Fernando Sarney acompanha jogo de abertura da Copa no Catar
Mais: Cerimônia de abertura dos jogos foi um show de luzes
Conselheiro mundial da FIFA, Fernando Sarney com o veterano jogador Cafu na chegada ao suntuoso Estádio Al Bayt para o jogo de abertura da Copa
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No domingo, os olhos do mundo ficaram abertos para o Catar. Ali, a Copa do Mundo foi oficialmente aberta com uma cerimônia que misturou modernidade e tradição e teve Morgan Freeman como estrela. O experiente ator americano (quem não lembra dele, magistral, no papel de Mandela?) abriu o evento e, com uma imagem de sobriedade, pediu tolerância, paz, inclusão e união dos povos.
A mensagem veio como uma resposta da Fifa e do país-sede às críticas pelas acusações de direitos humanos da nação muçulmana, a primeira do Oriente Médio a sediar um Mundial na história.
A ideia principal dos organizadores foi dar foco num discurso pacífico e que abrace todos os povos em um país acusado de violação de direitos humanos, de discriminar mulheres e homossexuais e de manter em condições precárias os trabalhadores imigrantes que trabalharam nas obras do Mundial.
– Com tolerância e respeito podemos viver em harmonia juntos – discursou Morgan Freeman, com um ar de sobriedade.
Um show de luzes no Catar
A cerimônia terminou com um discurso breve em árabe do emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, após um espetáculo que uniu modernidade, com efeitos visuais e um show de luzes, com a tradição da cultura árabe, apresentando a música catariana do cantor Fahad Al-Kubaisi.
A outra estrela musical convidada a se apresentar foi o sul-coreano Jeon Jung-kook, astro da banda BTS, famoso grupo do k-pop.
Também participaram do evento o embaixador da Copa do Mundo, Ghanim Al Muftah, e a cantora Dana, que, como Fahad, é nascida no Catar.
Todas as 32 nações foram representadas com bandeiras e camisas. No fim, também tocaram outras famosas músicas de Mundiais anteriores, como Waka Waka, da cantora colombiana Shakira, considerado o maior hit da história das Copas.
Encontro para toda a humanidade
Segundo a Fifa, pela voz do seu president Gianni Infantino, o tema da cerimônia de abertura foi “um encontro para toda a humanidade, unindo diferenças através da humanidade, respeito e inclusão”, de modo que o futebol permite que as nações se unam “como uma tribo” e a terra “é a tenda em que todos vivemos”.
Situado em Al-Khor, cidade a 35 km de Doha, o Al Bayt estava cheio, mas não lotado. Foi possível notar cadeiras vazias na arena com capacidade para 60 mil pessoas e que terá assentos removidos depois da Copa.
Embora fossem maioria, assim que acabou o espetáculo, a torcida anfitriã foi ofuscada pelos equatorianos, muito barulhentos atrás de um dos gols.
É possível que as pessoas nem tenham percebio, mas quando a bola rolou no suntuoso Estádio Al Bayt para o jogo de abertura da Copa, o mundo se moveu em suas diferentes camadas. Havia o jogo de futebol diante dos seus olhos e um jogo de força políticas, culturais e econômicas por trás dela
Afinal, a Copa árabe é a Copa das batalhas de influencers no universo digital, a Copa das bandeiras da igualdade erguidas no alto, a Copa da geopolítica.
Teresa Murad Sarney no Estádio Al Bayt, onde assistiu, ao lado do marido Fernando Sarney, ao espetáculo de abertura da Copa do Mundo
Nesta Copa tudo será diferente
Tudo será diferente nesta Copa do Catar. Nunca o Ocidente mergulhou de forma tão profunda no universo árabe como acontecerá nestes próximos 30 dias. Conectaremos nossas antenas na vida sob as leis do Islã.
O Oriente enxerga a vida e os costumes sob outro prisma, e a Fifa, com seu perfil totalmente ocidental, estaciona a Copa em um porto no qual o apreço às tradições e ao conservadorismo são muito latentes.
O preço foi alto. Mas o Catar, evidentemente, bancou tudo justamente para vender ao planeta uma imagem diferente.
A grande força do dinheiro
Nunca foi tão escancarada a força do dinheiro. Os xeques convenceram a Fifa a colocar o mundo dentro de um país em que as diferentes visões de mundo estarão reunidas em um raio de apenas 50 km – em que são esperados cerca de 2 milhões de turistas.
