Novo técnico

Com status abalado, Felipão tenta repetir arrancada de 2002 na Seleção

Técnico será o substituto de Mano e tem a missão de vencer a Copa no Brasil.

O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h14

São Paulo - O dia 1º de julho de 2001 marcou o início de um novo ciclo na Seleção Brasileira. Era a estreia de Luiz Felipe Scolari no comando da equipe, em substituição a Emerson Leão, mas o Uruguai tratou de esfriar os ânimos do novo treinador ao vencer por 1 x 0, no estádio Centenário. O resultado colocava ainda mais em risco a busca do Brasil por uma vaga na Copa do Mundo do ano seguinte. A missão do novo técnico era salvar a classificação para o torneio em um curto período de tempo. Ontem, com menos cabelo e o bigode mais grisalho, Felipão recebeu, desta vez com o time já classificado, novamente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a incumbência de levar o time a um título mundial. Mesmo com o título da Copa do Brasil, com o Palmeiras, o treinador deixou a equipe paulista pela porta do fundo e muito criticado pela imprensa.

E Carlos Alberto Parreira será o coordenador do time, em parceria formada para o título da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Felipão substituirá Mano Menezes, que, nunca tendo caído nas graças da diretoria da CBF, imprensa e torcida brasileiras, foi demitido após os maus resultados contra seleções de grande porte.

Foram derrotas para Argentina, duas vezes, França e Alemanha, além das perdas dos títulos da Copa América de 2011 e os Jogos Olímpicos de Londres, neste ano. Inicialmente, a entidade máxima do futebol brasileiro anunciaria o novo nome somente neste mês de janeiro, mas a pressão da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) pesou, já que o país organizador da Copa das Confederações de 2013 não teria um comandante no evento deste sábado, para quando está marcado o sorteio da fase de grupos da competição.

Muricy Ramalho, do Santos, Abel Braga, do Fluminense, Tite, do Corinthians, e até mesmo Pep Guardiola, ex-Barcelona, foram especulados para este cargo, mas o fato de Felipão agradar a quase todos e estar sem vínculo com clubes pesou. Já sobre o descarte do espanhol, a explicação foi a de que a Seleção não precisaria de um nome estrangeiro.

Carreira

Ex-zagueiro, Felipão, que não se destacou com a bola no pé, iniciou a sua carreira como técnico em 1982, no CSA. O título de expressão, no entanto, só veio em 1991, quando foi campeão da Copa do Brasil, com o Criciúma. Já no Grêmio, entre 1993 e 1996, o treinador venceu uma Copa Libertadores da América e um Campeonato Brasileiro. E foi no Palmeiras que o comandante, natural de Passo Fundo (RS), teve a passagem por clubes mais marcante: foram uma Copa do Brasil, uma Copa Mercosul, um torneio Rio-São Paulo e outra Libertadores. E o segundo lugar no Mundial de Clubes de 1999 não acalmou os ânimos de Felipão, que, dois anos depois, conquistou o penta do Mundial com a Seleção Brasileira.

Mas, após deixar o comando técnico canarinho, o gaúcho não viveu tantos momentos felizes assim. Mesmo com as boas campanhas com a seleção de Portugal na Eurocopa de 2004 e no Mundial de 2006, Felipão amargou rápida passagem pelo Chelsea e a participação no rebaixamento do Palmeiras, campeão da Copa do Brasil deste ano, à Série B do Brasileirão.

Mais experientes devem ganhar espaço na Seleção

A juventude da Seleção Brasileira tende a diminuir com a chegada do novo técnico, Luiz Felipe Scolari. O treinador, na entrevista coletiva de ontem, afirmou que jogadores mais experientes deverão ter novas oportunidades, já começando pela primeira convocação, no fim de janeiro, para o clássico com a Inglaterra, dia 6 de fevereiro, em Wembley, Londres. "Nossa seleção é jovem, sim. Tem um craque, que é o Neymar, mas há outros jogadores mais experientes que podem somar à equipe", destacou.

Questionado se preocupa o fato de a maior parte dos jogadores do grupo estar caminhando para a disputa do primeiro mundial da carreira, Felipão garantiu que não. "A maioria dos nossos jogadores disputa campeonatos muito fortes, nas principais ligas europeias. Tem também aqueles que disputam o Brasileiro, que também é uma competição difícil. Tenho certeza de que a vontade deles falará mais alto do que a experiência. Vamos estar muito bem servidos", concluiu.

Polêmica

A descontração de Luiz Felipe Scolari na coletiva de apresentação como técnico da Seleção Brasileira deixou algumas pessoas descontentes. Especialmente os funcionários do Banco do Brasil, que foram alvos de uma piada de Felipão ao tentar dizer que a pressão para os jogadores da Seleção tem que ser vista como algo natural.

"Tem pressão. Eles têm que saber. Nossos jogadores sabem que seria um dos títulos mais importantes que o Brasil já conquistou. Tem que trabalhar bem esse aspecto. Se não quer pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada", afirmou o treinador.

Nacionalismo

Uma onda nacionalista invadiu a CBF. Após o anúncio da escolha de Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira para serem técnico e coordenador da Seleção Brasileira, José Maria Marin colocou para fora toda sua face de político ao fazer um discurso emocionado, no qual justificou a opção pelo fato de serem brasileiros. "Vocês estão vendo a repercussão mundial. Lamento que não reconheçamos nossos heróis. Precisamos dar valor aos nossos patriotas e a nós mesmos. Posso ser criticado por alguns, mas tenho certeza de que a torcida está conosco. São patriotas com serviços prestados ao Brasil. Recebi ligações de presidentes de grandes clubes e federações me dando parabéns pela escolha. Tenho certeza de que vamos brigar pelo título mundial”, afirmou o presidente da CBF.

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