Em Imperatriz

Secretário de Governo entra na onda de campanha difamatória contra Marielle Franco

Em sua rede social, o Secretário de Governo,Marlon Moura compartilhou a foto da vereadora Marielle duas vezes, legendada com a frase: “TRATE BANDIDOS COMO VÍTIMAS E UM DIA A VÍTIMA SERÁ VOCÊ”.

Angra Nascimento / Imirante Imperatriz

Atualizada em 27/03/2022 às 11h19
A vereadora pelo Rio de Janeiro Marielle Franco, do PSOL, foi morta a tiros no bairro do Estácio, região central da capital carioca, na noite de quarta-feira (14).
A vereadora pelo Rio de Janeiro Marielle Franco, do PSOL, foi morta a tiros no bairro do Estácio, região central da capital carioca, na noite de quarta-feira (14).

IMPERATRIZ - Após a morte de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, mais de meio milhão de tuítes circularam mencionando o assassinato da vereadora do PSOL, de acordo com estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV Dapp). Do total, 88% eram mensagens de apoio e luto e, apenas, 7% fizeram uso das redes para criticar o PSOL, a esquerda e ativistas dos direitos humanos em geral como "defensores de bandidos".

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O panorama tem evoluído. Em Imperatriz, o Secretário de Governo,Marlon Moura, na gestão do prefeito Assis Ramos, entrou na onda da campanha difamatória contra a ativista. Em sua rede social, Moura compartilhou a foto da vereadora Marielle duas vezes, legendada com a frase: “TRATE BANDIDOS COMO VÍTIMAS E UM DIA A VÍTIMA SERÁ VOCÊ”. A mensagem provocou uma reação ao Centro de Cultura Negra Negro Cosme (CCNNC), em conjunto com o Centro de Estudos Bíblicos de Imperatriz (CEBI) e Associação Comunitária de Vila Redenção I e II (Asconvir).

Secretário de Governo, Marlon Moura.
Secretário de Governo, Marlon Moura.

As instituições repudiaram veementemente a postura racista de Marlon Moura e emitiram nota de repúdio. Após a repercussão, Moura se posicionou e disse que:

- Não vou agir com o oportunismo peculiar de muitos, aqui mostrando e enumerando o que faço na minha vida particular, mas tenho um histórico de defesa e amparo de minorias; de negros e brancos, e de pessoas portadoras de necessidades. O bem que se faz é para ser visto por Deus. Portanto, não é cabível tal acusação.

- Ao curtir a foto notícia publicada em minha página do Facebook, em hipótese alguma estava naquele instante expressando qualquer tipo de pensamento racista ou de apologia ao lamentável fato ocorrido com a parlamentar carioca.

- Não podemos transformar a tragédia alheia em palanque político, como infelizmente vem sendo feito por muitos, é obrigação não só do homem público, mas de todos nós, está sempre em defesa do negro; do branco; da mulher; do homem; da criança e todos aqueles que se encontram em situação de fragilidade e hipossuficiência.

- Infelizmente no Brasil tragédias como esta acontecem a cada instante, conclamo para que todos juntos possamos sair em defesa de todas as vitimas, e não só de algumas específicas.

- Encerro externando os meus sentimentos não só pela morte da Marielle, mas por todas as vitimas da sociedade.

O Centro de Cultura Negra Negro Cosme, no entanto, rebateu. Noutra nota ressaltou que a resposta do Secretário Marlon Moura de Sousa é insuficiente.

Veja na íntegra:

De antemão, destacamos que a nota é insuficiente para justificar a agressão contra a vereadora Marielle Franco (PSOL). Além disso, o texto apresenta uma série de incoerências, e em alguns trechos, apenas reforça o que já havíamos destacado a respeito da atitude racista do Secretário.

Trata-se de uma Nota de Repúdio emitida em conjunto pelo Centro de Cultura Negra Negro Cosme (CCNNC), Centro de Estudos Bíblicos de Imperatriz (CEBI) e Associação Comunitária de Vila Redenção I e II (Asconvir), e não apenas pelo CCN, como desatentamente afirma Marlon Moura de Sousa. Três instituições com significativo respaldo da comunidade.

Compartilhar a foto da vereadora Marielle duas vezes, legendada com a frase: “TRATE BANDIDOS COMO VÍTIMAS E UM DIA A VÍTIMA SERÁ VOCÊ”, é uma mensagem muito clara, do posicionamento do secretário a respeito da vítima. Não se pode tripudiar encima da tragédia alheia, naturalizando a violência, ainda mais quando essa atitude parte de um servidor público, pago com nossos impostos.

Ao se tornar cúmplice da corrente virtual que acredita que a comoção nacional pelo assassinato da vereadora, é tratar "bandidos como vítimas", Marlon Moura de Sousa expressa toda sua desonestidade política, falta de empatia com o ser humano e desrespeito a luta que Marielle representa, sendo mulher, pobre, negra, militante social e defensora dos Direitos Humanos.

Sendo assim, reforçamos nossa exigência ao prefeito Assis Ramos, para que adote medidas cabíveis como forma de corrigir essa postura perversa do Secretário. E também para demonstrar que a gestão pública municipal não compactua com comportamentos racistas daqueles que servem a população.

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