Maranhão paralímpico

Maranhão chega na Paralimpíada com chances de medalhas no vôlei, futebol e atletismo

O estado terá Jardiel Vieira Soares como destaque no Futebol de 5, que o Brasil é tetracampeão, Pâmela Pereira, no Vôlei Sentado, que deu bronze ao país no Rio, em 2016, e Rayane Soares, campeã mundial no atletismo T13 (baixa visão)

Eduardo Lindoso/ O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 11h02
Jardiel em atividade pela Seleção Brasileira de Futebol de 5
Jardiel em atividade pela Seleção Brasileira de Futebol de 5

SÃO LUÍS – O Brasil superou seu desempenho olímpico em Tóquio, ao sair do evento na sua melhor posição da história, o 12º lugar, agora é a vez dos jogos Paralímpicos entrarem em cena. E se na Olimpíada o Maranhão tinha pelo menos quatro atletas, nas Paralimpíadas o estado também estará muito bem representado: dos 253 integrantes da delegação brasileira, três nasceram em terras maranhenses. Pâmela Pereira, 33 anos, atacante do “Vôlei sentado”, Jardiel Vieira Soares, 23 anos, da “Seleção de 5” e Rayane Soares, 24 anos, no atletismo classe T13, para atletas com baixa visão. Se nas Olimpíadas o estado trouxe apenas uma medalha, com Raissa Leal, a Fadinha do skate, nas Paralimpíadas essa chance triplica, já que as meninas do vôlei foram bronze no Rio, a galera do Futebol de 5 já ganhou quatro vezes o torneio, inclusive na última edição da competição, e a Rayane vai para os jogos após conquistar o primeiro ouro do Brasil no Campeonato Mundial de atletismo paralímpico, em Dubai, em 2019. Agora só nos resta torcer. As disputas se iniciam no dia 24 deste mês e vão até 5 de setembro.

Medalha de bronze na Rio-2016, Pâmela Pereira, que nasceu em Balsas, sofreu um acidente de moto, em 2014, e teve de amputar parte da perna esquerda. Alguns meses depois, ela já estava disputando títulos nacionais por clubes. Em 2016, foi convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira e, de cara, já conquistou o bronze nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. Atualmente, a atleta mora e atua em Goiânia, desde 2012.

“Vou fazer valer apena esforço. Estou treinando muito. E vou colocar isso em prática”, disse Pâmela, em entrevista à TV Mirante.

Agora, Pâmela Pereira já partiu em busca da sua segunda medalha paralímpica. A maranhense integra o time nacional, composto por 12 atletas, A delegação viajou no dia 1º de agosto para São Paulo e de lá, para Hamamatsu, cidade japonesa onde o grupo fará a ambientação até o início dos jogos, no dia 24 de agosto.

Pâmela Pereira tem uma medalha de bronze com a seleção
Pâmela Pereira tem uma medalha de bronze com a seleção

Sonho ao lado dos ídolos

O maranhense Jardiel Vieira Soares, que nasceu em Pinheiro, pode ser comparado a jogadores como Vinícius Jr. (Real Madrid) e Lucas Paquetá (Lyon), mas só que no Futebol de 5. Ao lado de estrelas da Seleção Brasileira da modalidade, tetracampeã das Paralimpíadas, como Ricardinho e Jefinho, o jovem maranhense de 23 anos é encarado no time como um dos futuros craques da modalidade, assim como Vinícius e Paquetá, na Seleção Brasileira principal.

“Jogar com esses caras facilita bastante até porque eles dão todo o apoio a quem está chegando. Recebi muitos conselhos do Ricardo e do Jefinho. Conheci o futebol de 5 vendo-os jogar e, agora, estar ao lado deles é especial. Mas não tira a minha responsabilidade de jogar bem também para que possa ajudar a Seleção", disse o maranhense, em entrevista à Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).

O ala, que nasceu com deficiência visual, devido à toxoplasmose congênita, defende a Apace, da Paraíba, mas foi revelado pela Escema, do Maranhão. Depois, fez bastante sucesso no Cedemac-MA, onde ganhou uma Série B (2016) e disputou três finais consecutivas da Série A (2017 a 2019). Ele venceu também um prêmio Troféu Mirante.

