Resenha

Festival das Rendas: start foi dado com um rolê marcado pela diversidade sonora com afeto

A cantora pernambucana Duda Beat, madrinha do festival, foi a anfitriã da noite, que contou ainda com a discotecagem de Pedro Sobrinho e Patrixia Irixia, além da Orquestra Maranhense de Reggae.

Pedro Sobrinho/Jornalista

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56

Fazer eventos musicais, principalmente quando não se insere no "mainstream" institucionalizado pela mídia de massa, se torna um grande desafio. De parabéns está a Catirina Prodções ao lançar em grande estilo a segunda versão do Festival das Rendas, que realmente ganhou uma dimensão grandiosa, e já se posiciona no ranking dos grandes festivais de música alternativa do país. Entra também para o calendário cultural e de entretenimento do Maranhão, que já dispõe do Festival BR-135 e dos Lençóis Jazz e Blues Festival, Rico ChoroComVida. E quem agradece é a plateia ávida por música.

DJ Pedro Sobrinho abre o rolê de lançamento do Festival das Rendas. Foto: Gustavo Sampaio/Assessor Imprensa do Festival das Rendas

Tive o privilégio de abrir o rolê de lançamento do Festival das Rendas, ocorrido no último sábado (20/7), em um espaço criado ao lado da Batuque Brasil, na Cohama, com a minha discotecagem. Foi mais uma experiência valiosa e exitosa, quando me vi diante de uma plateia literalmente jovem absorvendo o meu 'setlist' cheio de mundanidade. A cada música executada a sensação de me sentir renovado e legitimando que a juventude está na alma.

DJ Patrixia Ixia animou com setlist descontraído e muita lacração. Foto: Gustavo Sampaio-Assessor de Imprensa Festival das Rendas

E o legal foi dividir à noite com a DJ Patrixia Ixia, já residente em festinhas da Escangalhada, mobilizou a pista com a sua discotecagem de inclusão e o respeito para derrubar preconceitos. "Não é trans-arte, é arte. Com muita lacração!"

Orquestra Maranhense de Reggae anima com a peculiaridade do som jamaicano curtido em São Luís

Orquestra no Reggae

Teve ainda a Orquestra Maranhense de Reggae (OMR). Pela primeira vez em um contato direto, tive o prazer de sentir o "groove" do reggae com a peculiaridade maranhense. Criada em 2016, a Orquestra Maranhense de Reggae (OMR) já realizou diversos espetáculos nos palcos de São Luís. O grupo subiu no palco do Festival das Rendas e contagiou a moçada com clássicos do reggae mundial.

Foi um aperitivo perfeito que deixou todo mundo aquecido para cortejar a anfitriã da noite.

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A música de Duda Beat com forte pegada de techno brega e muita sofrência, numa mistura de indie com eletrônica, contagiou a todos. Foto; Gustavo Sampaio/Assessor Imprensa Festival das Rendas

Por volta das 20h, a cantora pernambucana Duda Beat deu o ar da graça. E logo de cara politizou o ambiente com a fala da maranhense Alcione soltando o verbo ao comentário feito pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, se referindo a população da região Nordeste. Embora morando no Rio de Janeiro, a nordestina, influenciada pelo Manguebeat, de Science, Duda Beat, que é formada em Ciência Política pela Unirio, fez uma revolução silenciosa com o vídeo autorizado pela Marrom. É isso aí, Duda chegou chegando e comprovando que a música "diverte e faz refletir". E no amor à primeira vista com São Luís e a identificação com o rotulada "Jamaica Brasileira", abriu o 'set' com o reggae, "Bolo de Rolo".

Depois soltou todos as canções do primeiro álbum "Sinto Muito", o primeiro da carreira e lançado no ano passado, em um show que defino como interativo, pois a plateia fez o coro cantando todas. A música de Duda Beat revigora a Música Popular Brasileira com forte pegada de techno brega e sofrência, numa mistura de indie com eletrônica, contagiou a todos.

Envolvida até a tampa com a plateia, a pernambucana e madrinha do Festival das Rendas, acompanhada por uma banda simpática, visceral com 'loops' e influências jamaicanas do dub, e duas backing vocals descoladas e graciosas, encerrou sua apresentação com o sucesso "Bixinho", primeiro na versão original, e em seguida, emendando a versão remix.

Mesmo com uma chuvica no período da tarde, São Pedro deu uma trégua e o Festival das Rendas foi aberto em grande estilo, em um rolê marcado por uma bela plateia e pela diversidade sonora com afeto. E que venha a Raposa com as suas rendeiras em setembro.

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