Questões relativas aos direitos humanos e ao tratamento local a mulheres e à comunidade LGBTQI+ são os principais conflitos em discussão fora de campo. Venderam a ideia de que será possível assistir a quatro jogos em um mesmo dia, cumprindo distâncias curtas e criando o conceito da Copa de bolso.
Assim como acomodaram a Budweiser, patrocinadora master do evento, em um ambiente no qual as leis religiosas proíbem consumo de bebidas alcoólicas.
Os hábitos dos torcedores talvez sejam a ponta mais visível do quanto essa Copa será distinta. Pode-se beber, desde que em áreas determinadas. Quem já viveu a atmosfera da Copa sabe que ela é movida pela cerveja. Mais, a Copa, tem a azaração como pauta. Mas leis locais impedem demonstrações de afeto públicas. Beijar fitando o mar azul do Golfo, nem pensar. Assim como no caso da bebida alcoólica, só em zonas Fifa ou hotéis.
Os debates mais profundos
Há, claro, debates mais profundos a serem feitos do que esse das limitações da cerveja e da azaração.
O Catar, nos últimos 10 anos, ao mesmo tempo em que exibia construções futuristas, também era questionado sobre a forma como lidava com os direitos das mulheres, o respeito às relações homoafetivas e a forma análoga à escravidão com que tratava os operários oriundos de países pobres nos canteiros de obras.
A Europa, principalmente, era a mais crítica. Na mesma medida em que compra seu gás liquefeito e transportado em navios.
Aliás, o Catar evitou um inverno congelante nas casas europeias. Virou a tábua de salvação depois que a Rússia fechou os gasodutos a partir da invasão da Ucrânia.
Copa de um mundo particular
Enfim, na tarde de ontem, começou a Copa de um mundo particular. O planeta estará de olho. É bom que fique. Uma nova ordem mundial estará se desenhando por trás do jogo.
A Copa é só um pano de fundo para um pequeno país de 2,7 milhões de habitantes mostrar à comunidade internacional que tamanho não é documento. Ainda mais quando se vive em cima de uma das maiores reservas de gás e petróleo do planeta.
Boa Copa para nós. E que as peças do xadrez geopolítico se movam sem tombos.
DE RELANCE
A Copa em vantagem
Brasil e Argentina já começaram a Copa em vantagem. Ao menos, no quesito torcida. Na véspera da abertura do Mundial, brasileiros e argentinos eram maioria no setor de desembarque do aeroporto de Doha, despertando a curiosidade dos funcionários do setor de migração, que pararam o serviço para registrar vídeos e fotos, sobretudo dos cânticos brasileiros.
Apesar de pouco acostumados com a irreverência sul-americana, nenhum cidadão local demonstrou qualquer tipo de incômodo com a agitação.
– Que loucura. Foi assim durante o voo inteiro? Como vocês conseguiram dormir? - perguntou uma funcionária do aeroporto responsável pelo controle de passaporte.
Sem cerveja nos estádios
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Com menos de 48 horas para o início da Copa, o Catar decidiu proibir a venda de bebida alcoólica dentro e nos arredores dos estádios.
Apenas cervejas sem álcool estão disponíveis nas arenas. A mudança repentina pegou de surpresa a Budweiser, empresa que é, há anos, uma das principais patrocinadoras do Mundial.
O censo da Copa
Apesar de reunir o mesmo número de seleções de todas as Copas desde 1998, o Mundial do Catar vai ter 94 jogadores a mais do que em 2018.
Isso porque a Fifa autorizou os técnicos a convocarem 26 atletas, e não mais 23.
Serão 830 craques inscritos com o sonho de aparecer nos 64 jogos pela frente entre 20 de novembro e 18 de dezembro.
E poderiam ser até 832: sem muita explicação, os técnicos de França e Irã optaram por chamar 25 jogadores.
Irmãos em lados opostos
Uma curiosidade: os irmãos Iñaki Williams e Nico Williams, ambos do Athletic Bilbao, disputarão a Copa por seleções diferentes.
O primeiro atuará por Gana (o país de origem) e o segundo, pela Espanha.
O caso não é inédito. Em 2014, no Brasil, Jerome e Kevin-Prince Boateng jogaram pelas seleções da Alemanha e Gana, respectivamente.
