Eletrificados importados devem ficar mais caros em 2024
Retomada do imposto de importação pelo governo federal afetará elétricos e híbridos estrangeiros, praticamente todos vendidos no país.
BRASIL - Os veículos eletrificados importados tendem ficar mais caros em 2024, por causa da decisão do governo federal de retomar de forma gradual a cobrança do imposto de importação para veículos elétricos e recompor a alíquota dos híbridos e híbridos plug-in a partir de janeiro.
No primeiro mês de 2024, os elétricos passarão a pagar de 0 para 10%, depois 18% em julho. Em julho de 2025 sobe para 25% e, um ano depois, 35%.
A sequência para os híbridos plug-in (PHEV) será: 12% em janeiro, 20% em julho, 28% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026.
Para os híbridos convencionais (HEV): 12% em janeiro, 25% em julho, 30% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026.
Nem os comerciais escaparam: caminhões elétricos importados, hoje isentos, pagarão 20% em janeiro de 2024 e a partir de julho, 25%.
O objetivo do governo, segundo o ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, “é estimular a indústria nacional para tecnologias que promovam a descarbonização e aos investimentos na produção, manutenção e criação de empregos de maior qualificação e melhores salários”.
Entidades divergem sobre volta da tributação
A Anfavea viu a medida como um grande avanço. A entidade informou em nota que a isenção foi importante e suficiente para a introdução dessas tecnologias no Brasil.
O mais importante, disse a Anfavea por meio de nota, é a sinalização de que a produção local de veículos eletrificados será uma grande realidade do ponto de vista da concorrência internacional.
Já a ABVE, associação dos eletrificados, afirmou que a medida frustrou todos aqueles que apostam no transporte limpo, renovável e sustentável no Brasil.
“Trata-se de uma medida que, no curto prazo, beneficia principalmente os veículos movidos a combustível fóssil e, no médio prazo, projeta uma sombra de insegurança sobre as empresas dispostas a investir na fabricação de veículos elétricos e híbridos no Brasil – e mesmo sobre aquelas que já anunciaram planos concretos de produção local”, disse Ricardo Bastos, presidente da ABVE.
Para o executivo, que faz parte da diretoria da GWM, a retomada do imposto atende principalmente ao lobby das associações que defendem os combustíveis fósseis, e não aos interesses dos consumidores e da sociedade brasileira, que apoiam um transporte moderno e não poluente.
E completou: “O resultado será muito ruim para os investidores e para o mercado. Vai encarecer o preço dos veículos elétricos e híbridos no Brasil e afetará as decisões de investimento das empresas que apostavam em regras estáveis para produzir veículos elétricos em território nacional”.
Locadoras se destacam em outubro, enquanto produção cai
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O aumento das importações foi um dos responsáveis por uma retração na produção de veículos em outubro, segundo informou a Anfavea. Enquanto as vendas avançaram 10,2%, a produção teve queda de -4,4%.
Nos 10 primeiros meses do ano, 271,3 mil modelos estrangeiros entraram no país, 57,6 mil a mais que no mesmo período de 2022, alta de 27%.
Outro dado interessante: automóveis e comerciais leves cresceram 12% em outubro, impulsionados pela maior demanda das locadoras, que compraram 75 mil veículos (alta de 29%). As vendas diretas representaram 51% dos emplacamentos.
Importados crescem 92% entre janeiro e outubro
Dez marcas que fazem parte da Abeifa, associação de importadores, comemoram o aumento expressivo de vendas: alta 92,3% no acumulado de janeiro a outubro, com 27.963 unidades.
Na avaliação de João Henrique Garbin de Oliveira, presidente da Abeifa, “a gradual recuperação econômica do país, aliada à transição tecnológica pautada no crescente interesse dos consumidores brasileiros por veículos híbridos e elétricos, mais uma vez determinou o desempenho positivo nas vendas de veículos importados no mês passado.”
A retomada do imposto de importação para estes produtos pode impactar nas vendas a partir de 2024.
Honda e Porsche têm seminovos de menor desvalorização
O comportamento de preços no mercado de usados pode interferir na decisão de compra de um zero-km para muitos consumidores. A 10ª edição do Selo Maior Valor de Revenda apontou o Honda HR-V como o modelo a combustão de menor depreciação após um ano de uso, com apenas -2,8%.
A premiação também incluiu eletrificados, tendo o Porsche Cayenne Plug-in como o menos desvalorizado (-2,5%).
O Estudo de Valorização de Veículos, realizado pelo Autoinforme, considerou 93 modelos, carros e comerciais leves, divididos por categorias.
Confira os modelos de menor desvalorização após um ano de uso:
Marca/modelo | Depreciação |
Porsche Cayenne Plug-in | -2,5% |
Honda HR-V | -2,8% |
Porsche Cayenne | -3,5% |
Volkswagen Jetta | -4,3% |
Toyota RAV4 | -4,7% |
Fonte: Autoinforme
*Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo, editora do portal www.viadigital.com.br e do canal @viadigitalmotors no YouTube. Acesse: linktr.ee/viadigitalmotors E-mail: lucia@viadigital.com.br
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