Tragédia mundial

Ato solene em São Paulo lembra vítimas do Holocausto

Para Legmann, a data tem papel fundamental para evitar genocídios semelhantes.

Ludmilla Souza/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h26

SÃO PAULO - Hoje com 72 anos, George Legmann foi um dos poucos bebês a nascer e sobreviver dentro de um campo de concentração, o de Dachau, próximo a Munique, na Alemanha nazista que isolava judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Ele e outros sobreviventes da perseguição nazista que vivem no Brasil serão homenageados hoje (29) no Ato Solene em Memória às Vítimas do Holocausto, na capital paulista.

Para Legmann, a data tem papel fundamental para evitar genocídios semelhantes. “Essa foi talvez a maior tragédia que se conhece da história mundial e é importante que isso seja rememorado para que nunca mais aconteça uma barbárie dessa natureza.”

O evento será na sinagoga da Congregação Israelita Paulista (CIP), às 18h. O ato é promovido pela Confederação Israelita do Brasil, Federação Israelita do Estado de São Paulo e pela CIP. A cerimônia marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 27 de janeiro, dia em que os prisioneiros foram libertados pelas tropas soviéticas do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, o mais atroz símbolo do Holocausto.

A homenagem terá como tema Holocausto e Intolerância no Mundo e lembrará os 6 milhões de judeus assassinados durante este trágico episódio da história, com o acendimento de seis velas por sobreviventes do Holocausto, representantes de outras comunidades vítimas do nazismo e de perseguições.

Memória

Uma pesquisa global feita em 2014 mostrou que 46% da população mundial nunca ouviu falar do Holocausto. Um dos principais objetivos da data é conscientizar sobre a importância da educação sobre o tema.

“Talvez nem todo mundo saiba o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, onde foram exterminados pelos nazistas 6 milhões de judeus, e também dizimados a população de outras minorias como ciganos, testemunhas de Jeová e também homossexuais”, relembra Legmann.

O sobrevivente espera que novos conflitos de intolerância não se repitam. “Temos que lutar pela paz, pela igualidade entre os povos, raças e sexos, a humanidade tem que conscientizar que não pode acontecer guerras desta maneira.”

Assim como Legmann, o sobrevivente Julio Gartner, 92 anos, diz que a memória é importante para que tragédias como o Holocausto não se repitam. “Deixar em esquecimento esses horrores porque passaram as pessoas que sobreviveram seria um atentado a um bom senso”. Gartner nasceu na Polônia e tinha 15 anos quando a guerra começou. Ele passou por cinco campos de trabalho forçado, escapou da morte sete vezes e estava no Gueto de Cracóvia quando este foi destruído, episódio mostrado no filme A Lista de Schindler.

Gartner acredita que, como sobrevivente, tem a obrigação de recontar tudo aquilo que aconteceu. “É importantíssimo que isso não caia no esquecimento, porque hoje em dia nós somos testemunhas de várias barbaridades do Estado Islâmico, conflitos na África, que são holocaustos em menor dimensão, mas que não deixam de ser uma intolerância”, comparou.

Exposição fotográfica

Durante o evento deste domingo, será inaugurada a exposição fotográfica Lembrar e Honrar, sobre as crianças no Holocausto, com curadoria do editor da Revista Shalom, Nessim Hamaoui. A mostra apresenta o conteúdo divulgado pela revista desde 2002, em edições especiais feitas em conjunto com o Museu do Holocausto de Jerusalém – Yad Vashem. A exposição ficará em cartaz na CIP até 26 de fevereiro.

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