Cabeleiras

A versatilidade dos cabelos afro

G1

Atualizada em 27/03/2022 às 13h48

Tranças, implantes, defrisagem, alisamento, dread locks, stableus e outros recursos mais. Quem pensa que são poucas as variações para o visual dos cabelos crespos precisa procurar um salão especializado em tratamentos e penteados afro no Rio.

Entre os profissionais da área, a tendência é defender os cachos e uma aparência natural, com técnicas de amaciamento dos fios. Mas a febre de alisar o cabelo continua movimentando chapinhas e secadores nos salões cariocas. E os produtos específicos para cuidar dos fios crespos não param de se multiplicar em lojas e cabeleireiros.

Já os penteados e implantes são a solução para quem quer variar o visual por pouco tempo. As opções vão do conhecido dread lock, eternizado pelo ícone do reggae Bob Marley, à trança nagô, que permite desenhos diferentes e mistura com outras técnicas. È possível trançar as raízes e deixar as pontas no estilo black power, com o cabelo bem cheio, misturar fios coloridos às tranças ou adotar cabelos longos com implantes de vários tipos.

Um dos salões mais tradicionais no Rio dedicado à beleza negra é o Afro Dai, na Lapa, no Centro da cidade. O espaço, criado há 12 anos pela baiana Idalice Bastos, a Dai, atende homens e mulheres em busca de penteados de todo tipo.

Os desenhos com a trança nagô

Os serviços do salão também incluem tintura, corte, hidratação e relaxamento, mas a maior procura é pelos penteados, garante a cabeleireira Jaciane Alves, de 26 anos, que passou pouco mais de uma hora para fazer tranças nagô nos cabelos da cliente Valdelice de Oliveira.

“Não gosto de ficar com o mesmo visual muito tempo. A trança nagô dura quase um mês, depois tem que refazer. Já é a segunda vez que faço. Antes eu usava tranças rastafari”, contou Valdelice, enquanto a cabeleireira queimava as pontas das tranças para que elas não abrissem depois.

Segundo Jaciane, a trança nagô pode ter diferentes desenhos. Para Valdelice, ela escolheu um zigue-zague. A cabeleireira também usa seus conhecimentos para cuidar do próprio cabelo. Ela faz implante de cabelos longos a cada três meses.

“Quem tem implante deve evitar passar creme. Se colocar muito cabelo também pode dar problema, incomoda. O tamanho pode ser o que a pessoa quiser”, explicou ela.

No Studio de Beleza Sônia Nesi as clientes também recorrem aos implantes para ter cabelos longos e lisos. Ou ainda, para não ter trabalho com o cabelo crespo. A esteticista Elenir Monteiro faz implantes de Mega Hair a cada três meses há cerca de dois anos. Para que os cachos implantados não fiquem muito diferentes da raiz, é preciso alisá-la antes do procedimento.

A polêmica do alisamento

Outra alternativa para quem não gosta dos fios crespos são as técnicas de alisamento, como a escova progressiva, vista com desconfiança pelos cabeleireiros especializados em cabelos crespos.

“Acho muito agressivo. Não entendo o uso do formol nos cabelos. E o cabelo do negro é muito sensível, apesar de muita gente não achar. Nossa proposta é cuidar da beleza negra, da pele, dos cabelos, como eles são”, relatou Dai.

Manter o aspecto natural do cabelo do negro também é a proposta do Studio Afonjá, que tem salões em São Paulo e no Rio, e do Instituto de Beleza Natural, rede com sete salões no Rio.

“A febre é o alisamento. Tem escova de tudo que é tipo, progressiva, inteligente, de chocolate, de açúcar. Mas defendemos o natural do cabelo das pessoas”, explicou João Pedro Pereira, do Studio Afonjá.

Já no Studio de Beleza Sônia Nesi o alisamento é um dos serviços mais procurados. A cabeleireira Ana Paula Nesi diz que não usa o formol e explica que a técnica pode ter um resultado bem liso, com uso da chapinha, ou um efeito mais natural, quando é feito o stableus, que deixa o cabelo “meio amassado”.

“O stableus solta os cachos, o que dá um efeito bem natural. Os cachos estão voltando a ter espaço”, explicou Ana Paula.

Homens vão de trança nagô e dread

As técnicas de implante de cabelo também ajudam quem quer assumir um visual bem diferente, por pouco tempo. É possível implantar dreads, fios coloridos ou tranças rastafari, por exemplo. Cristiane Oliveira, de 29 anos, que já trabalha com Dai há 10 anos, contou que Sandra de Sá implantou dread locks no Afro Dai. Entre os clientes de Dai, estão também a atriz Zezé Motta, a secretária estadual de Assistência Social, Benedita da Silva, e os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo.

Segundo a cabeleireira Cristiane Oliveira, os homens são grande parte da clientela, mas, em geral, não gostam dos implantes.

“Eles fazem muito a trança nagô e o dread. Tá na moda, né?”, disse a cabeleireira Jaciane.

O modelo e rapper Diego Ramon, de 21 anos, começou a trançar o próprio cabelo na Bahia, de onde saiu há seis anos para morar no Rio de Janeiro. Parte de sua família mora na capital carioca, inclusive sua tia Dai.

Ele prefere um efeito natural e, por isso, mantém o cabelo trançado sem uso da cera de abelha, que costuma ser reaplicada em um salão a cada dois meses para reforçar o efeito do dread.

Dreads naturais

Já o ator Fabrício Boliveira,de 25 anos, não precisa se esforçar muito pra ter os cabelos trançados com uma aparência natural. Depois de quatro anos de cabelo comprido com dread locks, em 2006 ele precisou raspar a cabeça para viver um personagem na novela “Sinhá Moça”. Desde então, seu cabelo cresce naturalmente como pequenos dreads, meio enrolados, sem que ele precise fazer nenhuma aplicação de cera.

“Não sei o que aconteceu. O cabelo começou a crescer assim. Meus únicos cuidados são lavar dia sim, dia não. E tem que secar sempre, porque senão dá fungo, caspa. Às vezes, na hora de sair, uso uma pastinha pra modelar o cabelo”, contou Fabrício.

Em geral, manter o visual dá um pouco mais de trabalho, mas, pelo visto, não faltam opções.

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