Desemprego e baixa qualificação fazem crescer comércio informal

Jornal O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h22

SÃO LUÍS - Falta de perspectiva, baixa qualificação profissional e o fechamento de diversas microempresas em Caxias são apenas alguns fatores que têm contribuído para o crescimento do comércio informal. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de um quarto da população brasileira, que pode trabalhar, têm mais de 40 anos. Em Caxias não é diferente.

No mercado informal não estão inclusos o recolhimento de impostos destinados ao INSS, ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ao Seguro Desemprego, ao PIS, dentre outros benefícios garantidos pelas leis trabalhistas, e muito menos a certeza do lucro e renda certa na nova atividade.

Mas todos esses fatores não desanimaram o mecânico Edson Freitas de Sousa, 47 anos, que após 13 anos de trabalho formal, e há dois anos desempregado, está começando uma nova carreira, a de vendedor de lanches na praça Cândido Mendes, no centro da cidade.

O local, que antes servia como espaço turístico, agora funciona como um grande mercado aberto. As atividades são as mais variadas e é nesse lugar que o mecânico desempregado disputa a freguesia. A renda mensal oscila a cada mês e ele declara que não há possibilidades de se fazer qualquer previsão no orçamento doméstico com o que ganha na venda dos lanches.

“Em casa a minha esposa lava roupa pra fora e o que a gente ganha é para alimentar as crianças. Quando trabalhava, ganhava um salário mínimo. Era pouco, mas era certo todo mês. Como camelô o dinheiro é incerto, mas pelo menos não estou roubando. Tem mês que não dá pra tirar nem metade do salário, mas a gente não pode desistir. É melhor do que ficar em casa, dependendo da mulher”, declara Edson de Sousa.

De acordo com a Agência Municipal de Emprego, o perfil dos trabalhadores desempregados, cadastrados no órgão, é de homem de 40 anos com pouca escolaridade. No município, os maiores empregadores ainda são o serviço público e o comércio. No primeiro, a possibilidade de se trabalhar é por meio de concurso ou contratações temporárias, já no comércio a preferência ainda é para profissionais com idade entre 18 e 30 anos.

EXCLUSÃO

Quem tem mais de 40 anos, mesmo involuntariamente, acaba sendo excluído do mercado de trabalho formal, como argumenta o comerciante Fernando Oliveira, que atua no ramo de confecções há sete anos. Desde que começou o seu empreendimento, ele afirma que o único profissional que teve na sua empresa, com mais de 30 anos, foi um cobrador, que trabalhou na loja durante dois anos.

“Nunca tinha parado para prestar atenção que na loja a gente só tem gente jovem. Eu não faço isso de propósito, mas é que aqui vem mais gente com 18 ou 20 anos procurar emprego do que uma pessoa com mais de 30. É claro que eu não tenho preconceito com relação a quem tem mais de 40 anos trabalhar na loja, mas é um hábito da gente sempre escolher quem é mais jovem”, enfatiza Oliveira.

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