COLUNA
Pergentino Holanda
O colunista aborda em sua página diária os acontecimentos sociais do Maranhão e traz, também, notícias sobre outros estados e países, incluindo informações das áreas econômica e política.
Pergentino Holanda

Como é bom ser criança

Mais: O terrível quociente eleitoral

PH

Atualizada em 02/05/2023 às 23h36
A imagem de uma criança de cabelos prateados andando de triciclo remete a uma doce recordação de minha juventude

Gosto dessas ruas tranquilas e calçadas de paralepípedos que ainda resistem na Praia Grande. Admiro suas casas antigas, que se aconchegam umas às outras como quem sente frio. Algumas são dotadas de pequenos jardins, outras trazem no alto da fachada o ano da construção, quase sempre de mil novecentos e pouquíssimos.

De todas me vem uma impressão de tempo aprisionado – ao passar por uma delas ouvi certa vez, sobranceira ao contraponto da estática de um velho elepê, a ressuscitada voz de Francisco Alves.

Neste dia dedicado às crianças, relembro aquela manhã em que ao estacionar o carro diante da que talvez é a menor de todas, em sua despojada simplicidade de porta e janela, percebi que era o privilegiado espectador de um momento de ternura.

Recém-saídos à calçada, uma mãe muito jovem procurava ensinar ao filho de uns três anos – um lourinho com fisionomia de alemão – a dirigir um triciclo. A mãe vestia pobremente; não eram melhores as roupas do menino. Quanto ao triciclo, notava-se que era dono de vasta quilometragem pelos passeios do mundo.

Nem mãe nem filho mostravam-se preocupados com esses detalhes desimportantes.

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Com infinita dedicação, a mãe indicava ao garoto o modo certo de colocar os pés nos pedais sem perder as minúsculas sandálias de dedo, o jeito apropriado de segurar o guidom, a maneira de desviar-se dos buracos e do imenso cão amarelo da vizinha, que ocupava meia pista com um sono de boêmio.

Foi um curso brevíssimo: em um minuto o menino revelava insuspeitada vocação para a Fórmula-1, alcançava a esquina, dava meia volta, tornava em direção à mãe, que o aplaudia sorridente e o presenteava com beijos.

E houve um instante em que o menino travou, riu do susto que tinha pregado num tico-tico distraído e disse:

– Mãe, como é bom ser criança.

A frase lhe valeu um abraço apertado.

Eu por mim teria ficado ali o resto do dia. Ocorre, no entanto, que sou um animal urbano cronometrado e precisei deixá-los.

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No caminho rumo à intoxicação diária de letras de fôrma, fiquei pensando que algum dia aquele menino vai crescer, vai morar em avenidas ruidosas e sem aconchego, vai perder seu riso e o brilho do seu olhar, conhecerá a aflição, a ansiedade, o medo, será um animal urbano cronometrado, feito eu, feito todos nós.

E desejei que, no dia mais terrível de sua vida, no dia em que ele se surpreendesse desertado de esperança, ferido de solidão, inseguro como um pássaro assustado, ele pudesse se lembrar daquela tarde, de sua mãe tão jovem, da casa de porta e janela que era a menor da rua, do imenso cão amarelo e boêmio da vizinha; que ele pudesse reviver sua primeira lição de triciclo, recordar a frase que havia dito sobre como é bom ser criança. E então uma súbita paz se aninharia em seu peito e já nada lhe pareceria adverso ou triste.

Pois toda a história humana é a busca de algo que fomos perdendo ao acaso da travessia das idades. A busca de algo que nos livros de história de nossa infância atendia por felicidade.

 

O cinema e o teatro perderam uma grande dama: Angela Lansbury, que morreu ontem, cinco dias antes de completar 97 anos

Adeus a uma grande dama

Tive apenas um encontro com a atriz e cantora Angela Lansbury, que morreu ontem aos 96 anos – cinco dias antes de completar 97 anos.

Meu encontro com a grande dama do teatro e do cinema foi no restaurante de Jean-Claude Pujol, em Nova York, durante o coquetel realizado para comemorar a premiação do Tony – o maior e mais prestigioso prêmio do teatro dos Estados Unidos – em junho de 2001, três meses antes do atentado que destruiu o World Trade Center.

No mesmo ambiente do restaurante estavam Judi Dench, Chita Rivera, Arthur Miller, Alec Baldwin, Julie Andrews, Viola Davis, entre outros não menos famosos.

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A atriz loira e de grandes olhos azuis povoou a minha adolescência como a Semadar do filme Sansão e Dalila.