Baixa visão, mas muita velocidade

Rayane Soares durante o Mundial de Dubai
Rayane Soares durante o Mundial de Dubai

A maranhense Rayane Soares, que nasceu em Caxias, mas é radicada em Brasília, tem baixa visão devido a uma microftalmia bilateral congênita. Ela entrou no esporte em 2015, após começar a namorar um atleta, com quem se casou posteriormente. Ao acompanhá-lo nos treinos, ela resolveu se arriscar no esporte. Nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, em 2019, Rayane faturou a medalha de prata nos 100m. Em Dubai ela foi a mais rápida nos 400m da classe T13, ganhando o ouro no Mundial de 2019, o que garantiu ela em Tóquio, e com muita chance de medalha.

Mais sobre o Vôlei sentado

No vôlei sentado, podem competir homens e mulheres que possuam alguma deficiência física ou relacionada à locomoção. São 6 jogadores em cada time, divididos por uma rede de altura diferente e em uma quadra menor do que na versão olímpica da modalidade. Os sets têm 25 pontos corridos e, o Tie-Break, 15. Ganha a partida a equipe que vencer três sets. A quadra mede 10m de comprimento por 6m de largura. A altura da rede é de 1,15m no masculino e 1,05m no feminino.

É permitido bloqueio de saque, mas os jogadores devem manter o contato com o solo o tempo todo, exceto em deslocamentos. No Brasil, a modalidade é administrada pela Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes (CBVD).

A representação verde e amarela estreou na disputa dos Jogos em Pequim 2008, apenas com a Seleção masculina, que terminou a competição em 6º lugar. Em Londres 2012, o Brasil teve representantes nos dois gêneros, com as Seleções (masculina e feminina) ficando em quinto lugar. Entretanto, o melhor resultado brasileiro veio no Rio 2016, com a conquista do bronze pela Seleção feminina. (Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro).

Vôlei sentado é uma das modalidades da Paralimpíadas
Vôlei sentado é uma das modalidades da Paralimpíadas

Mais sobre o Futebol de 5

O futebol de 5 é exclusivo para cegos ou deficientes visuais. As partidas, normalmente, são em uma quadra de futsal adaptada, mas, desde os Jogos Paralímpicos de Atenas 2004, também têm sido praticadas em campos de grama sintética. O goleiro tem visão total e não pode ter participado de competições oficiais da Fifa nos últimos cinco anos.

Junto às linhas laterais, são colocadas bandas que impedem que a bola saia do campo. Cada time é formado por cinco jogadores – um goleiro e quatro na linha. Diferentemente de um estádio convencional de futebol, as partidas de futebol de 5 são silenciosas, em locais sem eco. O jogo tem dois tempos de 25 minutos e intervalo de 10.

A bola tem guizos internos para que os atletas consigam localizá-la. A participação do futebol de 5 nos Jogos Paralímpicos aconteceu, pela primeira vez, em Atenas 2004. Também neste evento, o Brasil foi o campeão, ao superar, nos pênaltis, os argentinos por 3 a 2. A Seleção Brasileira possui mais três títulos paralímpicos: Pequim 2008, Londres 2012 e, recentemente, no Rio 2016, quando se sagrou tetracampeão. Além dos títulos, a equipe verde e amarela foi a primeira a marcar um gol em Jogos Paralímpicos. O autor do feito foi o atleta Nilson Silva, falecido em 2012. (Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro).

Mais sobre o atletismo

Os competidores são divididos em classes esportivas de acordo com a funcionalidade na prática esportiva para atletas com deficiência física e acuidade visual para atletas com deficiência visual. Os que disputam provas de pista (velocidade, meio fundo, fundo e saltos) e de rua (maratona), levam a letra T (de track) em sua classe. Há provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos, tanto no feminino quanto no masculino. Os competidores são divididos em grupos de acordo com o grau de deficiência constatado pela classificação funcional. Os que disputam provas de pista (velocidade, meio fundo, fundo e saltos) e de rua (maratona), levam a letra T (de track) em sua classe.

á os atletas que fazem provas de campo (arremessos, lançamentos) são identificados com a letra F(field) na classificação. Para os atletas com deficiência visual, as regras de utilização de atletas-guia e de apoio variam de acordo com a classe funcional. Nas provas de 5000m, de 10.000m e na maratona, os atletas das classes T11 e T12 podem ser auxiliados por até dois atletas-guia durante o percurso (a troca é feita durante a disputa). No caso de pódio, o atleta-guia que terminar a prova recebe medalha. O outro, não. Há, também, situações específicas em que um guia que não estava inscrito inicialmente em determinada prova tenha de correr. Neste cenário, ele não recebe medalha, caso suba ao pódio. (Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro).

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