Casarões com fachadas de azulejo fazem parte da história de Caxias

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h47

CAXIAS – Caxias tem casarões seculares com fachadas de azulejo, sendo a maioria portugueses. Elevada à condição de cidade em 1836, durante século XIX, o município de Caxias, distante cerca de 360 km da capital maranhense, foi economicamente uma das mais importantes cidades do estado.

A região gerava lucros que interessavam a Companhia de Jesus até meados do século XVIII, durante a administração de Pombal, e a partir de então passa interessar ao próprio império.

Com os conseqüentes lucros gerados pela cidade, muitos comerciantes estabeleceram-se e construíram o seu principal símbolo de dominação econômica: os casarões. Mas, com eles, também se destacam os azulejos que ornavam as fachadas das residências e estabelecimentos comerciais, consolidando por volta de 1870, por meio dessa peça decorativa, o domínio econômico desses comerciantes sobre a região.

De acordo com a historiadora Betânia Costa, mestranda em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Piauí, e a também historiadora Dora Monteiro de Carvalho, que pesquisou, no final da década de 70, e catalogou, durante a sua estadia em Caxias, a existência de nove tipos diferentes de azulejos, concluiu que a grande maioria é de origem portuguesa, o que expressa o símbolo de dominação que os comerciantes exerceram sobre o município durante a segunda metade do século XIX.

“Por volta de 1872, chegaram na cidade 40 comerciantes portugueses de Lisboa e com eles o também comerciante lusitano Antônio Correia, que trouxe consigo 10 caixas de azulejo. Começava então a implantação dessa cultura, que aparentemente foi utilizada como instrumento artístico, mas que acabou se tornado um símbolo de dominação econômica”, conta Betânia Costa.

Peças

Durante a pesquisa realizada por Dora Carvalho foram encontrados azulejos padrões, que se repetem formando uma composição; azulejos em cercadura; peças quadradas, que são utilizadas para arrematar a composição nas extremidades; azulejos com frisos, peças retangulares com desenhos em alto relevo e ainda azulejos estampilhados, decorados com técnicas de estampa e azulejos em decalcomania, que é confeccionado por meio de um processo que permite estampar a peça por meio de um papel apropriado.

Betânia Costa esclarece que apesar das cidades de São Luís, Belém e Recife, serem as cidades com maior números de residências com azulejos, em Caxias foi registrado a existência de peças únicas que só são encontradas no município.

Na cidade do Porto, em Portugal, no Rio de Janeiro, Fortaleza e São Luís foram detectadas estampas com fundo azul e relevo branco, fundo branco e relevo azul e ainda fundo amarelo com relevo branco. Porém o azulejo de fundo verde com relevo branco só foi detectado na cidade de Caxias.

A partir da segunda metade do século XVII até a segunda metade do século XVIII, 1680 a 1755, os padrões multicoloridos são substituídos por azulejos com a predominância de apenas uma cor, que passa a ser a tonalidade azul, sobre o fundo branco. Essa mudança ocorreu devido ao modismo que atingiu toda a cerâmica e que foi atribuído à influência da louça chinesa da última dinastia Ming, quando as tonalidades azuis sobre fundo branco constituem-se uma regra.

“Esse processo de fabricação foi adotado sobretudo pelos holandeses, um que vez que o uso de uma só cor facilitaria o processo de fabricação. Como tornou-se modismo naquela época a utilização dos azulejos nas residências e processo de confecção era manual, a utilização de apenas uma cor dava mais agilidade ao processo de confecção das peças, que eram transportadas para o Maranhão de navio e demoravam até três meses para chegar ao nosso estado”, menciona a historiadora Betânia Costa.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.