A estrela de origem britânica, que fez sua fama e fortuna com uma variedade de papéis memoráveis na televisão, também obteve enorme sucesso como atriz de teatro, ganhando cinco prêmios Tony.

Em mais de sete décadas de carreira, Angela Lansbury atuou em cerca de 60 filmes e protagonizou alguns dos maiores musicais da Broadway.

Além dos prêmios Tony, conquistou seis Globos de Ouro e um Oscar honorário pelo conjunto da obra em 2013.

DE RELANCE

O terrível quociente eleitoral

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Apenas um em cada 18 deputados federais eleitos no último domingo (2) conseguiu se eleger ou renovar o mandato somente com os próprios votos.

De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), 28 deputados ultrapassaram o quociente eleitoral, ou seja, não dependeram dos votos totais obtidos por seu partido ou por sua federação.

Em 2018, 27 foram eleitos apenas com a própria votação. Em 2014, 35, e em 2010, 36.

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A eleição para a Câmara é proporcional, isto é, nem sempre os mais votados são eleitos.

O quociente eleitoral é resultado da divisão dos votos válidos (excluídos os nulos e os brancos) pela quantidade de cadeiras atribuída a cada estado. As vagas são rateadas entre as legendas conforme o número de vezes em que elas alcançam esse quociente. Os mais votados nessas siglas são eleitos.

No Maranhão, nenhum deputado federal conseguiu se eleger com seus próprios votos.

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Neste ano a eleição para o Legislativo não teve coligação partidária, aliança feita pelos partidos apenas para a eleição, de olho no horário eleitoral, nas verbas públicas e no número de cadeiras conquistadas.

Na ausência da coligação, os candidatos foram eleitos com os votos alcançados por seus partidos ou federações.

Com as federações, legendas como Cidadania e PSDB; Psol e Rede; e PT, PCdoB e PV atuarão, respectivamente, como se fossem uma única pelos próximos quatro anos.

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Dessa forma, em 2022, os candidatos mais votados ajudaram a eleger colegas de sigla ou federação. Nesse cenário, dois jovens se sagraram campeões de votação.

Proporcionalmente, o mais votado foi Amon Mandel, vereador em Manaus pelo Cidadania. Aos 21 anos, ele recebeu 288.555, o que equivale a 14,59% dos votos válidos no Amazonas.

Em números absolutos, a maior votação ficou com o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL), com 1.492.047 votos.

 

Top model ainda no esplendor da beleza, Bianca Klamt está revendo São Luís às vésperas de festejar nova idade

Rolê do Esporte

O Poder Judiciário, por meio da Unidade de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, a Fundação da Criança e do Adolescente e o Sampaio Correa Futebol Clube firmaram Termo de Cooperação para dar início ao projeto “Rolê do Esporte: a socioeducação em campo”.

A iniciativa permite que os jovens socioeducandos assistam a partidas de futebol do Sampaio Correa, pelo Campeonato Brasileiro.

Durante os jogos com a participação do Sampaio Correa pelo Campeonato Brasileiro (Série B) nesta terça-feira e no dia 6 de novembro, jovens que cumprem medidas em unidades socioeducativas da Ilha de São Luís estarão no Estádio Castelão para acompanhar as partidas

Para escrever na pedra:

“Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei”. De Sócrates.

 

TRIVIAL VARIADO

Desde segunda-feira (10), os eleitores podem emitir gratuitamente a certidão de quitação eleitoral pelo Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou por meio do e-Título, aplicativo para celular. A emissão ficará suspensa entre os dias 31 de outubro e 7 de novembro, depois do segundo turno.

No assunto: o certificado de quitação eleitoral comprova que os cidadãos entre 18 e 69 anos não estão com pendências na Justiça Eleitoral. “Ou seja, ela compareceu aos últimos pleitos ou, em não tendo comparecido, ela justificou a sua ausência à justiça eleitoral. É a comprovação que aquele eleitor exerceu a sua cidadania todas as vezes em que foi chamado. 

Importante: sem o certificado, o eleitor pode ter prejuízos na esfera civil, como ficar sem receber vencimentos, remuneração e salário. Existem ainda outras complicações: Precisa apresentar essa certidão como para tirar passaporte, tirar RG, tomar posse em cargo público, inscrição em universidade pública.

Em tempo: para estar quite com a Justiça Eleitoral e emitir o certificado de quitação eleitoral, o eleitor deve estar com o voto em dia, ter justificado as ausências e ter atendido às convocações da Justiça Eleitoral. Para emitir o certificado o eleitor pode gerar a certidão pela internet no Portal do TSE ou no aplicativo e-Título, disponível para android e IOS. 

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