Imperatriz

Imperatriz registra uma das mais altas temperaturas do MA

As plantações e o capim mais seco contribuíram para as queimadas descontroladas na região.

Mozart Magalhães / O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h50

IMPERATRIZ - O município de Imperatriz enfrentou situações atípicas que contribuíram para aumentar a temperatura no chamado período de verão na Região Tocantina. Primeiro, o longo período de estiagem que castigou a população e trouxe o calor mais cedo do que era esperado no sudoeste do Maranhão.

Por consequência, as plantações e o capim mais seco contribuíram para as queimadas descontroladas que também acarretam, além das temperaturas altas, problemas de saúde, principalmente em crianças e idosos.

Além do calor, com as queimadas veio a baixa umidade relativa do ar, que contribui para deixar a situação ainda pior, com a sensação desagradável de secura na garganta, tontura e náuseas que podem ser acentuadas, conforme os índices apresentados.

De acordo com a auxiliar de Observação da Estação Meteorológica Eliene Oliveira Imperatriz acompanha uma tendência mundial relativa aos efeitos do aquecimento global com a diminuição das chuvas, o aumento das temperaturas e as mudanças climáticas que afetam a vida da população.

“Imperatriz ainda tem um agravante que são as queimadas nesta época do ano e a baixa umidade relativa do ar em torno de 35%, que deixa a vivência, principalmente no período da tarde, ainda mais crítica”, avaliou Eliene Oliveira.

“O pior é que a previsão de dias melhores, com temperaturas mais agradáveis, só mesmo em outubro, com a chegada das primeiras chuvas”, previu a funcionária da Estação Meteorológica. Ela ressaltou que o acompanhamento dos índices de umidade relativa do ar serve de alerta para a população, pois afetam as condições de qualidade de vida e até de saúde dos habitantes.

“Em Brasília e Goiânia, os hospitais estão lotados com pacientes vítimas de problemas respiratórios por causa da baixa umidade relativa do ar que chega a registrar 13% nesta região”, explicou Eliene Oliveira, acrescentando que índices abaixo de 30% já servem de alerta para os cuidados que se deve tomar com o ar seco. “Imperatriz se mantém na casa dos 35% e, segundo a Meteorologia, esse índice não deve baixar, para alívio da população”, informou a funcionária.

Uema - O Centro de Meteorologia da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) anuncia uma massa de ar seco sobre o Estado, portanto, as altas temperaturas devem se manter por mais tempo. Apesar de todo o Maranhão estar registrando altas temperaturas, o município de Imperatriz apresenta a maior média do estado nos últimos meses, 38 graus. Em seguida vem Bacabal, com 37 graus, e Balsas, com 36. São Luís vem atingindo temperatura de 33 graus.

A onda de calor incomoda mais quem precisa trabalhar exposto ao sol por um longo período, como é o caso do vendedor ambulante Paulo Xavier, que passa o dia empurrando um “carrinho de picolé” pelas ruas de Imperatriz.

Quando Xavier chega em casa, depois de uma longa jornada de trabalho, ele reclama. “Parece que o dia ferveu e agente estava num forno sendo queimado. Tenho febre, dor de cabeça, muita sede e uma ardência nos braços e peito”, disse o ambulante.

“Sei que isso deve fazer um mal danado, mas não posso parar de trabalhar e dependo também de um dia quente para vender mais picolés”, destacou.

A desidratação e a infecção respiratória são as doenças mais conhecidas nesta época do ano e são preocupações para trabalhadores como o representante comercial Anderson Nunes e o mototaxista João Aragão, que são obrigados se expor ao sol durante um período prolongado. Nesses casos, os cuidados são bem mais que necessários, são uma obrigação.

Dicas

Calor e tempo seco

- Ingira muita água. Sucos naturais frescos (feitos com higiene) e água de coco são boas opções para bebidas.

- Prepare os alimentos o mais próximo possível do horário de consumo.

- Mantenha os alimentos e bebidas refrigerados em temperaturas preferencialmente abaixo de cinco graus.

- Substitua frituras por alimentos assados, assim como o sorvete de massa por picolé, especialmente de frutas. Queijos amarelos podem ser trocados por queijos brancos.

- Durma em local arejado e umedecido. Podem-se utilizar umidificadores de ar, toalhas molhadas ou reservatórios com água nos quartos.

- Fique atento às variações de temperatura. Na rua costuma-se estar calor, mas ao entrar em ambiente refrigerado a brusca queda de temperatura pode facilitar a ocorrência de doenças.

- Evite banhos com água muito quente, que provocam ressecamento da pele.

Queimadas causam problemas

O calor, além dos transtornos físicos relacionados às sensações desagradáveis e aos problemas de saúde, também traz à Região Tocantina as queimadas, os desmatamentos e o risco de acidentes na BR-010, que liga o Norte ao Sul do Brasil e atravessa uma das áreas mais atingidas por esse problema, que se estende entre o Cerrado e a Pré-Amazônia, num raio de mais de 200 quilômetros.

Na Região Tocantina, bastou o início da estiagem no campo para surgir as queimadas irregulares. A temperatura elevada e a vegetação seca favorecem os focos de incêndio, principalmente às margens da rodovia na região.

Segundo dados do Corpo de Bombeiros, duas ocorrências são registradas por dia relacionadas ao controle de focos de incêndio às margens da rodovia Belém-Brasília. Geralmente, os incêndios ocorrem com mais freqüência no período da tarde e da noite.

Segundo o tenente Lélis, do Corpo de Bombeiros, a principal ocorrência dos incêndios também está relacionada às queimadas descontroladas feitas por produtores rurais que têm propriedades localizadas próximo às rodovias.

O oficial orienta que os proprietários façam o aceiro para evitar que o fogo se espalhe em áreas indesejadas provocando problemas para a propriedade e até para os motoristas que trafegam na estrada. “É preciso, nesta época do ano, providenciar o aceiro que é uma espécie de limpeza no entorno das propriedades, evitando que o fogo avance depois desta demarcação”, explicou o tenente.

Fumaça

Para quem trafega na estrada nesta época do ano, os riscos são grandes por causa das cortinas de fumaça que se formam nas rodovias com a ocorrência das queimadas. Se a situação já é arriscada durante o dia, à noite o perigo aumenta e os motoristas são obrigados a redobrar a atenção.

O motorista de ônibus Alex dos Santos Gouveia, mesmo com a experiência de mais de 15 anos ao volante, redobra atenção nesta época do ano. No percurso de Imperatriz a São Luís, são muitos os focos de incêndio avistados pelo motorista.

“Sempre estou atento e procuro reduzir bastante a velocidade em áreas consideradas de risco, principalmente próximo a curvas e declives”, destacou o motorista.

As placas de sinalização ao longo das rodovias também acabam sendo danificadas devido aos incêndios e à pista mal sinalizada, o que representa um auxílio a menos para quem está na estrada.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.