Caxias

Prefeitura pagou à Ópera Prima R$ 550 mil

Esquema de desvio de recursos beneficiou empresa de filho do secretário Aderson Lago.

Atualizada em 27/03/2022 às 13h22

SÃO LUÍS - Quase um ano depois de denunciada por O Estado, a chamada Operação Ópera Prima começa a despertar a atenção da imprensa nacional. Na investigação do caso que estaria na mira da Polícia Federal, surgem papéis bancários e anotações contábeis que revelam: a agência Ópera Prima – de propriedade de Aderson Lago Neto, filho do atual chefe da Casa Civil Aderson Lago – recebeu em três parcelas R$ 550 mil de um convênio firmado entre a Prefeitura de Caxias e o Governo do Estado, no ano eleitoral de 2006.

O caso envolve o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), apontado como responsável por um esquema de compra de votos para o seu sucessor; o atual governador Jackson Lago (PDT), que seria principal beneficiário da distribuição de quase R$ 1 bilhão em convênios; e o atual chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Aderson Lago, pai do dono da conta que recebeu o dinheiro desviado.

O esquema teria sido executado durante os três meses que antecederam a eleição em primeiro turno para o Governo do Estado, quando o então deputado estadual Aderson Lago era o terceiro da chamada “cooperativa de candidatos”. Sem chances de renovar seu mandato para a Assembléia Legislativa, ele aceitou a missão designada por José Reinaldo de ser o “desconstrutor” da imagem de Roseana Sarney (PMDB). O dinheiro público repassado à Ópera Prima seria uma recompensa pelos serviços prestados ao então governador.

Em abril do ano passado, surgiram os primeiros documentos que estavam sob a guarda de ex-auxiliares de Aderson Lago. Eram papéis bancários e anotações contábeis rudimentares que indicavam a triagulação de recursos entre a Secretaria de Estado da Saúde, a empresa de fachada Distribuidora São Pedro – P. R. Cardoso e a agência de propaganda e eventos Ópera Prima, do Rio de Janeiro, pertencente a Aderson Lago Neto, filho do homem pago para agredir.

Fraude

As notas fiscais emitidas pela P. R. Cardoso contra a Prefeitura de Caxias são todas preenchidas a mão e não são raros os erros de soma das parcelas. Além disso, elas são “carimbadas” pelo posto da Estiva da Receita Estadual. Como as mercadorias nunca existiram, fica claro que os carimbos são falsos. Em Caxias, quem assinava como recebedor da “mercadoria” era Iram Brito da Silva, provavelmente gente da confiança do prefeito Humberto Coutinho (PDT). O dinheiro do Estado era transferido da conta da Prefeitura para a P. R. Cardoso, que repassava os valores (descontados os impostos e a taxa de corretagem da nota) para a conta corrente 3654-4, agência 2779-0, do Bradesco, em nome da Ópera Prima.

Pelas observações encontradas com os documentos, Aderson Lago teria recebido só da Saúde R$ 3.400.000,00, dos quais R$ 963.931,50 (anotação de próprio punho do ex-deputado) na conta da Ópera Prima. Além da de Caxias, outras prefeituras figuram no esquema, como a de Mata Roma, do ex-prefeito Lauro Pereira Albuquerque, o Graxal.

Do total de recursos do convênio, R$ 50 mil foram sacados dos cofres da Prefeitura de Caxias a título de contrapartida, com a simulação de uma compra de medicamerntos da P. R. Cardoso, empresa instalada no Maiobão (Paço do Lumiar) que seria fornecedora de notas fiscais frias. Na sede da “empresa” mora Antonia Lourdes Cardoso, irmã do proprietário Pedro Cardoso, que sobrevive da venda de petas. O companheiro dela, Raimundo Sousa, diz que os Correios vivem entregando por lá documentos fiscais da “empresa” e que o cunhado, vez por outra, passa por lá para recolhê-los.

O Estado

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