Mundial de Clubes

Mundial de Clubes começa nesta quinta-feira (8)

Sete equipes de seis continentes estão na briga pelo maior título do futebol mundial.

Gazeta Esportiva

Atualizada em 27/03/2022 às 11h27
O Mundial de Clubes será disputado no Japão.
O Mundial de Clubes será disputado no Japão. (Divulgação / Fifa)

TÓQUIO (JAPÃO) - O Mundial de Clubes da Fifa começa nesta quinta-feira ainda sob efeito do luto que tomou conta do mundo após o acidente aéreo que atingiu a delegação da Chapecoense que viajava para a Colômbia a fim de decidir o título da Copa Sul-Americana. O desastre é sentido de forma mais intensa ainda nesta edição da competição, pois o Atlético Nacional, que seria o adversário da Chape na final do torneio continental, disputarão o Mundial por serem os atuais campeões da Copa Libertadores.

“Realmente o Mundial de Clubes deste ano perdeu um pouco de seus sentimentos positivos por tudo o que aconteceu com a delegação da Chapecoense. Mas temos que honrar aqueles que se foram apresentando um futebol de alegria e qualidade, que foi o legado deixado por aquele clube tipicamente brasileiro. Tenho certeza de que cada gol marcado neste Mundial vai ser uma homenagem para o povo de Chapecó”, disse o suíço Giovanni Infantino, presidente da Fifa.

Pelo terceiro ano consecutivo sem contar com um representante do Brasil, o Mundial de Clubes da Fifa repete o Japão como sede.

Quando o assunto se refere apenas a campo e bola, o Real Madrid surge como favorito absoluto. O time de Cristiano Ronaldo e Benzema dificilmente deixará de erguer a taça. Mas é bom abrir o olho com o próprio Atlético Nacional, que vem jogando um futebol envolvente na América do Sul.

Apontado como terceiras forças, o América do México e o Kashima Antlers podem surpreender. O segundo é o atual campeão japonês e foi o último a se classificar para o torneio deste ano, vencendo o Urawa na final do fim de semana

O Mundial de Clubes deste ano será disputado em duas cidades. A principal delas é Yokohama, sede do Estádio Internacional e com a estrutura da segunda maior cidade do Japão, atrás apenas da capital Tóquio. Apresentando o Estádio Osaka Nagai, a cidade de Osaka também receberá jogos importantes, como o duelo que o Atlético Nacional fará nas semifinais.

“O japonês tem uma capacidade de organização muito grande e por isso mesmo o sucesso deste torneio está garantido. Conheço como as coisas funcionam lá e sei que o Mundial está muito bem entregue”, declarou o ídolo brasileiro Zico.

História: o Mundo entrou em 2000

Entre 1960 e 1999 o Mundial de Clubes era disputado apenas entre representantes da Europa e da América do Sul. Até 1979 era um jogo na América do Sul e outro na Europa. A partir de 1980, como ganhou o patrocínio de uma fábrica japonesa de automóvel, o torneio passou a ser disputado em um único jogo no Japão, conhecido como Copa Toyota. Até então a Fifa não dava seu aval e não considerava a taça como oficial.

Diante disso, em 2000, a entidade máxima do futebol mundial decidiu organizar o torneio, dessa vez com a presença de todos os continentes e a sede inicial foi o Brasil. O Corinthians ficou com a taça após bater o Vasco numa final brasileira, mas os europeus, que já não curtiam o modelo anterior, passaram a boicotar a competição, que sofreu para conseguir uma segunda edição em 2005.

E foi em 2005 que a Fifa, colocando muito dinheiro para atrair os europeus e escolhendo o Japão como sede para não criar maiores problemas com o antigo patrocinador e acabar com o modelo anterior, conseguiu se considerar a dona do Mundial de Clubes, que passou a levar seu nome. Em troca, a entidade passou a considerar como oficial as conquistas desde 1960 e deu mais ânimo aos participantes.

Brasil teve grandes momentos

O futebol brasileiro conquistou o Mundial de Clubes em dez ocasiões. Nas duas primeiras, a taça chegou ao país por intermédio do esquadrão do Santos de Pelé, que em 1962 e 1963 superou Benfica e Milan, respectivamente, na final. Demoraram 18 anos para os brasileiros voltarem a ter um campeão mundial. Pelos pés de Zico e companhia, que o Flamengo bateu o Liverpool na decisão daquele ano.

Dois anos mais tarde o Sul do Brasil comemorou mais do que o resto do país a conquista do Grêmio, liderado por Renato Gaúcho. O Tricolor superou o Hamburgo, da Alemanha.

“A sensação de ganhar um Mundial de Clubes é enorme, pois mesmo sabendo que ganhamos pela camisa de um time, sabemos que a maior parte do Brasil torceu pela gente. Em oitenta e três acredito que apenas os torcedores do Internacional não vibraram com a conquista do Grêmio. Ainda mais pelo fato de os europeus nos olharem com o nariz em pé nesse tipo de decisão”, lembrou Renato Gaúcho, atual comandante gremista.

