Mais de 50 famílias sobrevivem do que catam no Lixão de Caxias

Os catadores dividem o local infecto com animais, garis e atravessadores.

Anele de Paula - O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h25

CAXIAS - Marginalizadas pela sociedade e esquecidas pelo poder público, mais de 50 famílias sobrevivem do que conseguem catar no Lixão de Caxias. Plástico, alumínio e ferro são os alvos principais dos catadores.

Ao fim de cada dia, tudo é vendido e com muita sorte é possível conseguir até R$ 4,00 por um quilo de plástico e R$ 5,00 por um quilo de alumínio ou ferro.

O dinheiro serve apenas para a compra de alimentos e, dessa forma, será possível garantir pelo menos uma refeição.

Os catadores que freqüentam o lixão, onde há um mercado informal que tem servido para gerar renda apenas para aqueles que atuam como atravessadores, vivem abaixo da linha de pobreza.

Eles residem, em sua maioria, no bairro Antenor Viana, resultante de invasão, e têm renda per capta inferior a R$ 100,00 por mês. A família do catador é sempre numerosa, como a de Elias Gonçalves dos Santos, 67 anos.

O que o catador consegue revirando lixo é vendido e serve para sustentar uma família de oito pessoas. Um dos bisnetos é beneficiário do Programa Bolsa-Família, recebe cerca de R$ 80,00, mas o dinheiro é insuficiente para sustentar todo mundo.

As filhas de Elias dos Santos tiveram que deixar a escola muito cedo. A sina também se repetiu com as duas netas adolescentes, que já são mães e não têm qualquer perspectiva de trabalho formal, já que o nível de escolaridade ficou no ensino fundamental.

“Já perdi a conta do tempo que trabalho aqui. Não é um lugar bom, mas a gente não tem o que fazer, pelo menos não está roubando. Às vezes, o que a gente cata não chega a um quilo. Em casa é muita gente e a comida é pouca. Apenas eu cato o lixo. Os netos estão na escola e eu espero que eles nunca tenham que vir para cá”, declara o catador Elias dos Santos.

Rotina

A rotina dos catadores de lixo de Caxias começa cedo, com os caminhões da Prefeitura, que descarregam o lixo no local três vezes por semana: às segundas, quartas e sextas-feiras.

Além de disputarem o lixo com os animais, os catadores agora também são ameaçados pela concorrência desleal dos garis da Prefeitura, que, para complementar a renda de um salário mínimo, também fazem uma triagem no lixo coletado, antes que ele chegue ao lixão.

“O que a gente cata no outro dia é apenas o resto do que sobrou da noite, pois eles estão trazendo lixo agora até de noite. Como tem muita gente aqui, nem todo mundo consegue catar muita coisa no outro dia, é um serviço que não é fácil pra ninguém”, conta o catador.

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