Empresa é flagrada transportando trabalhadores rurais irregularmente

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 13h57

CAXIAS - A Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e a Procuradoria do Trabalho flagraram ontem a empresa Presal transportando trabalhadores rurais maranhenses para o corte de cana-de-açúcar, com suspeitas de exploração da mão-de-obra escrava.

Durante a operação, foram recolhidos até a sede da PRF, em Caxias, 93 trabalhadores rurais, que viajavam em dois ônibus fretados. A ação ocorreu ontem na BR-316, trecho que liga Coelho Neto a Caxias. O destino da viagem seria o estado de Goiás, longe de casa na região Centro-Oeste do país.

A Presal tem escritórios no Maranhão e Goiás. Durante a operação, foi constatado irregularidades no contrato dos trabalhadores. A empresa não apresentou a certidão liberatória, emitida pela Delegacia Regional do Trabalho, item essencial para que possa transportar os trabalhadores entre os dois estados.

SEM DOCUMENTAÇÃO

“Quando uma empresa contrata alguém que trabalhará em outro domicílio tem que esclarecer para onde ele vai, onde ficará, como se manterá neste local e, principalmente, quando e como retornará. O contratado tem que ter a carteira de trabalho assinada, com todas as garantias trabalhistas. Somente após esta avaliação é que a certidão liberatória é expedida pela Delegacia Regional do Trabalho. Se isto não acontece, há uma suposta caracterização de exploração do trabalho escravo”, explicou Marcos Sérgio Castelo Branco, procurador do Trabalho que acompanhou a operação.

A denúncia do suposto tráfico de mão-de-obra escrava partiu do Ministério Público do Trabalho do Piauí. O trabalho no corte da cana-de-açúcar seria feito no município de Vila Boa, em Goiás. O contrato seria de três meses.

Rubens Francisco Lopes, proprietário da empresa, admite que foi imprudente, mas contesta a versão de alguns trabalhadores rurais de que não foi acertado o valor do salário anteriormente. “Nós acertamos tudo antes da viagem, quanto eles ganhariam e como seria a jornada de trabalho. É claro que a gente errou porque deveria ter a certidão, mas vamos procurar resolver isso”, assegurou.

A maioria dos trabalhadores arregimentados pela empresa era do interior do Maranhão. Eles agora terão que, segundo a Delegacia Regional do Trabalho, voltar para casa e a empresa terá que se adequar às normas trabalhistas.

SEM ESPERANÇA

O lavrador Raimundo Nonato da Silva, que reside em Aldeias Altas, era um dos que viajava no ônibus interceptado. Ele está desempregado há vários meses e apostava na contratação, como forma de garantir o sustento da família.

“Esperava poder ganhar esse dinheiro. Ficar desempregado é muito ruim e eu já não conseguia um trabalho há bastante tempo. Agora a esperança acabou”, desabafou o lavrador.

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