À frente do São Paulo, o mestre Telê Santana montou dois esquadrões, em 1992 e 1993, e encantou o futebol brasileiro e mundial. No primeiro ano superou o poderoso Barcelona e na temporada seguinte bateu o Milan.

No atual modelo de disputa, com a presença de todos os continentes, o Brasil é o grande papão de troféus. Em 2000, no Maracanã, o Corinthians superou o Vasco numa decisão brasileira. Em 2005, foi a vez do São Paulo de Rogério Ceni mandar o Liverpool chorando para a Inglaterra. Um ano depois, em 2006, o Internacional superou o poderoso Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, com 1 a 0, gol de Adriano Gabiru. Em 2010, o Internacional fracassou ao ser eliminado logo no primeiro jogo, diante do modesto Mazembe, de Congo. Já em 2011, o Santos de Neymar não resistiu ao Barcelona de Messi, sendo goleado impiedosamente por 4 a 0.

A última vez que o Brasil conquistou o título foi em 2012, quando o Corinthians comandado pelo técnico Tite fez 1 a 0 no Chelsea, da Inglaterra, na decisão. Em 2013, última vez que o Brasil se fez representar, o Atlético-MG teve que se contentar com o terceiro lugar ao ser derrotado de maneira surpreendente, nas semifinais, pelo Raja Casablanca, do Marrocos.

Os atuais participantes

Real Madrid

Apontado como principal favorito, o Real Madrid, campeão da Champions League, aposta em sua principal estrela, Cristiano Ronaldo. Porém, seria injusto ignorar o equilíbrio tático que o técnico francês Zinedine Zidane conseguiu dar ao conjunto merengue.

O treinador passou os últimos dias mostrando aos seus jogadores que é possível que alguns jogos que poderiam ser tratados como tranquilos, se tornem verdadeiras armadilhas.

“Sabemos que o favoritismo está do nosso lado, mas o futebol moderno não apresenta mais nenhuma equipe com ingenuidade. Principalmente em um torneio de grande porte como é o Mundial de Clubes da Fifa”, avisou o campeão mundial com a França em 1998..

O principal desfalque para o Real, no entanto, será o meia galês Gerath Bale, que se recupera de entorse no tornozelo direito e não jogará mais esse ano.

TIME-BASE: Keylor Navas, Daniel Carvajal, Raphael Varane, Sergio Ramos e Marcelo; Mateo Kovacic, Luka Modric, Casemito e Isco; Cristiano Ronaldo e Karim Benzema
Técnico: Zinedine Zidane

Atlético Nacional

O Atlético Nacional vem se consolidando como uma das principais forças do futebol da América do Sul. A conquista da Copa Libertadores, em uma final contra o Independiente del Valle, do Equador, veio coroar o trabalho formado pelo técnico Reinaldo Rueda e que começou com a conquista nacional, encabeçada pelo comandante Juan Carlos Osorio. O time também despontava como favorito na final contra a Chapecoense, que nunca acontecerá, pela Copa Sul-Americana.

O treinador do Atlético acredita que sua equipe pode surpreender no Mundial, mas descarta pensar em uma eventual final com o Real Madrid.

“Não estamos pensando em uma decisão contra o Real Madrid, pois sequer passamos pela semifinal. No futebol é importante projetar um passo de cada vez”, disse Rueda.

O forte do time colombiano é o conjunto, mas alguns destaques individuais são notados facilmente, como o volante Alejandro Guerra e o meia Macnelly Torres. Porém, o jogador mais perigoso é mesmo o artilheiro Miguel Borja.

TIME-BASE: Franco Armani, Daniel Bocanegra, Alexis Henríquez, Felipe Aguilar e Farid Díaz; Diego Arias, Alejandro Guerra e Macnelly Torres; Andrés Ibargüen, Orlando Berrío e Miguel Borja
Técnico: Reinaldo Rueda

América-MEX

O mais popular clube do futebol mexicano conquistou a Liga dos Campeões da Concacaf. O América do México chega para este Mundial de Clubes sonhando em fazer uma grande competição e, quem sabe, disputar a grande final.

Para isso, a equipe da capital mexicana reforçou a sua comissão técnica contratando o argentino Ricardo Lavolpe, que já dirigiu a própria seleção mexicana. A ordem é apagar a má imagem deixada na edição passada, quando não conseguiu mais do que uma quinta colocação.

“Acredito que podemos ir um pouco mais longe, mas não gosto de fazer projeções e sim pensar em um jogo de cada vez”, afirmou Lavolpe.

A principal estrela da companhia é o perigoso atacante Oribe Peralta. Embora o time conte com atletas experientes, como o lateral-esquerdo Miguel Samúdio.

