BRASÍLIA - Há pouco mais de um mês, a administração do Parque Nacional Chapada Diamantina (PNCD) conseguiu concluir a oitava desapropriação de uma área dentro da unidade, com mais de 4 mil hectares (ha). Outras sete áreas estão em processo final de desapropriação, previstas para este ano.
O processo de regularização da unidade está ainda na fase inicial. Segundo o analista ambiental que trabalha na unidade, Cezar Gonçalves, existem mais de 300 propriedades, entre imóveis de comunidades que já moravam na região antes de o parque ser criado em 1985 e fazendas, que ocupam a maior área ainda irregular.
“Com a conclusão da negociação das sete áreas que estão sendo regularizadas e outras nove que estão na Justiça, vamos conseguir regularizar 80% dos quase 30 mil hectares de área que precisam ser regularizados”, calculou o biólogo. O parque, considerado um dos maiores do país fora da região amazônica, ocupa quase 152 mil hectares. Desse total, mais de 60% são terras da União. Apesar da extensão, a unidade representa apenas uma pequena parte de toda a Chapada Diamantina.
Ainda assim, a unidade, que abrange seis municípios da Bahia - Ibicoara, Itaeté, Lençóis, Mucugê, Palmeiras e Andaraí -, é a guardiã de nascentes importantes para a região. O Rio Paraguaçu, responsável pelo abastecimento de 60% da população da capital baiana, corta todo o território da unidade, que também é reconhecida por pesquisadores como sede de importantes bancos genéticos.
Estimativas divulgadas no site da Chapada Diamantina apontam que, anualmente, quatro ou cinco novas espécies de plantas endêmicas e três de animais são descobertas na região. “É variável, mas essa tem sido a média, o que, para os padrões mundiais, é muita coisa”, destacou Gonçalves.
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O registro de visitações do parque ainda não está consolidado, mas a Associação dos Condutores de Visitantes do Vale do Capão (ACV-VC), uma das organizações que colaboram com a administração da unidade com monitoramento voluntário há mais de 12 anos, registrou, no ano passado, a presença de quase 16 mil pessoas na Cachoeira da Fumaça. A queda d’água, de 340 metros de altura, é considerada o principal atrativo turístico do PNCD.
Cezar Gonçalves disse ainda que técnicos e analistas do órgão responsável por essas unidades têm que lidar também com ameaças externas. Pelas características típicas da Caatinga, a ocorrência de incêndios nessa região torna-se um desafio. Com a estiagem prolongada que afetou a área até abril de 2013, foi necessário contratar 14 brigadistas de combate a incêndios florestais para atuar por três meses caracterizados, geralmente, por um clima menos seco.
Os agentes ainda não têm um mapeamento que indique as causas exatas das ocorrências, mas suspeitam de pelos menos duas atividades. Uma delas é a queimada para a renovação de pastagens e a mais grave é a queimada para a caça. “A caça é o problema mais grave. Todo ano enfrentamos esse problema, mesmo com todo o esforço feito, mas geralmente contratamos uma média de 42 brigadistas só a partir de junho ou julho”, explicou o biólogo.
No Piauí, a pouco mais de 600 quilômetros da capital Teresina, o Parque da Serra das Confusões, apontado pelos administradores como o maior da Caatinga brasileira, ainda não foi aberto a visitações.
Ainda assim, a unidade, que tem mais de 823 mil hectares ao longo de seis municípios piauienses, consegue manter projetos de educação ambiental, recreação e abrir espaço para pesquisas científicas em toda a sua área.
Criado em 1998, o Parque da Serra das Confusões é responsável pela proteção de diversas espécies ameaçadas como o tatu-canastra, o tatu-bola, as onças parda e pintada e o tamanduá-bandeira, que é o símbolo do local e alvo predileto de caçadores clandestinos da região pelo valor e sabor da carne.
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