politicamente em defesa dos atingidos pela mineração e de seus territórios. Investe, também, em comunicação e formação sobre o tema.
Serviço
Data: 29/8 a 4/9
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Horário: 10h - 20h
Local: Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, Rua da Feira Praia Grande, 162 - Centro.
Programação
29 de agosto
Horário: 14h – Abertura da Exposição – será realizada uma breve explanação sobre a
proposta da Exposição “Do rio que era doce ao outro lado dos trilhos: os danos
irreversíveis da mineração”. Convidados: Lanna Luiza Silva – Jornalista e Produtora
da Exposição e Lidiane Ferraz – Jornalista na Rede Justiça nos Trilhos
30 de agosto
Horário: 18h -Exibição de documentário “Trilhos da Vida”, debate após o filme.
Mediação: Mikael Carvalho – Jornalista na Rede Justiça nos Trilhos;
31 de agosto
Horário:16h - Roda de Conversa: De Mariana ao Corredor Carajás: quem são os
atingidos pela mineração?
Convidados: Moradores do Taim, Santa Rosa e Cajueiro;
Seu Davi - Cajueiro
Francivânia - Taim
Anacleta - Santa Rosa
Irmã Anne - Teia de povos
Mediador: Horácio Antunes – Professor do Departamento de Sociologia e
Antropologia e dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Políticas
Públicas. Coordenador do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio
Ambiente - GEDMMA. Bolsista de Produtividade do CNPq.
1º de setembro
Horário: 16h - Aula Pública – O que o desastre de Mariana pode ensinar às comunidades impactadas pela mineração no Maranhão e Pará?
Convidado: Dom José Belizário da Silva - Arcebispo metropolitano de São Luís do
Maranhão, Vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e
Presidente do Regional Nordeste V.
2 de setembro
Horário: 16h - Roda de conversa com moradores de Igarapé do Meio, Santa Rita, Arari
e Santa Inês e Apresentação da Revista Não Vale
Apresentação: Lidiane Ferraz – Jornalista na Rede Justiça nos Trilhos
Convidados:
Antônio Vila Diamante (Igarapé do Meio)
Mateus - Santa Rita
Bruno Fernandes - Arari
Cacique Guajajara – Terra Indígena Pindaré e apresentação
3 de setembro
Horário: 18h- Exibição dos documentários “Minerando Conflitos” e “Igrejas e
Mineração sobre Mineração” e debate após o filme.
Mediação: Lanna Luiza Silva – Jornalista / Produtora na Exposição
4 de setembro
Horário: 16h - Aula Pública – Qual o modelo mineral que queremos para o país?
Convidado: Guilherme Zagallo, advogado, ex-relator nacional da plataforma
DHESCA para o direito humano ao meio ambiente. Integrou o Conselho Federal da
OAB e o Conselho da Cidade de São Luís.
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