BRASIL - Ocinema brasileiro continua a ultrapassar barreiras e conquistar novos públicos. Em comemoração aos seus 20 anos, o Festival Brésil en Mouvements retorna em 2024 com uma seleção de documentários que exploram a diversidade e os desafios do Brasil contemporâneo. O evento, que ocorrerá entre 3 e 6 de outubro no cinema Les Sept Parnassiens, em Paris, é uma vitrine poderosa da cultura e das lutas brasileiras, atraindo o olhar atento do público francês.
Com uma programação que vai além do cinema, o Festival reforça a importância da cultura como ferramenta de resistência e transformação, e destaca o Brasil como uma nação em constante movimento – lutando, refletindo e construindo novas narrativas, agora compartilhadas com o público internacional.
Para a secretária do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura (MinC), Joelma Gonzaga, o Brésil en Mouvements não apenas celebra o nosso cinema, mas também cria um espaço essencial de diálogo entre culturas, onde nossas histórias, desafios e lutas ganham novas perspectivas. "Ao levarmos nossos documentários para além das fronteiras, estamos ampliando o alcance da nossa voz e mostrando ao mundo a força e a diversidade do Brasil contemporâneo. O cinema, enquanto ferramenta de transformação social, é uma das formas mais potentes de resistência e, nesse sentido, o Brésil en Mouvements é um palco vital para essa troca global", afirma.
Entre os destaques da programação, filmes que retratam momentos históricos e atuais do país ganharão a tela. A exibição do curta Malunga, de Gal Souza, é um exemplo disso. O filme aborda a vida de Thereza Santos, ativista que foi perseguida durante o regime militar, viveu o exílio na Guiné-Bissau e Angola, e marcou a história da luta negra no Brasil. A produção, que relembra os 60 anos do golpe militar de 1964, promete trazer uma perspectiva única sobre a resistência e a força das mulheres negras na história brasileira.
Outro documentário é A Flecha e a Farda, de Miguel Antunes, que explora um capítulo sombrio e pouco conhecido da história do Brasil: a criação da Guarda Rural Indígena (GRI) no período militar. O filme utiliza imagens de arquivo recém-descobertas para refletir sobre a repressão aos povos indígenas e o legado violento que persiste até os dias de hoje.
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Já A Queda do Céu, de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, será exibido pela primeira vez na França, trazendo à tona a cosmologia dos Yanomami e a luta desse povo contra a destruição da Amazônia. O documentário destaca a brutalidade cotidiana sofrida pelos indígenas, oferecendo uma denúncia contundente sobre a negligência e violência que persistem contra as comunidades tradicionais no Brasil.
A 20ª edição do festival também celebra os 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), com o documentário Aucun Homme N'est Né Pour Être Pisoteado, de Narimane Baba Aïssa e Lucas Roxo. A produção traça um paralelo entre o cangaço de Lampião e as lutas contemporâneas pela terra, lançando luz sobre o papel do MST na transformação social e na resistência contra a opressão no campo.
Já Incompatível com a Vida, de Eliza Capai, aborda de forma corajosa e sensível à questão do direito das mulheres sobre seus corpos e a criminalização do aborto, conectando essa discussão ao contexto das mulheres brasileiras.
Além das sessões de cinema, o festival contará com a participação de renomados cineastas brasileiros, como Marcelo Gomes, Ernesto de Carvalho e Sandra Kogut. Marcelo apresentará Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, um filme que explora a solidão e os sentimentos de deslocamento. Ernesto trará A Transformação de Canuto, que aborda a vida de um personagem simbólico da história do Brasil, e Sandra Kogut conduzirá um debate sobre a ascensão da extrema-direita no país, conectando a política brasileira com a narrativa do filme No Céu da Pátria Neste Instante.
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