Laudo sobre situação do Castelão poderá ser divulgado na 2ª

O estádio está com as estruturas deterioradas e a capacidade de público reduzida.

Imirante.com e Jornal O Estado do MA

Atualizada em 27/03/2022 às 14h54

SÃO LUÍS - Durante reunião entre o secretário Estadual de Esportes, Alim Maluf e representantes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Maranhão Crea-MA, além do vice-presidente do Sampaio, Francisco Ramos, ficou decidido que a autorização para a realização da partida entre Sampaio e Corinthians(SP), no estádio Castelão, pela Copa do Brasil, dia 2 de fevereiro, será feita através do laudo da Tecnosonda S/A, ou em último caso, dos engenheiros e técnicos da Sesp, Sinfra, Corpo de Bombeiros, Crea e Defesa Civil, sobre a capacidade segura de público do estádio. O laudo está sendo aguardado até a segunda-feira, 10, quando será promovido o encontro definitivo sobre o assunto.

Castelão

Os dirigentes do Sampaio e a torcida foram surpreendidos com a informação que não apenas o setor 1 daquele estádio está interditado, mas que outros setores, também por medida de segurança, poderão ficar com a capacidade reduzida. Segundo a Secretaria Estadual de Esportes, a capacidade de público do Castelão, que foi reduzida de 75.749 para 33.257 pessoas, com os problemas estruturais do setor 1 e de outros setores, em março do ano passado, poderá cair ainda mais e ficar em torno de 22 a 25 mil torcedores.

Relatório de inspeção

A inspeção realizada na estrutura do Estádio Castelão objetivou o reconhecimento local da obra, a verificação do estado real de conservação dos elementos estruturais envolvidos e a coleta de dados preliminares sobre as prováveis origens das anormalidades observadas.

A atividade de vistoria consistiu na visita de profissional especializado à unidade citada, objetivando, com o emprego de meios locais de acesso a verificação de anomalias visíveis, a partir dos pontos de observação.

Os trabalhos possibilitam a inspeção visual da parte superior das arquibancadas, da quase totalidade da parte inferior das arquibancadas do setor 1 (arquibancadas elevadas), coberturas e os níveis que compõem o setor 1, setor 4 e o setor 7.

Em função da dificuldade de acesso existente, não foi possível se observar a parte inferior das arquibancadas elevadas dos setores 2 e 6 e que estão próximas aos fossos do setor 1 (região de concordância do terrapleno entre as cotas da arquibancada e piso dois vestiários).

Os elementos coletados constituíram subsídios para identificar as causas prováveis dos problemas constatados e subsidiar as análises observadas sobre a necessidade de intervenções no sentido do saneamento das patologias e recuperação dos elementos estruturais anômalos.

Problemas observados

Na inspeção realizada na estrutura de concreto armado em questão, foi possível a identificação de patologias e anomalias nos diversos elementos estruturais que compõem o estádio, observadas com incidência sistemática e generalizada tais como:

- Deterioração do concreto superficial das faces interiores de vigas, com expulsão do cobrimento, face a expansão de secções de barras da armadura positiva em processo de corrosão eletroquímica.

- Regiões com intensa carbonatação e fissuração foram visualizadas na parte inferior das arquibancadas compostas por peças pré-moldadas monolotizadas através de concretagem complementar.

- Falta de recobrimento que quase todos os elementos estruturais que formam a arquibancada elevada, inclusive com exposição das armaduras.

- Exposição de barras corroídas foram visualizadas na parte superior das arquibancadas e indícios de futuros desplacamentos nos trechos de ligação entre as peças pré-moldadas que compõem a arquibancada.

- Inexistência ou deterioração de juntas de dilatação em todo o estádio acarretando infiltração nas área cobertas principalmente no setor 1 bem como nas arquibancadas construídas sobre o terrapleno causando carreamento do solo pelas próprias aberturas.

- Desplacamento nas interfaces pilar/viga cobertura inclusive com exposição das armaduras.

Recuperação

A degradação estrutural, por corrosão de armaduras, consiste num processo de deterioração progressivo que afeta a capacidade resistente da estrutura, pois influi diretamente na durabilidade de seus elementos, através do comprometimento progressivo das seções das barras da armadura, dimuindo sobremaneira sua vida útil.

Entende-se por vida útil o tempo durante o qual uma determinada estrutura conserva todas as características funcionais e de resistência, para a utilização para a qual foi concebida, sem a necessidade de reparação.

No caso em tela, em função do estado de comprometimento da estrutura das arquibancadas, e de elementos estruturais encontrado nos diversos setores, evidenciado na Inspeção de Reconhecimento, estima-se que a estrutura esteja caminhando para uma situação insegura.

Conforme exposto acima, o estado de comprometimento da estrutura em questão indica a necessidade de implementação de ações no sentido da recuperação dos elementos estruturais anômalos, como também a adoção de técnicas para proteção dos componentes estruturais, de forma a evitar a reincidência da patologia instalada.

Analisando melhor, pode-se depreender que o momento ótimo, do ponto de vista técnico-econômico, para a reparação de uma estrutura correspondente ao surgimento dos primeiros indícios de anormalidades correlacionadas com a patologia. É intuitivo também imaginar que a postergação das intervenções de caráter corretivo, a partir deste ponto, acarretará como conseqüência maiores custos para sua viabilização, tendo em vista o inevitável recrudescimento da deterioração estrutural.

Esta afirmação é justificada não só pelo incremento da abrangência da patologia sobre a estrutura, demandando aumentos de consumos de materiais e serviços necessários à sua reparação, como também com relação a uma maior complexidade da metodologia executiva de recuperação. Face ao exposto, recomendamos a pronta recuperação das peças estruturais, de modo a restaurar a vida residual útil da estrutura, permitindo que a unidade desempenhe com segurança a função à qual foi concebida.

O relatório é assinado por técnicos da Tecnosonda, enviado à Secretaria Estadual de Esportes.

Tecnosonda

A Tecnosonda, com sede na Bahia, é a mesma empresa que trouxe da Austrália, em março de 2004, um dos únicos três sofisticados aparelhos que existem no mundo, para fazer um Raio-X completo do Estádio Castelão e referendou o relatório que já havia sido feito pelos engenheiros da então Gesp, do Corpo de Bombeiros, Crea e Defesa Civil, acionados pela Gerência de Esportes, naquela oportunidade.

Como há mais de um ano nada foi feito em termos de recuperação dos problemas de estrutura do Castelão, a Sesp teme que esse novo laudo acuse o comprometimento de outros setores, o que obrigaria o secretário Alim Maluf Filho a reduzir para entre 22 e 25 mil pessoas, a capacidade de público do estádio para os jogos da temporada 2005.

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