Investigação

Aviões lançam agrotóxico e intoxicam nove pessoas na cidade de Buriti

Duas comunidades foram atingidas por produtos químicos, e produtor de soja foi multado em R$ 273 mil.

Imirante.com, com informações da TV Mirante

Atualizada em 27/03/2022 às 11h03
Avião que teria jogado agrotóxico sobre uma comunidade rural em Buriti, no Maranhão.
Avião que teria jogado agrotóxico sobre uma comunidade rural em Buriti, no Maranhão. (Reprodução / TV Mirante)

BURITI - A Polícia Civil, o Ministério Público do Maranhão (MPMA) e órgãos ambientais estão investigando o despejo irregular de agrotóxicos por meio de aviões na zona rural do município de Buriti, a 332km de São Luís. Moradores de dois povoados alegam que um dos aviões jogou o veneno por três dias seguidos em uma comunidade e intoxicou pelo menos nove pessoas. Na comunidade, aproximadamente 100 pessoas vivem de agricultura familiar.

Um menino de oito anos estava na porta de casa quando um avião passou. Após sentir gotículas caírem no corpo, a criança reclamou de coceiras e bolhas. A mãe do menino, identificada como dona Antônia, também foi atingida. Outros moradores também relataram sintomas como febre, diarreia e vômito, mas ninguém procurou hospital por medo da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

"Minhas pernas começaram a coçar e já ficaram aquele vermelhidão muito grande. Aquelas "empolas", vermelhidão nas minhas pernas espalhando... e coçava, coçava, coçava e continuava espalhando", afirmou a lavradora Antônia Peres, em entrevista à TV Mirante.

A Secretaria de Meio Ambiente (Sema) já identificou o produtor de soja Gabriel Introvini, responsável pela contratação de voos agrícolas no período investigado. Gabriel foi multado em R$ 273 mil por "atividade potencialmente poluente, pulverização na lavoura com uso de aeronave, sem licença da autoridade competente".

"O derramamento de agrotóxico que nós identificamos foi pelo plano de voo que foi apresentado pelo empreendedor. Ele estava adotando esse procedimento de maneira irregular e por isso nós adotamos essas duas penalidades", declarou Diego Rolim, Secretário Estadual de Meio Ambiente.

Gabriel Introvini, por sua vez, se defendeu das acusações. "Não foi só a minha fazenda que aplicou veneno na região, tem outras fazenda que aplicou também. Agora o produto que eu apliquei, que eu saiba não queima ninguém, né. Mas disseram que queimou, eu posso dizer o que?", disse o produtor de soja.

A Secretaria Estadual de Saúde enviou médicos infectologistas às comunidades, com apoio da Fiocruz, e técnicos do Ministério da Saúde estão na zona rural de Buriti para examinar os atingidos. A água da região foi coletada para análise. O Ministério Público também pediu à Polícia Civil a abertura de um inquérito para apurar se houve crime ambiental.

"Muitos idosos alegando que sentiram falta de ar, dor de cabeça. É uma situação desesperadora envolvendo duas comunidades tradicionais. Contraria vários dispositivos legais. Na comunidade Carranca, os venenos foram lançados a menos de seis metros de distância das casas. Muitas pessoas foram afetadas gravemente, inclusive idosos e crianças, e nós não sabemos a dimensão, inclusive, da contaminação dos solos e da água", afirmou Diogo Cabral, advogado da Federação dos Trabalhadores Rurais do Maranhão.

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