Imperatriz

Mercadinho: mais de 300kg de alimentos vão para o lixo

A conta do desperdício vai para o consumidor final.

Laís Ferreira/Imirante Imperatriz

Atualizada em 27/03/2022 às 11h53

IMPERATRIZ- Os comerciantes do setor do Mercadinho contam que as verduras vem do Distrito Federal e devido ao frete e ao apodrecimento dos produtos, os preços acabam sendo elevados. Cerca de 300 kg de alimentos, que não são vendidos por não terem condições adequadas para isso, vão diretamente para o lixo.

O verdureiro Luís Gonçalves afirma que o tomate é o que mais estraga facilmente, pois, como não é encontrado na região, veem da cidade de Brasília: ’’Aqui na região não tem tomate, para falar a verdade, verdura nenhuma: tomate, cebola, beterraba e cenoura’’.

 Mercadinho: mais de 300kg de alimentos vão para o lixo diariamente. (Foto: Laís Ferreira/ Imirante Imperatriz)
Mercadinho: mais de 300kg de alimentos vão para o lixo diariamente. (Foto: Laís Ferreira/ Imirante Imperatriz)

Luís Gonçalves, também, explica que pelas diferenças climáticas, durante o transporte, alguns produtos chegam sem condições de comercialização.

’’As verduras são produzidas num clima mais frio e quando ele (tomate) vem pra cá devido à temperatura eles murcham e estragam’’, revela.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Brasil são desperdiçados 14 milhões de toneladas de frutas, hortaliças, grãos e outros alimentos.

Já o Maranhão segundo o Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Maranhão (Consea-MA) encontra-se com um percentual (baixo) de 35,4%, se comparado aos demais estados.

Para a nutricionista do Banco de Alimentos de Imperatriz, Mariana Oliveira, o desperdício de alimentos ’’é uma pena, porque a gente que trabalha com famílias em situação de vulnerabilidade e com entidades que, também, atendem essas famílias, seria de grande ajuda para as que precisam’’.

Mesmo com o Banco de Alimentos diariamente buscando produtos pela cidade, inclusive no mercadinho, ocorre o desperdício.

A nutricionista relata que diariamente o Banco de Alimentos envia uma equipe num carro para recolher produtos em condições de utilização, mas nem sempre obtém êxito nessa missão.

"O que acontece é que o pessoal deixa para entregar quando o alimento já está passado do tempo e, às vezes, a gente não consegue fazer o repasse como gostaria’’, lamenta.

Banco de Alimentos

A cidade de Imperatriz conta com uma unidade do Banco de Alimentos, um órgão ligado a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) e com parceria do Governo Federal, cuja finalidade é combater a fome e o desperdício de alimentos. O banco arrecada alimentos fora dos padrões de comercialização e os destina à entidades que atendem pessoas de baixa renda, que apresentam condições de vulnerabilidade alimentar.

O Banco de Alimentos desenvolve uma campanha durante todo o ano intitulada ’’Campanha 3 kg você pode’’. O objetivo é arrecadar três quilos de alimentos não perecíveis de pessoas físicas e empresas.

Solução encontrada

Sem condições de comercialização verduras, frutas e hortaliças vão parar diretamente no lixo e acabam amontoadas no meio fio. A cena mais comum é de criadores de animais fazendo o recolhimento desses produtos estragados ou parcialmente estragados para alimentar porcos e galinhas.

A situação se tornou tão comum que os comerciantes do Mercadinho, já deixam alguns alimentos em caixas para facilitar o manuseio e recolhimento pelas pessoas desses produtos.

Flagrada pelo portal Imirante, nessa semana, recolhendo produtos, a dona de casa Alzerina Paiva disse que aquela era sua primeira vez e usaria os produtos que recolhesse para alimentar suas galinhas.

’’Tenho muitas galinhas em casa e o milho está muito caro, e uma vizinha me indicou que aqui tinha muito. Ela (vizinha) sempre pega e se as galinhas gostarem, comerem bastante eu volto’’.

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