Economia

Dólar ultrapassa R$ 4,65 e volta a bater recorde em dia tenso

B3 caiu quase 5% e teve maior recuo diário em uma semana.

Wellton Máximo / Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h09
Dólar subiu nesta quinta-feira (5).
Dólar subiu nesta quinta-feira (5). (Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

SÃO PAULO - Em mais um dia tenso no mercado financeiro, o dólar subiu e voltou a bater recorde nominal desde a criação do real. Nem as intervenções do Banco Central conseguiram segurar a cotação. A bolsa de valores recuou quase 5% e teve a maior queda diária em uma semana.

Em alta pela 12ª sessão seguida, o dólar comercial encerrou esta quinta-feira (5) vendido a R$ 4,651, com alta de R$ 0,07 (+1,54%). A divisa operou em alta durante toda a sessão. Na máxima do dia, por volta das 14h40, encostou em R$ 4,67.

Desde o começo do ano, o dólar acumula valorização de 15,9%. O real tornou-se a moeda que mais se desvalorizou em todo o planeta em 2020. O euro comercial também bateu recorde nominal e fechou em R$ 5,198, com alta de 1,8%.

A depreciação no câmbio poderia ter sido maior se o Banco Central (BC) não tivesse intervindo. A autoridade monetária leiloou US$ 2 bilhões em novos contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. O BC promoveu um leilão pela manhã e um à tarde. No início da noite, o BC anunciou que leiloará mais US$ 2 bilhões em contratos de swap nesta sexta-feira (6).

No mercado de ações, o dia também foi marcado pelo nervosismo. O índice Ibovespa, da B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo), encerrou a quinta-feira aos 102.233 pontos, com recuo de 4,65%. Essa foi a maior queda diária desde o dia 26, quando o índice caiu 7%.

Nas últimas semanas, o mercado financeiro em todo o mundo tem atravessado turbulências em meio ao receio do impacto do coronavírus sobre a economia global. Recentemente, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu, de 2,9% para 2,4%, a previsão de crescimento econômico mundial para 2020 .

A decisão do Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, de reduzir os juros básicos dos Estados Unidos em caráter emergencial pode forçar o Banco Central brasileiro a reduzir a taxa Selic (juros básicos da economia) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Com as principais cadeias internacionais de produção afetadas por causa da interrupção da atividade industrial na China, indústrias de diversos países, inclusive do Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para fabricar e montar produtos.

A desaceleração da China, segunda maior economia do planeta, também pode fazer o país asiático consumir menos insumos, minérios e produtos agropecuários brasileiros. Uma eventual redução das exportações para o principal parceiro comercial do Brasil reduz a entrada de dólares, pressionando a cotação.

Entre os fatores domésticos que têm provocado a valorização do dólar, está a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa Selic – juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor nível da história. Juros mais baixos desestimulam a entrada de capitais estrangeiros no Brasil, também puxando a cotação para cima. Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, atribuiu a desvalorização do real à desaceleração da economia global, aos efeitos do coronavírus e à queda dos juros.

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