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Coluna Via Digital por Lucia Camargo Nunes, economista e jornalista especializada no setor automotivo.
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Até que ponto é verdade que a Volkswagen pode deixar o país?

Milhares de veículos em pátios e férias de funcionários levantaram suspeitas de que marca pode seguir o caminho da Ford.

Lucia Camargo Nunes*

Fábrica T-Cross Paraná. (Foto: Divulgação)

Imagens de pátios da Volks lotados de carros junto com as notícias de layoff de funcionários nas fábricas (no bom português, suspensão temporária de trabalho) levaram a muitas informações desencontradas na internet e boatos de que a marca deixaria o país.

Vou te dar 4 motivos pelos quais a Volks não vai fechar fábricas no Brasil, pelo menos não tão cedo. E por fim, um 5º motivo que poderia, sim, levar ao fechamento de alguma unidade fabril.

1º Motivo: Porque a Volks não é a Ford

A saída da Ford não era esperada, mas havia indícios. A marca tinha encerrado as atividades na fábrica de caminhões e automóveis de São Bernardo do Campo (SP), lá fora já havia anunciado só iria fabricar SUVs e picapes (e aqui a produção se limitava a Ka e EcoSport, dois projetos antigos), a participação de mercado no país despencava e a Ford já fazia tempo que perdia espaço para Toyota, Hyundai, etc.

Volks Market Share. (Foto: Divulgação)

A Volks, por sua vez, é a terceira marca que mais vende veículos no Brasil, tem quase 15% de participação de mercado e um portfólio moderno e diversificado.

2º Motivo: Vendas de junho em alta e Polo desbanca a líder Strada

A Volks conseguiu desovar boa parte de seus estoques em junho com as vendas com descontos. Com ajuda de créditos tributários, a Volks emplacou 17 mil unidades (utilizando o programa de incentivos) das quase 30 mil unidades que vendeu no total – foi a segunda marca com maior comercialização de veículos leves, atrás apenas da Fiat.

Fábrica Taubaté. (Foto: Divulgação)

Entre os modelos mais licenciados, destaque para Polo Track, Saveiro e T-Cross. Com a linha Polo (que une todas as versões, incluindo a Track), a Volks foi a líder entre os veículos em junho: 9.949 unidades, ultrapassando até a Fiat Strada, que teve 9.007 emplacamentos.

3º Motivo: Injeção de ânimo com 1 bilhão de euros no Brasil

A Volkswagen confirmou novo plano de investimentos no Brasil até 2026. São R$ 5,3 bilhões com o objetivo de crescer 40% no país nos próximos anos junto a lançamentos de modelos flex e inéditos híbridos flex – eles estão apostando em novas tecnologias, usando etanol, e também com o programa de assinaturas. Nesse novo plano, a Volks promete lançar 15 novos carros até 2025.

Polo, líder de vendas. (Foto: Divulgação)

4º motivo: Festona de 7 décadas!

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A Volks fez uma festa enorme na semana passada, em São Paulo, para celebrar os 70 anos da marca no Brasil. Mais de 5 mil pessoas presenciaram apresentações, desfile de carros antigos e shows de Maria Rita e Ivete Sangalo. Uma super produção!

Aproveitaram para anunciar, oficialmente, a chegada do ID.4, novo SUV elétrico, e a estrela da noite, a ID.Buzz, a nova Kombi elétrica, com o polêmico comercial em que Maria Rita faz um dueto inédito com Elis Regina.

Festa VW 70 anos. (Foto: Divulgação)

Ou seja, uma marca que supostamente sairia do país faria uma festona dessa, investiria num comercial que viralizou e começaria a trazer carros elétricos, além de anunciar um robusto investimento?

Diante disso tudo, a Volks não fecha. Pelo menos no curto ou médio prazo.

O que pode acontecer?

Num cenário positivo, se o mercado interno desencantar e as exportações expandirem, levando a um aumento significativo de volume de produção, uma marca como a Volkswagen tem tudo para prosperar.

Nem por isso, uma ou outra planta está livre de fechar. E aqui vai um motivo que pode levar a um enxugamento de unidades fabris.

Hoje a produção da Volks é bem pulverizada. Em Taubaté (SP) é montado o Polo; em São Carlos (SP) produzem motores. Na fábrica de São José dos Pinhais (PR) é fabricado o T-Cross. Na planta Anchieta (SP), saem da linha de produção Polo, Saveiro, Virtus e Nivus.

No futuro, contudo, se houver a unificação de plataformas, uma tendência em muitas marcas, a montadora pode até reduzir o número de fábricas pelo país para enxugar gastos.

Mas isso é remoto. E vai depender das decisões globais da marca, do mercado brasileiro e da situação da América do Sul, lembrando que as montadoras instaladas no Brasil certamente terão um papel-chave nas estratégias globais de descarbonização.

*Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo, editora do portal www.viadigital.com.br e do canal @viadigitalmotors no YouTube. E-mail: lucia@viadigital.com.br

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