Registro de violência contra mulher cresceu mais de 10% em Caxias

Em 2006, a Delegacia da Mulher constatou 685 casos contra 600 em 2005.

Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h10

CAXIAS - Cresceu em mais de 10% o número de registros de ocorrências de violência contra a mulher no município de Caxias. Os dados são da Delegacia da Mulher. Enquanto em 2005 foram notificados em torno de 600 casos, em 2006 - até a última semana do mês de dezembro - foram 685 ocorrências. Algumas destas denúncias poderiam se transformar em processos contra os agressores, mas não é essa a opção da maioria das mulheres agredidas.

Foi o caso da dona-de-casa F.S., de 32 anos, com diversas escoriações pelo corpo, resultado da surra que levou do companheiro. Ela optou apenas por uma audiência com a delegada da Mulher, Karla Simone Saraiva. Quando foi prestar queixa do companheiro na delegacia, a vítima acabara de ser agredida por ele e, segundo declarou, não havia sido a primeira vez.

"Ele sempre me agrediu, mas só agora tive coragem de vir até aqui registrar queixa dele. Ficava com medo. E ainda estou. Por isso, não quero processar ele. Quero que ele venha até aqui, porque ele tem que mudar. A gente cansa de apanhar. É uma vergonha pra mim e meus filhos", declarou a dona-de-casa.

Na Delegacia da Mulher, os processos não são instaurados de imediato. Tudo depende da própria vítima. É ela quem decide se entrará ou não com um processo judicial contra o agressor. Caso contrário, ela pode solicitar apenas uma audiência. Estas ocorrem diariamente, na sede da Delegacia e, conforme Karla Simone, surtem grandes efeitos, já que, em 95% dos casos, o agressor não volta mais a espancar a companheira.

"O diálogo ainda tem sido o melhor mecanismo para se combater a violência contra a mulher. Só em saber que ela pode contar com um órgão que pode defendê-la, o agressor recua e não faz mais isso. Ele se aproveita, na maioria dos casos, da fragilidade dessas mulheres. Se ela mostra que pode brigar pelos seus direitos denunciando-o, ele não reincide", explicou a delegada.

Karla Simone disse que existem entre dois a quatro casos crônicos de mulheres que já denunciaram e voltaram a ser espancadas pelos seus companheiros, mas este número é pequeno quando comparado às novas ocorrências. "Fico até feliz que o número de denúncias contra agressores tenha aumentado, porque é um sinal de que elas não ficam mais caladas. Sabem que devem denunciar para acabar com a violência contra a mulher", comemora.

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