Rio 2016

Atletas com paralisia destacam papel da bocha na volta por cima

Dirceu, prata no Rio, descobriu na bocha uma forma de voltar à ativa.

Marcelo Brandão/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h29
Os atletas buscam o esporte, também, como terapia.
Os atletas buscam o esporte, também, como terapia. (Foto: Divulgação/Rio 2016)

RIO DE JANEIRO - Terminar a paralimpíada com uma medalha no peito é, para qualquer atleta, a sensação de um trabalho bem feito, do dever cumprido. Quando deixaram o pódio na tarde da segunda-feira (12), Dirceu Pinto, Eliseu dos Santos e Marcelo dos Santos também cumpriram mais uma etapa de um objetivo traçado por eles: divulgar a bocha adaptada e mostrar que a vida não termina quando a cadeira de rodas começa.

“Espero que, por meio das medalhas que têm sido conquistadas, abram-se as portas para que as pessoas deficientes que estão trancadas dentro de casa, pessoas que têm a mobilidade reduzida, que elas possam praticar a bocha, que possam voltar ao convívio da sociedade e praticar um esporte”, disse Marcelo dos Santos.

Dirceu, ouro em Pequim e Londres, e prata no Rio, descobriu na bocha uma forma de voltar à ativa. Ele sofre de distrofia pélvica de cinturas, doença degenerativa que lhe tirou a força das pernas. “Muitas pessoas ficam dentro de casa e não conhecem os esportes paralímpicos ainda. De 19 aos 22 anos eu só ficava em casa, com depressão. Quando conheci a bocha, minha vida mudou”.

Ele usa o próprio exemplo para motivar outras pessoas a descobrirem o esporte e mudar de vida. “Para mim, é especial divulgar essa modalidade porque temos paralisados cerebrais graves, que não conseguem nem falar, lesados medulares, que ficam só em casa, vendo a vida passar. Quando a pessoa conhece a bocha, a vida dela tem de novo um sentido. Hoje, eu viajo o Brasil e o mundo todo trazendo resultados para o nosso país. Dou essa medalha de prata para todos os brasileiros, com ou sem deficiência”.

Esporte como terapia

Eliseu e Marcelo são irmãos. Os dois sofrem da mesma doença, a distrofia muscular progressiva. Eles usam o esporte para auxiliar, junto com o tratamento médico e a fisioterapia, a frear a evolução da doença, que encurta os membros. “A bocha é um esporte que as pessoas com maior grau de comprometimento podem praticar, podem ir para uma paralimpíada. Nosso objetivo é que mais pessoas possam sair de casa, praticar o esporte ou simplesmente praticar o esporte socialmente e estar aqui com a gente”, disse Eliseu.

Evani da Silva joga na categoria BC3, para paralisados cerebrais com maior comprometimento dos movimentos. Ela usa um capacete com uma vareta para empurrar a bola por uma calha, além de ser ajudada por outra pessoa. Ela começou a praticar o esporte em 2010 e seis anos depois deixou a Arena Carioca 2 com uma medalha de ouro no peito.

“Para mim, o importante é mostrar que nada é impossível. Há atletas com mobilidade muito mais reduzida e que jogam. A gente mostra para ninguém ficar em casa. Corram atrás dos seus sonhos, busquem o que vocês querem”.

Evelyn de Oliveira tem atrofia muscular espinhal, não tendo movimentos nos membros inferiores. Evelyn saía pouco, limitava sua convivência social aos estudos. Quando conheceu a bocha, aos 22 anos, mudou sua maneira de encarar a vida e leva para casa a primeira medalha de ouro em paralimpíada.

“Eu sou um exemplo vivo, o esporte foi uma ferramenta transformadora na minha vida. Eu vivia essa realidade da pessoa com deficiência, dentro de casa, só estudava, não tinha muito contato com a sociedade. Passei a praticar o esporte e descobri que limites que eu acreditava que tinha, na verdade não existiam”.

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