Gandhi e Churchil: a luta pela soberania
Breve análise do livro "Gandhi e Churchill", o imperialismo britânico e a resistência indiana.
Soberania de seu país. Princípios de seu povo, de sua história, das veredas de seus ancestrais. Quais os caminhos? Existe um único? Não sei responder e continuo na busca. Por isso, divido com você uma leitura interessante.
"Gandhi e Churchill" é um livro de Arthur Herman que explora a complexa relação e o choque de ideologias entre duas figuras históricas proeminentes e suas lutas pelo que cada país acreditava: Mohandas Karamchand Gandhi e Winston Leonard Spencer Churchill. O livro não se concentra apenas nas biografias desses dois grandes homens, mas também em como suas trajetórias e visões de mundo impactaram a história do chamado Império Britânico e a luta pela independência da veneranda Índia.
Gandhi foi um advogado formado em Londres que se tornou líder do movimento de independência da Índia, promovendo a não-violência – Ahimsa - e a desobediência civil como meios de resistência ao domínio britânico. Churchill, por outro lado, estadista britânico e primeiro-ministro do Reino Unido, conhecido por sua liderança durante a Segunda Guerra Mundial e seu imperialismo fervoroso.
Herman traça as origens de ambos, Gandhi como um ativista anti-imperialista na África do Sul e Churchill como um jovem aristocrata pró-imperialismo. Ao longo do livro, ele mostra como os caminhos de ambos se entrelaçaram com o destino do dito Império Britânico e como cada um deles via o futuro da Índia.
O livro detalha como Churchill e Gandhi representavam pontos de vista opostos: Churchill queria preservar o império e a preeminência britânica no mundo, enquanto Gandhi lutava pela autodeterminação de seu povo e pela liberdade do jugo colonial. Apesar de suas diferenças, ambos eram figuras carismáticas e líderes apaixonados que possuíam uma determinação inabalável.
De minha parte, deixo claro minha preferência por Mohandas, ou Gandhi-ji, e falo o “Ji” porque, quando o estive na Índia me corrigiram quando me referi sem a devida reverência a esse grande ser que habitou a terra, e, claro, não é comum no Brasil esse aposto. Bom ressaltar que o conceito de amor de Gandhi era profundamente enraizado em sua filosofia de não-violência, ou "Ahimsa", e sua prática de "Satyagraha", que pode ser traduzida como a força da verdade ou a aderência firme à verdade.
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Ahimsa é um conceito central no pensamento de Gandhi e constitui o fundamento da sua filosofia de resistência pacífica. Ahimsa é um termo sânscrito que geralmente é traduzido como "não-violência", mas sua interpretação pelo líder indiano vai além da mera abstenção de violência física. Para ele, Ahimsa é uma postura positiva de amor, respeito pela vida e compaixão ativa por todos os seres vivos.
Em outras palavras, para Gandhi, o amor era uma força universal, poderosa e transformadora. Ele acreditava que o amor poderia ser um princípio orientador para a ação social e política, e via o amor e a compaixão como essenciais para a luta contra a injustiça. Segundo ele, o amor não era apenas sentimental, mas ativo e poderoso. Era um amor que se manifestava através da não-violência e da resistência pacífica às formas de opressão.
A narrativa de Herman não apenas oferece um estudo comparativo de duas personalidades influentes, mas também fornece uma análise mais ampla do impacto do colonialismo, as realidades políticas do século XX e as lutas pela liberdade e justiça. Ao examinar as tensões entre Gandhi e Churchill, o autor nos abastece com insights sobre os processos de declínio imperial e a emergência de novas nações independentes no cenário mundial pós-colonial.
"Gandhi e Churchill" é, portanto, um estudo detalhado das vidas de dois homens poderosos, das forças que moldaram a era em que viveram, e como suas lutas definiram o contorno de uma nova era geopolítica. Herman oferece uma análise meticulosa de como a personalidade e as políticas desses dois líderes tiveram efeitos duradouros sobre a Índia, a Grã-Bretanha e o mundo.
Vale a pena ler!
Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.
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