RIO - A preparação da seleção brasileira para as eliminatórias começa na próxima terça-feira, na Granja Comary, em Teresópolis. A do técnico Carlos Alberto Parreira teve início na quarta-feira passada, apenas um dia após completar a lista de 22 convocados para os jogos contra a Colômbia, em Barranquilla, no dia 7; e Equador, no dia 10, em Manaus.
Ciente das pressões que sofrerá até a seleção garantir sua vaga na Copa de 2006, o treinador passou um dia inteiro fazendo um check-up num hospital da Zona Sul, como informou Ancelmo Gois, em sua coluna. Motivado e com o coração em dia, Parreira manda um recado às estrelas:
- É hora de deixar o salto alto e calçar sandálias.
O coração está pronto para as eliminatórias?
CARLOS ALBERTO PARREIRA: Está ótimo. Costumo fazer check-ups regularmente. Não fazia desde 1999 quando assumi o Fluminense. Só não gosto é de ficar pulando de clínica em clínica para fazer os diferentes exames. Desta vez, perdi um dia inteiro, mas consegui fazer tudo num hospital só. Vou novinho em folha para as eliminatórias.
Mesmo com a base do penta, há muito o que fazer, não?
PARREIRA: Com certeza. Esse início é complicado para a gente. Fiz questão de trazer um time experiente, de pentacampeões, que não vai tremer. Seria muito ingenuidade minha achar que o time está pronto.
O Brasil teve problemas nas últimas eliminatórias. Esse começo é a hora de disparar?
PARREIRA: Claro. Precisamos evitar os transtornos das duas últimas eliminatórias. Em ambas, só nos classificamos na rodada final. Como são dois anos e meio, é entediante. Pressão em cima da gente. Não queremos conviver com os problemas de antes.
Facilita para a seleção jogar duas partidas seguidas?
PARREIRA: É igual para todo mundo, mas, se me perguntarem por que o Brasil não foi bem na eliminatória anterior, diria que em nenhum momento nós nos encaixamos naquela maneira de jogar. O cara está na Europa, chega na segunda, reúne, joga na quarta, vai embora na quinta e só volta 40 dias depois. É importante chegar, ter tempo para um churrasquinho, conversar, brincar, ficar um com o outro. O convívio é fundamental.
Desta vez, a seleção não vai estrear na altitude...
PARREIRA: Eu não estava entendendo por que a Colômbia jogaria no nível do mar. Agora, sei. Eles têm nove jogadores fora do país e que também sofreriam com a altitude.
Haverá renovação nas eliminatórias?
PARREIRA: Cobra-se muito renovação, mas, se olharem com calma, ela já começou. Temos o Diego, o Kaká, o Luís Fabiano, o Renato, o Alex, que eu considero jovem... Mesmo que não joguem de cara, eles já estão no grupo.
Não seria mais adequado levar jovens também para a reserva nas laterais e no gol?
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PARREIRA: Temos sempre que pensar se o cara vai jogar. Se o Cafu, por exemplo, se machucar, eu tenho que estar convicto de que o substituto se sairá bem. O Belletti tem a segurança de um jogador que já disputou Copa do Mundo. Não posso fazer experiência. Me perguntaram: “Se você pensa em jogar com o Dida, por que não trouxe o Fábio ou o Júlio César”. E se o Dida tem um problema, é o Fábio que vai jogar contra a Colômbia? É muito fácil dar palpite.
E o Ronaldo, o que vai representar nas eliminatórias?
PARREIRA: É a primeira vez que ele disputa as eliminatórias, e se espera que ele faça a diferença, como sempre. É a presença do homem que define, do goleador. As defesas adversárias o respeitam pela qualidade que ele tem.
E sem ele? Complica?
PARREIRA: Espero que isso não aconteça. A gente fica preocupado. Não temos um jogador com a experiência e o poder de decisão do Ronaldo. Temos o Rivaldo, o próprio Kaká, o Alex, o Ronaldinho, todos vindo de trás. Homem de área, só temos o Luís Fabiano que vem chegando. O mais importante do Ronaldo hoje é o respeito que incute nos adversários. Com Ronaldo, os caras sabem que tem que ter dois marcando, um sobrando o tempo todo.
Quem será o companheiro ideal para o Fenômeno?
PARREIRA: Vejo o time que jogou a Copa, com os três na frente (Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo). A diferença é que na seleção do Felipão havia cinco atrás e dois volantes, completando sete. Nós vamos jogar com quatro e três. Só que a distribuição é diferente, mas é o mesmo bloco.
Quais serão as surpresas das eliminatórias?
PARREIRA: Argentinos têm uma força enorme, com Aimar, Saviola, é um grupo muito forte. O D’Alessandro gerou uma polêmica danada porque não foi à Copa. A Colômbia melhorou muito, tem boa técnica. A seleção peruana, com o Paulo Autuori. O Equador já é um time que impõe respeito. Paraguai e Uruguai são tradicionais. Será uma eliminatória das mais competitivas.
Mas com quatro vagas e meia o Brasil está na Copa...
PARREIRA: O Brasil já está na Copa. Só não pode se descuidar. Mas, para nós, a eliminatória é mais difícil do que a própria Copa. Tanto que a Fifa já considera eliminatória como fase inicial e a Copa como fase final. Na Copa, você chega, monta um grupo e vai. Eliminatória desgasta, envolve as aspirações de todo mundo em chegar ao Mundial.
Como cumprir na prática o desafio de motivar o time?
PARREIRA: É cada um tirar o salto alto e calçar as sandálias. Todo mundo é igual, o importante é entenderem que a grande vedete é a própria seleção. Quando se entra na concentração, é preciso se despir de qualquer vaidade. Vou apresentar um vídeo para eles enfocando a parte técnica e também a motivação. Mas, dentro de campo, não podemos inibir o talento individual.
O que muda da sua experiência de 93 para agora?
PARREIRA: Em 93, eram oito jogos. A margem de erro era muito menor. Agora são 18 jogos. Nós perdemos cinco nas últimas eliminatórias e fomos à Copa. Em 93, a pressão era muito maior. Eram 24 anos sem ganhar o título. Foi um divisor de águas. Não sei o que seria do futebol brasileiro se a gente não ganhasse em 94.
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