TIME-BASE: Moisés Muñoz, Pablo Goltz, Erik Pimentel, Pablo Aguilar e Miguel Samúdio; Javier Guemez, Alex Ibarra, Rubens Sambueza e Osvaldo Martínez; Michael Arroyo e Oribe Peralta
Técnico: Ricardo Lavolpe

Mamelodi Sundowns

O Mamelodi Sundows é um time que surgiu com destaque na África do Sul e que parece estar investindo pesado para se tornar uma das principais forças do continente africano. Curiosamente, a vaga no Mundial veio conquistada de maneira pouco comum, pois o time havia sido eliminado na primeira fase da Liga Africana de Clubes, só voltando ao torneio por conta de uma escalação irregular do adversário. Foi o suficiente para o time se encher de brio até bater na final o Zesco United, da Zâmbia.

O técnico Pitso Mosimane tem um time que aposta no coletivo, com poucos destaques individuais. O zagueiro brasileiro Ricardo Nascimento, que fez carreira em Portugal, é um dos talentos, assim como o artilheiro colombiano Leonardo Castro.

TIME-BASE: Denis Onyango, Thabo Nthethe, Tebogo Langerman, Ricardo Nascimento e Asavela Mbekile; Keagan Dolly, Hlompho Kekana, Teko Modise e Anthony Laffor; Leonardo Castro e Khama Billiat
Técnico: Pitso Mosimane

Auckland City

O Auckland City é, dos atuais participantes, o que tem mais experiência no Mundial de Clubes da Fifa. Foram sete participações, porém, com um histórico pouco animador. Por cinco vézes foi eliminado logo na estreia. Já em 2009 foi coroado com um honroso quinto lugar. Porém, a evolução do time em 2014 lhe proporcionou sua melhor posição, com um histórico terceiro lugar. Na semifinal, inclusive, obrigou o San Lorenzo a sofrer muito para construir a vitória.

A manunteção de uma base é o que mais favorece ao Auckand, que mudou muito pouco seu elenco nos últimos anos. O técnico espanhol Ramón Tribulietx tem como jogador mais expressivo o experiente zagueiro Ivan Vicelich, um xerife de 40 anos e recordista de jogos com a camisa da seleção da Nova Zelândia. O Auckland se classificou para este Mundial por conquistar pelo sexto ano seguido a Liga dos Campeões da Oceania, dessa vez batendo na final o Team Wellington, em uma final neozelandeza.

TIME-BASE: Enaut Zubikarai, Ivan Vicelich, Ángel Berlanga e Mario Billen; Marko Dordevic, Alfred Rogers, Fabrizio Tavano e Clayton Lewis; Micah Lea’alafa, João Moreira e Emiliano Tade
Técnico: Ramon Tribulietx

Jeonbuk Hyundai

O Jeonbuk Hyundai Motor é um dos clubes mais importantes da Coréia do Sul e chegou a este Mundial após conquistar o título da Liga Asiática de Clubes, competição cada vez mais disputada pelo forte investimento feito por equipes chinesas, japonesas e árabes. Por isso, pode ser considerado um feito para um represente sul-coreano estar neste torneio. Fato que o técnico Choi Kanghee pretende usar a seu favor.

“Meus jogadores são guerreiros e acostumados a surpreender. Quem sabe a gente não consegue ir longe neste Mundial”, ponderou o comandante.

O time sul-coreano carrega um sotaque português, com os destaques do time sendo o meia Leonardo, que jogou na Desportiva-ES e fez carreira na Grécia, e o atacante Edu, também pouco conhecido do futebol canarinho.

TIME-BASE: Kim Teaho, Kim Hiungil, Lee Hando, Park Wonjae e Choi Chulsoon; Jung Hyuk, Kim Bokyung, Lee Jaesung e Leonardo; Edu e Lee Donggook
Técnico: Choi Kanghee

Kashima Antlers

Depois de perder o primeiro jogo da final do Campeonato Japonês para o Urawa Reds, o Kashima Atlers, mesmo como visitante, conseguiu assegurar o caneco do torneio nacional e a última vaga do Mundial de Clubes da Fifa. Será o representante local, que contará com o apoio da torcida.

O técnico Masatada Ishi tem grande influência do futebol brasileiro, pois atuou ao lado de Zico e foi dirigido por Toninho Cerezo no próprio Kashima Antlers.

“O futebol brasileiro é rico em talentos e em ofensividade e por isso gosto que meus times joguem dessa maneira”, disse Ishi.

O atual elenco conta com apenas um brasileiro, o meia Fabrício, ex-Botafogo. O principal destaque do time é o talentoso meia Yasushi Endo.

TIME-BASE: Hitoshi Sogahata, Hwang Seokho, Yukitoshi Ito, Gen Shoji e Shuto Yamamoto; Mitsuo Ogasawara, Mu Kanazaki, Fabrício, Gaku Shibasaki e Yasushi Endo; Yuma Suzuki
Técnico: Masatada Ishi

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