SÃO LUÍS - Do Governo do Estado para a Prefeitura de Caxias, da Prefeitura de Caxias para a P. R. Cardoso e da P. R. Cardoso para a agência de publicidade e eventos chamada Ópera Prima, instalada no Rio de Janeiro. Segundo manuscritos encontrados com operadores do esquema, era esse o caminho percorrido pelo dinheiro de convênios firmados entre a administração do prefeito Humberto Coutinho (PDT) e a Secretaria de Estado da Saúde (SES) em 2006 para beneficiar empresa de Aderson Lago Neto, filho do atual secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Aderson Lago. As anotações indicam, inclusive, pagamento “em cash” com recursos públicos desviados.
De acordo com os manuscritos encontrados com os documentos bancários guardados pelos operadores do esquema, o dinheiro saía da SES diretamente para a conta da Prefeitura de Caxias em forma de convênio para a compra de medicamentos e era repassado à P. R. Cardoso, uma empresa de fachada que venderia notas fiscais frias para justificar os gastos dos recursos estaduais. Entre as anotações está um diagrama que aponta um desvio de R$ 3.400.000,00.
Na Conta
Em um dos manuscritos está escrito “+ 900.000,00 na conta da Ópera, do filho de Aderson”. Esses “mais 900 mil” seriam os R$ 963.931,50 anotados pelo próprio Aderson Lago (pai) em etiqueta da conta corrente e agência que recebia o dinheiro no Rio de Janeiro. O mesmo diagrama esclarece que o montante para completar os R$ 3.400.000,00 foi pago “em cash”, ou seja, em espécie. Toda a operação, dizem as anotações, deu-se entre agosto e dezembro de 2006.
A princípio, todos os repasses da P. R. Cardoso para a Ópera Prima deveriam ser via conta corrente 3654-4 da agência 2779-0, do Bradesco, mas, bem próximo de atingir a cifra de R$ 1 milhão, os operadores teriam alertado que essa movimentação chamaria a atenção do Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf). Foi a partir de então que o esquema passou a sacar elevadas quantias na agência do Bradesco em frente ao Palácio dos Leões, onde tinha conta a empresa que vendeu as notas fiscais frias.
Dinâmica
Outro manuscrito encontrado, com a mesma caligrafia, revela uma espécie de dinâmica do desvio dos recursos. Refere-se, aparentemente, aos R$ 550.000,00 do convênio da Saúde operado via P. Cardoso: no dia 1º de setembro de 2006, a Prefeitura de Caxias depositou R$ 372.176,00 na conta da P. R. Cardoso e três dias depois (em 4 de setembro) a P. R. Cardoso fez a transferência para a Ópera Prima. A segunda parte da remessa, para se completar os mais de meio milhão de reais, segundo a anotação, deu-se dia 26 de setembro, quatro dias antes da eleição em primeiro turno.
Sem chances de renovar seu mandato de deputado estadual, Aderson Lago foi um dos três integrantes da cooperativa de candidatos lançados pelo ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), na campanha eleitoral de 2006, para derrotar a senadora Roseana Sarney (PMDB) e eleger o atual governador Jackson Lago (PDT).
O Estado
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.