SÃO PAULO - O bom desempenho dos brasileiros no Circuito Mundial de Surfe (WCT) já incomoda australianos e norte-americanos, que antes dominavam o esporte. E pode piorar. Segundo Adriano de Souza, o Mineirinho, que na última quinta-feira conquistou a temporada de 2015, o País tem potencial para dominar a modalidade nos próximos anos.
O Brasil conquistou as duas últimas edições do WCT. Em 2014, Gabriel Medina se tornou o primeiro surfista nacional campeão mundial. Foi sucedido por Mineirinho, que faturou o título na última quinta-feira em uma disputa com seis candidatos, três deles brasileiros.
“Eles acham que estamos tirando o espaço deles, que ficaram tanto tempo no topo. É claro que não estão felizes, estão indignados com essa situação. Nós brasileiros fomos comendo pelas beiradas até morder a isca. E agora que mordemos não queremos mais soltar”, disse Mineirinho.
Além do título de Adriano de Souza (campeão também do evento de Pipeline), o Brasil conquistou o WQS, divisão de acesso da Liga Mundial de surfe (WSL) com Caio Ibelli, também do Guarujá, teve Ítalo Ferreira como novato do ano e Gabriel Medina como vencedor da Tríplice Coroa Havaiana, somatória das etapas de Haleiwa e Sunset do WQS e Pipeline do WCT.
No próximo ano, o Brasil será o segundo País com mais representantes na elite do surfe mundial. Serão dez atletas nacionais: Adriano de Souza, Gabriel Medina, Filipe Toledo, Ítalo Ferreira, Alejo Muniz, Caio Ibelli, Miguel Pupo, Jadson André, Alex Ribeiro e Wiggolly Dantas. A Austrália terá 12.
“Esses dez atletas têm chances reais de conquistar o título”, garantiu Mineirinho. “A gente tem que acreditar no que tem, a molecada está dando o máximo que pode. Os pioneiros do surfe abriram o caminho na base da enxada e ficaram uns buracos. Essa nova geração está tapando isso e construindo a evolução do esporte”, completou.
O Brasil começou a ter atletas disputando regularmente o WCT em 1989, ano em que Fábio Gouveia e Teco Padaratz participaram de todas as etapas da temporada. Fabinho ganhou quatro campeonatos da elite em sua carreira. Teco, dois.
Só este ano, o Brasil igualou os números da dupla da antiga equipe Hang Loose, com seis títulos em 11 etapas realizadas. Filipe Toledo venceu em Gold Coast, na Barra da Tijuca e no Peniche. Mineirinho, em Margaret River e Pipeline. Medina, em Landes.
“O surfe no Brasil é jovem. O campeonato de Bells Beach (na Austrália) acontece há 54 anos. O surfe brasileiro não tem isso de história. Os pioneiros começaram nos anos 1960 e 1970 na força bruta, quando os americanos e australianos já estavam com roupa de borracha. Estamos mostrando que o Brasil progrediu e isso está mudando”, avaliou.
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