Cultura Popular do Maranhão

''Não acontecer o São João é um misto de tristeza e saudade", lamenta Marla Silveira

A pesquisadora e biblicotecária da UFMA destacou também a importância da mulher como gestora da brincadeira do bumba meu boi. Marla é também autora de livro, produtora de disco, diretora e roteirista de documentário

Pedro Sobrinho/Jornalista

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56
Marla Silveira: Marla Silveira, pesquisadora, produtora cultural, professora, bibliotecária da Universidade Federal do Maranhão e mestra em Cultura e Sociedade pela UFMA. (Marla Silveira)

Marla Silveira, pesquisadora, produtora cultural, professora, bibliotecária da Universidade Federal do Maranhão e mestra em Cultura e Sociedade pela UFMA, participou da edição do Plugado, nesse domingo (31/5). Durante o bate-pao com o jornalista Pedro Sobrinho, apresentador do programa na Mirante FM, ela destacou a importância do universo feminino na gestão da brincadeira do bumba meu boi.

- Grande parte dos grupos de bumba meu boi são comandados por mulheres. Este fato despertou o interesse de observar tal fenômeno de maneira sistemática, a partir de um olhar histórico, uma vez que não tão distante do tempo presente, a participação de mulheres no bumba meu boi era limitada e restrita. Elas eram proibidas de participar da brincadeira - explica.

"As mulheres que dominam os bois: o comando das mulheres no bumba meu boi do Maranhão’ é o tema de um vídeo com formato documentário que Marla Silveira, que ela apresentou no último dia 28 de maio, nas redes sociais da Diretoria de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Maranhão (@cultura.ufma e ufma.cultura).

Ela aborda o trabalho e desafios das mulheres que exercem a função mais difícil e desejada na hierarquia interna do bumba meu boi: a liderança do grupo. A exibição do vídeo integra as atrações do projeto de extensão ‘Do Nosso Jeito’, que oferece online apresentações musicais, performances artísticas, oficinas e palestras com personalidades das artes e cultura.

Autora do livro e diretora e roteirista do documentário ‘Nas entranhas do bumba meu boi’ (EDUFMA, 2018), Marla Silveira foi produtora executiva do CD ‘Zabumbas da Resistência: Bumba meu boi de Leonardo (2019)’. Produziu ainda o premiado curta ‘Bodas de Papel’ (2016), dirigido por Breno Nina e Keyci Martins.

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- Nesse novo vídeo abordamos a pesquisa e apresentaremos depoimentos de três mestras que protagonizam a liderança de grupos: Regina Avelar, do boi de Leonardo; Nadir Cruz, do boi de Apolônio, e Leila Naiva, do bumba meu boi de Axixá”, complementou.

Quando indagada sobre o que existe por trás dos bastidores do bumba meu boi, Marla comentou sobre a complexidade do processo organizacional e logístico para se colocar a brincadeira na rua.

- Poucas pessoas param para pensar o quanto é complexo o processo organizativo e logístico desta que é a mais importante manifestação da cultura popular do Maranhão, sendo, inclusive, reconhecida internacionalmente como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco no início deste ano - assegura.

Hiato

Marla Silveira lamentou o cancelamento dos festejos juninos usando trecho da toada Rosa Amarela, mas entende que a medida adotada visa a proteção de quem admira a festa diante da Pandemia do Novo Coronavírus.

- É um misto de tristeza e saudade. O período junino é para mim a representação da alegria, da diversão, das brincadeiras em multiplicidades, em abundância. É um período de exageros. É singular ! Não acontecer, não poder viver, não poder sentir, dançar. Enfim, não ter os festejos juninos é muito estranho. Não tenho palavra para expressar essa ausência, essa falta, essa lacuna. É um sentimento de vazio. Claro que entendo a necessidade de não acontecer. Mas, você perguntou a respeito do sentimento. Ai só vem aquele trecho da música Rosa Amarela. "Afasta do meu peito esta saudade, vem matar minha vontade". Ei, que saudade. Já está fazendo - enfatiza.

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