80 anos de Aristóteles Drummond
O grande historiador que foi João Camilo de Oliveira Torres identificava no velho Partido Conservador do Império o elemento propriamente construtor do Brasil, ao menos enquanto nação independente.
O grande historiador que foi João Camilo de Oliveira Torres identificava no velho Partido Conservador do Império o elemento propriamente construtor do Brasil, ao menos enquanto nação independente. O meu querido amigo Aristóteles Drummond é um herdeiro dessa mentalidade saquarema, constitutiva do que há de mais puro da nacionalidade.
Conheci-o em agosto de 2011, quando, atendendo ao meu convite, veio a São Luís para ministrar uma conferência, realizada na Academia Maranhense de Letras. A bem da verdade, já o conhecia desde 2003, leitor que era de seus artigos, admirador que era, e sou, de sua defesa desassombrada dos valores patrióticos e cívicos.
Foi a propósito de sua participação em episódio tão distorcido pelas esquerdas — a Revolução de 31 de Março de 1964 — que versou a sua conferência de 2011, na Casa de Antônio Lobo. O advogado e acadêmico José Carlos Sousa Silva representou a veneranda instituição centenária. Assim nasceu o livro Um caldeirão chamado 1964 — depoimento de um revolucionário, com o qual tive a alegria de inaugurar a minha Livraria Resistência Cultural Editora, em março de 2013. Com apresentação do general Leônidas Pires Gonçalves, prefácio do ex-vice-presidente Marco Maciel e posfácio do jurista Paulo Henrique Cremoneze, o livro nos surpreendeu a todos, tornando-se um sucesso de vendas. Foi reeditado em 2019; hoje, encontra-se esgotado, em que pesem os diversos pedidos para que o reeditemos novamente.
Iniciou-se uma grande amizade entre Autor e editor, ancorada na fé católica, na comunhão dos ideais patrióticos e na defesa dos “valores inegociáveis” de que nos falava o Papa Bento XVI. Devo a esse querido amigo a maior das minhas honrarias, que assumi como missão, apesar da minha insignificância: a investidura como Cavaleiro da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém. A par disso, deu-me ele a ventura de publicar a antologia das melhores frases de Roberto Campos, além de outra antologia, com as melhores frases de Delfim Netto, seus amigos e correligionários de Partido Progressista.
Já em 2023, editei as suas preciosas Cartas de Lisboa — uma visão da direita esclarecida sobre a história luso-brasileira, testemunho eloquente de um homem civilizado, para quem a política é, antes de tudo, a arte da convivência pacífica e harmoniosa. O livro teve prefácio do grande historiador português Jaime Nogueira Pinto, que divide com o Autor — e, se me permitem, com o obscuro editor — a fidelidade à vocação comum, missionária e universalizante, que une os países lusófonos.
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As duas antologias de frases, em homenagem a Roberto Campos e a Delfim Netto; o testemunho sobre a Revolução de 64; as Cartas de Lisboa — não apenas a esses títulos se resume a bibliografia de Aristóteles Drummond. Devem ser mencionados, igualmente, o seu Minas, grande painel da vida mineira, do período colonial à Nova República; a coletânea de artigos A revolução conservadora, publicada pelo José Mário Pereira em 1990, com prefácio de Antônio Olinto; os seus dois belos livros de memórias Um conservador integral e Memórias — fatos e fotos de uma vida; a biografia Ernane Galvêas — um servidor do Brasil, que escreveu em parceria com o seu editor maranhense, publicada em fins de 2023, com prefácio de José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio; afora tudo isto, uma infinidade de artigos de jornal e conferências sobre os mais variados assuntos, sempre a partir do espírito de equilíbrio e composição do ideário conservador, hoje em dia tão maltratado por oportunistas impregnados de mentalidade ideológica.
Todavia, o que mais me parece legítimo deva ser salientado na personalidade de Aristóteles Drummond é a tolerância que exerce em face dos contrários e o seu distinto traço de cordialidade. Nada mais brasileiro; ou, antes, luso-brasileiro. Nada mais conservador. Não era pelo simples gosto da educação que meu pai me dizia, aqui e ali: “Meu filho, preserve a boa amizade com o Aristóteles. Ele gosta muito de você.”
Esse saquarema de corpo inteiro; mestre do jornalismo brasileiro, com sessenta anos de atividade ininterrupta; político conservador da melhor cepa, sem mandato porém, de modo a que não lhe falte jamais a independência que tanto preza; intransigente quanto aos princípios e, por isso mesmo, transigente com as pessoas e as circunstâncias; com ampla e digna carreira no setor elétrico; vinculado a lideranças da mais alta respeitabilidade e espírito público, como Negrão de Lima, Magalhães Pinto, Roberto Campos, César Cals, Francisco Dornelles — esse grande brasileiro, amigo de seus amigos, e até mesmo de seus inimigos, chega aos 80 anos de idade, em plena atividade, jornalista lido e acatado.
Eis aí um acontecimento de grande significação cultural e política. Em Aristóteles Drummond bem que podiam aprender um pouco de verdadeira educação política alguns dos “conservadores”, oportunistas ou não, que tanto barulho fazem em nossa pobre e triste República.
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