CAXIAS - Pela primeira vez, desde que foi instalado em Caxias, em 2002, o Projeto Sentinela está expandido suas ações para a zona rural, por meio de trabalho itinerante, realizado todos os fins de semana em diferentes povoados dos três distritos do município.
O objetivo da iniciativa é levar informações sobre o combate à violência sexual contra crianças e adolescentes para os moradores dessas comunidades.
O Sentinela Itinerante já levou a iniciativa para os povoados Brejinho, Nazaré do Bruno, Engenho d´Água, Rodagem e Estiva. No próximo fim de semana será a vez dos povoados Buriti Corrente e Caxirimbu. Os moradores da zona rural têm reagido de forma positiva à idéia.
Conforme informações da educadora Carla Márcia Carvalho e da psicóloga Luana Lima Fonseca, que fazem parte da equipe de palestrantes do projeto itinerante, a população da zona rural também fica chocada com a possibilidade de estar próxima dessa realidade, que acontece com crianças e adolescentes no mundo inteiro.
“A princípio, as mulheres ficam muito assustadas com os relatos sobre abuso e prostituição. A receptividade nesses locais é até maior do que na zona urbana. Sempre que terminamos a divulgação das informações sobre o papel do Sentinela e, principalmente, sobre como identificar os possíveis sinais de abuso e exploração sexual, as mulheres vêm nos relatar a suspeita e até mesmo casos que acontecem em suas comunidades. Quando isso acontece, informamos todos os meios para denunciar o crime”, explica a educadora.
O Sentinela não pode formalizar as denúncias, que devem ser encaminhadas para a Delegacia da Mulher, Promotoria da Infância ou para o Conselho Tutelar. O projeto recebe os menores vítimas para tratamento e acompanhamento dos casos.
A educadora revela que, na zona rural, uma das grandes preocupações das pessoas é quanto às denúncias. Aquelas que têm conhecimento de algum caso de violência sexual, agressão física e até mesmo psicológica, não denunciam por desconhecerem esse mecanismo ou por temerem represálias do agressor.
“As pessoas, às vezes, até sabem de casos de abuso e violência, mas não denunciam por medo. Uma das coisas que fazemos questão de frisar nas palestras, é que o denunciante não tem seu nome revelado. O sigilo é primordial para que possamos ajudar esses menores. Quem não pode comparecer a um dos três órgãos que trabalham em parceria com o Sentinela, pode formular a denúncia por telefone e permanecer no anonimato”, enfatiza Carla Márcia.
Triagem
Até o começo deste ano, o projeto atendia 122 crianças e adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual. Atualmente, apenas 55 continuam freqüentando a sede do Projeto Sentinela, situada na praça Vespasiano Ramos.
Conforme declarações da psicóloga Luana Lima, a equipe de profissionais da instituição realizou uma triagem para avaliar os casos passíveis de alta e também dos menores que estavam no projeto, desde 2002, e que já haviam chegado à maioridade.
“O Projeto Sentinela só pode atender menores de 18 anos, por esse motivo, fizemos uma avaliação e alguns foram desligados ou encaminhados para outro tipo de apoio. Outros já mereciam alta e estavam bem para dar continuidade às suas vidas, sem a necessidade de continuarem sendo atendidos pelos funcionários do projeto”, ressalta a psicóloga.
O atendimento no Projeto Sentinela é realizado durante toda a semana. Às segundas, sextas e quartas-feiras, a prioridade são as crianças vítimas de abuso e exploração. Nas terças e quintas-feiras, o trabalho é voltado para os adolescentes.
Acompanhamento
Nesse local, crianças e adolescentes recebem, além de acompanhamento psicológico, apoio educacional e atividades sociais. As famílias também são atendidas pelo projeto.
Luana Lima afirma que há notificações de reincidências de casos de abuso sexual, que, em sua maioria, é cometido por pais e padrastos quando a criança começa a ser atendida pelo projeto.
Nessas situações, é formulada denúncia para a Promotoria da Infância, que procura afastar judicialmente a vítima do convívio com o agressor. Todos os casos atendidos na instituição não chegam por meio de denúncias formuladas diretamente para o órgão.
As vítimas atendidas são encaminhadas pela Delegacia da Mulher, Conselho Tutelar ou Ministério Público.
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