Marcha Atlética

Com quarentena agitada, Caio Bonfim segue preparação para Tóquio

Maior nome brasileiro da marcha atlética quer medalha nos Jogos.

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h08
Caio Bonfim já tem índice para disputar os Jogos de Tóquio.
Caio Bonfim já tem índice para disputar os Jogos de Tóquio. ( Foto: Abelardo Mendes Jr. / Rede Esporte)

BRASIL - Enquanto muitos estão tendo tempo de sobra nessa quarentena, o marchador Caio Bonfim está tendo que se dividir em três. O corredor falou um pouco sobre a rotina nesses dias de confinamento em uma live realizada na última segunda (4) nos perfis nas redes sociais da Confederação Brasileira de Atletismo.

O primeiro Caio, digamos assim, é o pai. Em junho do ano passado, às vésperas de embarcar para a disputa do Pan-americano de Lima, o atleta teve o seu primeiro filho, Miguel. Agora, ele está podendo curtir o bebê: “Meu ritmo de competições é sempre muito intenso. Então, nesse lado, a quarentena está sendo excelente. Posso colocar em prática o meu lado de papai coruja”.

O segundo Caio é o solidário. No início desse mês, o corredor promoveu uma live solidária. O recordista brasileiro dos 20km e dos 50km marchou 21km em uma esteira durante 1h33min31s. O objetivo era arrecadar doações de alimentos e materiais de limpeza para entidades assistenciais de Sobradinho (DF). “Queríamos ajudar os mais necessitados de alguma forma. Vi alguns atletas amadores correndo dentro de casa. E aí surgiu essa ideia. Era para fazer 30km, mas para não alongar demais fechei nos 21km”, afirma. Até essa terça (5) já foram arrecadados, através de um site, R$ 4.005,00. A meta é de R$ 10 mil. “Só podemos vencer essa competição juntos. Praticamente todo o material arrecadado vai ser revertido para os 'velhinhos' de um lar daqui de Sobradinho. Muitos deles são abandonados e sofrem ainda mais nesse período”, afirma.

O terceiro Caio é o atleta. “Estou fazendo um trabalho de força para ganhar um pouco mais de musculatura. Fiz algumas simulações de provas. Inclusive, naquele dia da live, competiria na Copa do Mundo de marcha. É fazer o macro ciclo anual para não perder muito preparo”, diz Bonfim, que também mantém contato direto com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB). “Tenho 29 anos, estou longe do meu auge. Quero usar esse ano que tenho até Tóquio para atingir o topo da preparação física. A ideia não é tirar apenas os cinco segundos que me afastaram do pódio nos Jogos do Rio, em 2016. Quero tirar mais para fazer história", projeta. Para isso, ele não quer descuidar de nenhum detalhe. “Cheguei ao Mundial de Doha, no final do ano passado, dez vezes mais bem preparado do que no torneio de Londres, em 2017, quando conquistei o bronze. Mas tive que cumprir uma punição de dois minutos por penalização da arbitragem. E acabei em 13º. Então, também estou fazendo esse trabalho técnico para não deixar escapar nada”, declara.

Jogos Olímpicos

Caio Bonfim já tem índice para disputar os Jogos de Tóquio. A classificação veio com o terceiro lugar na prova dos 20km da etapa do Circuito Mundial da modalidade na cidade chinesa de Taicang. Bonfim cravou o tempo de 1h20min37s. Esta será a terceira Olimpíada do brasileiro. Em Londres, ele ficou com a 39ª posição. E, no Rio de Janeiro, veio a 4ª posição nos 20km com a marca de 1h19min42s, apenas cinco segundos a mais do que o terceiro colocado, o australiano Dane Bird-Smith. Tempo que ficou engasgado na garganta do marchador por um ano, até o Mundial de Londres de 2017: “Aqueles cinco segundos da Olimpíada estavam entalados. Por isso cheguei na Inglaterra com o foco total na medalha. Cheguei, fiz dois ou três treinos, competi e fui embora. Apesar de saber que o atleta deveria ser bem tratado, independentemente da medalha. Mas aqui no Brasil não funciona assim. Por isso estou tentando usar essa conquista de Londres, e até mesmo o bom desempenho no Rio, que já tinha aberto muitas portas, para ajudar vários outros colegas que fazem trabalhos excelentes, mesmo sem as medalhas”.

Provas

20km e 50km são as duas distâncias olímpicas disputadas na marcha atlética. E são provas bem diferentes. Quem garante é o próprio atleta: “Para completar os 50km a pessoa tem que gostar de desafio. Porque tem muito sofrimento. O mais difícil é o treino, são muitos quilômetros. Muda a vida do atleta. São muitos dias sozinho. O otimismo é fundamental para chegar ao final. Os marchadores sempre dizem que, quando se entra nos 40km, é a metade. Os últimos 10km são uma loucura”. Já os 20km tem uma intensidade muito alta: “Perdi mais peso nos 20km do que nos 50km nos Jogos do Rio de Janeiro. A velocidade média chega aos 15km/h”.

Na prova dos 50km, no Rio de Janeiro, o francês Yohann Diniz, mesmo sendo recordista mundial da distância e um dos principais candidatos ao pódio, foi um dos que mais sofreu. Depois de liderar, passou mal, desmaiou e teve problemas intestinais. Concluiu a prova, mas na oitava colocação, com 3h46min43s, seguido pelo brasileiro Caio Bonfim. O brasileiro marcou 3h47min02s para garantir o nono lugar. Lembranças daquela prova não faltam: “Fui ao banheiro durante a prova. Tinha um mais perto. Mas acabei não o encontrando e perdi alguns preciosos minutos. O francês foi mais corajoso, acabou fazendo nas calças, e, por isso, mereceu mais”.

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