Mandato cassado

Câmara dos Deputados aprova cassação do mandado de Flordelis

Flordelis é suspeita de ser a mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019.

Imirante.com, com informações do G1

Atualizada em 27/03/2022 às 11h02
Para que a cassação e perda do mandato de Flordelis ocorresse, eram necessários, pelo menos, 257 votos favoráveis.
Para que a cassação e perda do mandato de Flordelis ocorresse, eram necessários, pelo menos, 257 votos favoráveis. (Fernando Frazão / Agência Brasil)

BRASÍLIA – A cassação do mandato da deputada Flordelis (PSD-RJ) foi aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados, por 437 votos a 7, na tarde desta quarta-feira (11). Outros 12 deputados se abstiveram.

Flordelis é suspeita de ser a mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. O processo criminal ainda não foi julgado, mas os deputados consideraram que a atuação da parlamentar ao longo do caso feriu o Código de Ética da Câmara.

Para que a cassação e perda do mandato de Flordelis ocorresse, eram necessários, pelo menos, 257 votos favoráveis.

Flordelis responde por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

A deputada nega participação no crime, diz que é vítima de uma injustiça e que o caso ainda não foi analisado pela Justiça.

A cassação do mandato de Flordelis já havia sido aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara em junho, mas a palavra final coube ao plenário da Casa.

O que disse o relator

Como relator, Alexandre Leite foi o primeiro a falar sobre o caso na sessão desta quarta. Inicialmente, disse que a decisão sobre a eventual participação de Flordelis no assassinato não será tomada pela Câmara – e sim, pelo Tribunal do Júri que analisar o caso na Justiça do Rio.

"Aqui, nós nos ativemos às questões meramente ético-disciplinares que regem o mandato parlamentar", resumiu Leite.

Para o relator, a deputada usou o mandato para coagir testemunhas e ocultar provas. Flordelis também teria se utilizado da função parlamentar para ocultar provas e obstruir investigações, além de ter mentido ao Conselho de Ética.

"[Tentou] obstruir as investigações com teses de latrocínio, confundindo a polícia, direcionando a polícia em caminhos diversos daqueles em que, de fato, encontrariam a verdade dos fatos", afirmou.

Leite também fez a leitura de mensagens atribuídas a Flordelis, e descobertas ao longo das investigações no Rio de Janeiro, que revelam "a frieza" da parlamentar.

"Faço a leitura de alguns trechos destacados na página 14 do parecer da quebra de sigilo telemático a mostrar a frieza com que a Deputada tratava em suas mensagens telefônicas seus filhos, outros interlocutores, todas essas juntadas nos autos, entre aspas: 'Fazer o quê? Separar eu não posso, porque não posso escandalizar o nome de Deus, isso não. Mas vou encontrar um jeito, uma saída'", destacou o relator.

"O relacionamento entre a deputada e o seu ex-marido, perante as conversas interceptadas, já vinha de longo tempo, de longa data em maus caminhos, e mal encaminhado, até que tomasse esse fim trágico", acrescentou Leite.

Ele destacou ainda que Anderson Gomes foi morto com 30 tiros, que teriam sido efetuados por um dos filho da parlamentar, chamado Flávio. Nove disparos atingiram a região da genitália do pastor, narrou o relator.

"Os nove tiros, como podem ver, se encontram em área concentrada da região pélvica do pastor Anderson do Carmo, ou seja, a vítima já havia, muito provavelmente, parado de se contorcer. Este foi o nível da crueldade deste crime", disse Leite.

Ao final do seu pronunciamento, o relator afirmou que as provas coletadas demonstram que "a representada tem um modo de vida inclinado para a prática de condutas não condizentes com aquilo que se espera de um representante do povo".

O que disse a deputada

Flordelis falou após o relator, disse que o parecer foi baseado em "palavras sem provas" e defendeu sua inocência em relação ao crime.

"Se caso eu sair daqui hoje, eu saio de cabeça erguida porque eu sei que sou inocente e todos saberão que eu sou inocente. A minha inocência será provada. Vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada também com tudo o que está acontecendo. A minha família está sofrendo. A minha família está sendo julgada", declarou Flordelis.

Em outro momento, a deputada disse que filhos dela "erraram" – mas não todos.

"Houve filhos meus que erraram, mas não foram todos. Mas toda a minha família está sendo criminalizada. Eu não posso e não devo pagar pelos erros de ninguém. A Flordelis que está aqui está destruída", afirmou.

Ela também frisou que ainda não foi julgada pela Justiça e que os parlamentares estavam cassando alguém que não passou por julgamento. A deputada também apelou para a religião para tentar sensibilizar os colegas.

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