Especial Rio 2016

Atleta olímpica comemora maior conquista: ser mãe

Sílvia Helena fala sobre momento atual e relembra corte do Mundial de 2013.

Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte

Atualizada em 27/03/2022 às 11h31

SÃO LUÍS – Ser atleta é conviver com vitórias e derrotas. Ser atleta é buscar formas de superar medos. Desistir é um verbo ausente do dicionário do desportista. E o que são limites? São coisas que motivam estes seres humanos dia a dia. Alguém diria que limites foram feitos para serem superados. Então, que sejam superados sim a cada nova conquista. Sobre conquistas, engana-se quem pensa que um atleta só vive para buscar a excelência no esporte. Estas pessoas estão longe de serem máquinas. São movidas por amor e, por amor, aceleram ou reduzem na busca de seus sonhos. A felicidade chega a ultrapassar os limites das quadras, das piscinas, das pistas. Ultrapassa, ainda, as salas de troféus e medalhas cuidadas com todo carinho. Mas, talvez, nenhuma vitória se compara à conquista de ser mãe. Que o diga Sílvia Helena, mãe de primeira viagem da pequena Helena.

Sílvia Helena e suas conquistas: a filha Helena e os inúmeros títulos no handebol. (Foto: Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte)
Sílvia Helena e suas conquistas: a filha Helena e os inúmeros títulos no handebol. (Foto: Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte)

Após anos se dedicando ao handebol, a ex-jogadora da Seleção Brasileira explorou o mundo, encheu a casa com medalhas e troféus, conheceu o amor de sua vida, realizou-se como atleta. Mas faltava algo. Faltava alguém. Faltava Helena. Não falta mais. Helena nasceu para ser o bem mais precioso da família Pitombeira.

Se antes Sílvia Helena preocupava-se com a rotina dos treinos diários, agora, o momento é de curtir a maternidade. “São duas coisas totalmente diferentes. Mas tem uma coisa em comum: o amor. Eu amo ser mãe. Tem dias que você vai para o treino, está cansada e, às vezes, não dá vontade de treinar. Mas eu sempre ia lá e fazia o meu melhor. Mas ser mãe é diferente. Cada vez que você acorda e vê o sorriso da sua filha, você supera qualquer cansaço”, explica.

Mas se hoje Sílvia é só alegria com a filha nos braços, três anos atrás não havia motivos para sorrir. Apesar dos anos dedicados ao handebol, onde disputou as Olimpíadas de Pequim (2008) e de Londres (2012) além de ter integrado a Seleção Brasileira de Handebol por mais de 14 anos, Sílvia ficou de fora do momento mais especial da modalidade: o inédito título mundial em 2013, na Sérvia. Uma lesão no tendão de Aquiles fez a maranhense ser cortada do Mundial.

“Foi difícil. Eu passei a minha vida toda na Seleção e, no único momento que a gente ganhou uma medalha mundial, eu não estava lá. Não foi fácil, mas, ao mesmo tempo, eu fiquei feliz por ter visto pessoas que lutaram como eu lutei a vida toda sendo coroadas”, disse.

Dentre as recordações da carreira, Sílvia guarda com carinho a mascote e a credencial dos Jogos Olímpicos de Londres. (Foto: Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte)
Dentre as recordações da carreira, Sílvia guarda com carinho a mascote e a credencial dos Jogos Olímpicos de Londres. (Foto: Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte)

Naquele momento mais difícil de sua carreira como atleta, Sílvia Helena superou a dor da lesão e da decepção ao lado do marido Diego. “Minha lesão foi em 2013. Os médicos achavam que eu ia demorar para voltar em nove meses a um ano, mas eu voltei em sete meses. O meu marido sempre foi a minha base. Ele é tudo para mim, e eu valorizo tudo o que ele fez por mim. Não é fácil você abandonar tudo e ficar andando atrás de uma pessoa. E ele fez isso por mim. Pra mim, não existe nenhuma frustração agora porque isso foi em 2013. Estou feliz, com minha família. É isso o que importa”.

Amor e superação

E Diego tem uma participação especial na vida de Sílvia Helena. O handebol foi o elo entre os dois. “Eu também jogava handebol e fui jogar em São Paulo, na Metodista. E, por coincidência do destino, eu fui morar no apartamento que ela havia morado. Só que quando ela saiu, ela deixou as coisas dela lá. Eu reuni tudo, coloquei em uma caixa e falei que eu devolveria pra ela e aí eu guardei. Um amigo em comum me passou o contato dela e, através da internet, começamos a conversar. Falei que eu tinha as coisas dela e marcamos de nos encontrar e fomos nos conhecendo melhor. Com o passar do tempo, a gente se aproximou e assim começou a nossa relação”, explicou.

E, foi a partir do amor pelo esporte, que o casal se fortaleceu. Diego largou tudo no Brasil e foi para a Espanha para ficar com Sílvia Helena. De lá, foram para a Hungria.

“Superação é a palavra que a gente pode caracterizar tudo. O handebol não é só um mar de rosas. As pessoas não têm noção do que um atleta passa durante a carreira. O momento mais difícil da nossa trajetória, não só como casal, mas dela como atleta, foi na Hungria. Foi muito difícil pra gente, não só pelo idioma, mas pela dificuldade de estar longe da família, dificuldade financeira que a gente teve também e o frio. Quando a gente chegou na Hungria estava fazendo 20 graus negativos. Eu não sabia o que era isso na minha vida. Teve a lesão da Silvia na França e, consequentemente, ficou de fora do Mundial que era justamente na época que ela estava retornando aos treinamentos, e as meninas foram campeãs mundiais. Isso foi difícil um pouco porque eu achei injusto. Ela deveria estar lá, mas, infelizmente, por um problema de contusão, ela perdeu a oportunidade de ser campeã mundial. Ela fazia parte da Seleção. Pra mim, ela é campeã mundial porque ela ficou mais de 14 anos em uma seleção, jogou em todas as categorias”, revelou Diego.

Família Pitombeira é só alegria com a chegada da pequena Helena. (Foto: Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte)
Família Pitombeira é só alegria com a chegada da pequena Helena. (Foto: Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte)

E do amor de dois jogadores de handebol, eis que nasce Helena, a futura atleta da família Pitombeira? “A gente quer que ela estude porque foi uma coisa que a gente foi impedido de fazer pela nossa profissão porque, querendo ou não, não tem como. Quando você joga profissional, você tem que treinar dois períodos. Não tem como conciliar”, diz a agora mãe Sílvia Helena.

Para o papai, Helena terá apoio para escolher seu futuro. “Se tiver que ser atleta, vai ter todo o apoio e incentivo dos pais”, brinca Diego.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.