Em busca de estabilidade

Procura por carreiras militares cresce entre os mais jovens em resposta ao desemprego no Brasil

Pessoas de 17 a 24 anos veem em carreiras de sargento da aeronáutica e do exército alternativas para alcançar estabilidade profissional e financeira, e muitas vezes, cursar o ensino superior de forma remunerada.

Divulgação/Assessoria

Atualizada em 27/03/2022 às 11h03
Estudantes citam a possibilidade de um início de carreira com estabilidade financeira e possibilidades de desenvolvimento a longo prazo. (Foto: Divulgação)

Em decorrência do atual cenário pandêmico, a realidade socioeconômica do país vem se mostrando cada vez mais crítica. A taxa geral de desemprego no Brasil é de aproximadamente 14%, e a porcentagem de jovens entre 14 e 24 anos desempregados está em torno de 30%. Essa é a maior taxa anual da série histórica, iniciada em 2012, de acordo com os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados pelo IBGE no fim do ano passado.

Esse percentual tem feito com que os mais jovens procurem alternativas para driblar os efeitos de uma crise que pode comprometer o ingresso de toda uma geração de profissionais no mercado de trabalho. Uma dessas alternativas tem sido os concursos militares, que tiveram um crescimento de inscrições nos últimos anos.

Estudantes citam a possibilidade de um início de carreira com estabilidade financeira e possibilidades de desenvolvimento a longo prazo. “Muitas pessoas me falavam que eu deveria fazer o ensino superior. Pensei bem e realmente não quis fazer nenhuma faculdade, porque ela não me traria tanta perspectiva de estabilidade financeira nesse momento como uma vaga no serviço público”, conta o estudante de Maracanaú, no Ceará, Lucas Lourenço.

Assim como ele, outros jovens têm encontrado nas carreiras militares uma oportunidade de conseguir renda e desenvolvimento profissional. Diferentemente de outros concursos públicos, instituições como ESA (Escola de Sargento das Armas), EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes do Exército) e EEAR (Escola de Especialistas de Aeronáutica) oferecem vagas de emprego para pessoas a partir dos 16 anos, com cursos de formação em Engenharia e Comunicação e planos de carreira elaborados.

“Me decepcionei em vários aspectos quando estava na faculdade. A profissão, na prática e no dia a dia, não tinha relação com o que eu estava aprendendo. O curso [de gastronomia] não teve muito valor agregado para mim. Foi aí que comecei a lembrar do meu antigo sonho de servir ao exército. Juntou o útil ao agradável”, conta estudante Emanuel Horta, que estuda para a EsPCEx, de Betim (MG).

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O professor das carreiras militares Nilton Matos explica que o crescente interesse dos jovens nessas áreas de atuação também se deve às dificuldades que a pandemia trouxe à educação como um todo. Com receio de não conseguirem se sobressair em vestibulares tradicionais - o que normalmente está na mente de um aluno que pensa em acabar a escola, fazer uma faculdade e ir para o mercado -, esses exames passaram a ser atraentes pelas características das provas e por seus benefícios. “Cerca de 4 a 6 disciplinas são cobradas nessas provas. Para os concurseiros, é algo mais objetivo, e apesar de elas serem concorridas, o nível de dificuldade não é tão alto como em um vestibular”, comenta.

Além disso, segundo o professor, as forças armadas oferecem direitos que o setor privado não tem, como aposentadoria integral (o militar leva para a reserva o salário que recebe em serviço) e auxílios que se somam à remuneração. “Não há outra área em que isso ocorra. Assistência médica, odontológica, psicológica, familiar, até auxílio funeral para membros da família é possível garantir”, diz.

Ademais, quem ingressa nessas instituições sai com curso superior de caráter tecnólogo reconhecido pelo MEC após o período de formação. É uma oportunidade de se formar em uma área sendo remunerado por isso e que é diferente, segundo Matos, do que acontece nas faculdades em que não está garantido o desenvolvimento profissional.

Primeiros passos

Para quem pretende planejar sua entrada nas forças armadas, Matos explica que alguns passos são essenciais antes mesmo de começar os estudos. Conhecer a instituição e suas características de prova são os primeiros movimentos para entrar nesse universo. “Essa área requer um grau de vocação que muitos estudantes negligenciam na hora de pensar. Pesquise sobre o cargo, a instituição e até mesmo sobre o desenvolvimento que a carreira tem dentro de cada área”, explica.

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