COLUNA
Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

Abaixo o burro elétrico!

“Para onde irão esses pobres coitados que sempre trabalharam de graça? ”

José Ewerton Neto

Atualizada em 01/10/2024 às 10h25
 

Na corrida eleitoral pela Prefeitura de São Luís uma das propostas mais impactantes de um dos candidatos foi a da substituição dos jumentos e das carroças por carros elétricos de transporte de pequenas cargas. Uma espécie de “burro elétrico”. 

Claro, os donos das carroças, e, principalmente, os jumentos ficaram em polvorosa. Para onde irão esses pobres coitados que sempre trabalharam de graça? Será que não merecem a compreensão e o apoio dos políticos apenas porque não possuem título de eleitor, não possuem sindicato e a única coisa que desejam na vida é um pouco de capim para continuarem sua labuta diária pela sobrevivência?

Será que se tivessem tudo isso e pudessem falar já não teriam mostrado as suas vantagens técnicas sobre o “burro elétrico” que se anuncia e que parecem tão óbvias? Vamos lá!

1.O motor é simples, mais potente e mais barato. Ao invés de vários cavalos, tem um burro só.

2.A sua descarga é antipoluente e, normalmente, se processa a intervalos regulares. Sem emissão de CO2, não contribui para o aquecimento global. O odor incomoda um pouco, mas basta passar ao largo. Muito pior é o que corre dos prédios de luxo rumo às nossas praias e ninguém reclama. 

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3.Propicia enorme economia de combustível, pois é movido a água, capim e paciência. ( Nunca maior, contudo, que a exigida para aguentar buracos, guardas de trânsito, motoqueiros etc) 

4.Nunca fica no prego. Às vezes fica com o prego, mas, nessas circunstâncias, aconselha-se ás mulheres delicadas que finjam não estar vendo. Ou que ponham óculos escuros. 

5.A velocidade é facilmente controlável. Quando um ou outro jumento empaca no trânsito (coisa rara se comparada à frequência dos motoristas humanos) não há nada que um berro e um jeitinho não resolva facilmente.

6.Não causa poluição sonora. Mesmo gostando de forró e funk (   embora prefira Bach,  ou um assobio carinhoso) tem educação refinada e de berço para jamais ofender o motorista vizinho, como os humanos fazem. Perto dos energúmenos que carregam um trio elétrico dentro de seus veículos seu zurrar soa inofensivo, sendo muito mais harmonioso e agradável. 

Enfim, abaixo os jumentos elétricos e as invenções humanas! Viva o jumento natural! 

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