Ambos titulares, os manos chegaram a se enfrentar na fase de grupos: empate em 2 a 2 no Castelão, em Fortaleza.
Exportadores e importadores
No total, 137 jogadores vão defender países diferentes dos quais nasceram (36 no total).
A França é o maior exportador: 38 atletas. A atual campeã do mundo é seguida por Inglaterra, com 17, e Alemanha e Espanha, ambas com sete.
Quem mais abrigou estrangeiros naturalizados foi Marrocos, com 14 jogadores não nascidos no país africano (sendo quatro vindos da Bélgica e outros quatro da Holanda).
Logo depois aparecem Tunísia e Senegal, ambos com 12.
Brasileiros na terrinha
O zagueiro Pepe e os meias Otávio e Matheus Nunes defenderão Portugal na Copa. Pepe, 39 anos, nasceu em Maceió (Alagoas) e se naturalizou em 2007. Otávio, 27, é paraibano de João Pessoa e de nacionalizou em 2020. O carioca Matheus Nunes, 24, virou português em 2021.
Só quatro seleções são formadas apenas por jogadores nascidos em seus países: Arábia Saudita, Argentina, Brasil e Coreia do Sul.
Os mais experientes
Quatro jogadores foram chamados para suas quintas Copas consecutivas e vão se tornar, ao lado do meia alemão Matthäus, do goleiro italiano Buffon e dos mexicanos Carbajal (goleiro) e Rafa Márquez (zagueiro) os recordistas de convocações para Mundiais.
No Catar, os astros Messi e Cristiano Ronaldo vão em busca do título inédito que tentam ininterruptamente desde 2006.
O quarteto se completa com o goleiro Ochoa e o meia Guardado, ambos mexicanos, que também estiveram na Alemanha, na África do Sul, no Brasil e na Rússia.
O jogador mais jovem
Youssoufa Moukoko (Alemanha) nasceu em Yaoundé, no Camarões.
Como o pai trabalhava em Hamburgo, ele mudou de país quando tinha 11 anos para tentar a sorte como jogador de futebol. Isso foi em 2016.
O início no St. Pauli deu muito certo. Logo o atacante foi contratado pelo Borussia Dortmund e acabou naturalizando-se alemão.
No Catar, ele festejou o aniversário de 18 anos ontem, no dia da abertura da Copa. É o mais jovem atleta neste Mundial.
Sapiossexual
A apresentadora Bela Gil trouxe o termo à baila: sapiossexual. Ou seja, aquele que é atraído sexualmente por quem é inteligente.
Ela confessou que o senso de beleza dela está vinculado ao intelecto. Não se vê enfeitiçada por um rosto simétrico e perfeito, ou por um corpo escultural, mas por um cérebro atuante. Pela capacidade de produzir sinapses, elaborar histórias e encantar com as palavras.
Ela não deixa de ter razão. A razão é fundamental para o desejo.
Para escrever na pedra:
“Que a nossa Seleção nos represente com mais dignidade do que são capazes nossos políticos. Boa sorte, Brasil!” De um eufórico torcedor.
TRIVIAL VARIADO
A liberação da quinta dose da vacina contra Covid para pessoas idosas e as notícias sobre o aumento do número de casos da doença, incluindo a chegada de uma nova variante, a BQ.1, tem provocado uma verdadeira corrida aos postos de saúde da Capital.
No fim de semana, muita gente foi atrás da terceira ou da quarta dose da imunização contra a doença. Nas Upas, a fila era grande, e a maior parte era de pessoas idosas, com mais de 60 anos.
A deputada federal eleita Roseana Sarney reuniu alguns amigos na Ilha de Curupu para assistir ao espetáculo belíssimo de abertura da Copa do Mundo do Catar.
Por medo de punições, a braçadeira do arco-íris não será utilizada nos jogos da Copa do Mundo da Catar. Os capitães da Inglaterra, Harry Kane, e Virgil Van Dijk, da Holanda, por exemplo, manifestaram o desejo de utilizar a faixa, símbolo de apoio à comunidade LGBT, nos jogos desta segunda-feira. Porém, as suas respectivas seleções temeram represálias e orientaram que os jogadores voltassem atrás na decisão.
No assunto: além do inglês e do holandês, os capitães de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha e Suíça também pretendiam utilizar a braçadeira, com o intuito de protestar contra as políticas discriminatórias do governo do Catar contra os homossexuais. Mas já desistiram.
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