Política

Ex-corregedor: Jean Wyllys feriu decoro ao cuspir em Bolsonaro

Segundo Manato, a corregedoria considerou a reação de Wyllys como uma “falta gravíssima”.

Carolina Gonçalves / Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h27
O episódio entre Wyllys e Bolsonaro ocorreu em 17 de abril, no plenário da Casa.
O episódio entre Wyllys e Bolsonaro ocorreu em 17 de abril, no plenário da Casa. (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)

BRASÍLIA - O ex-corregedor da Câmara dos Deputados, Carlos Manato (SD-ES), disse hoje (17), como testemunha no processo contra o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) no Conselho de Ética, que o parlamentar feriu o decoro parlamentar ao cuspir no colega Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e defendeu a suspensão de seu mandato por um a seis meses.

Arrolado pelo relator do caso, deputado Ricardo Izar (PP-SP), Manato explicou que, na época em que recebeu a representação contra Wyllys, a corregedoria estudou “a fundo” e chegou a um período para a sanção que preferiu não declarar ao colegiado.

“O critério de 1 a 6 meses vai ficar para o Conselho. Se dependesse de nós, daríamos suspensão por um tempo, mas não seria o tempo mínimo. Achamos que tem que ter um afastamento temporário. Chegamos a um número, mas não vou falar qual seria este número para não induzir”, explicou.

Segundo Manato, a corregedoria considerou a reação de Wyllys como uma “falta gravíssima”, mas considerou que perda de mandato seria “muito grave” e advertência escrita “muito simples”. O órgão decidiu deixar a representação nas mãos do Conselho de Ética “monocraticamente decidir a suspensão de mandato seria incoerente da nossa parte”, afirmou.

Deputado adota tom ponderado

Presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), também adotou um tom ponderado. “No meu tempo, fosse qual fosse a gravidade do fato, pediam perda do mandato. Isso me incomodava. Tudo tem que ter uma gradação”, afirmou.

O episódio entre Wyllys e Bolsonaro ocorreu em 17 de abril, no plenário da Casa, durante a votação da admissibilidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele dia, Bolsonaro dedicou seu voto pelo afastamento em memória ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar que comandou o Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo entre 1970 a 1974.

Ustra foi o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça, como torturador durante a ditadura. A homenagem foi considerada ofensa por Wyllys, que reagiu e disse ter sido alvo de outras agressões por Bolsonaro.

Chamado pela defesa de Wyllys, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), que respondeu perguntas de integrantes do Conselho de Ética por menos de 30 minutos, afirmou que as provocações dirigidas por Bolsonaro ao colega não se resumem aos fatos daquele dia. “É uma relação de provocação permanente por parte do deputado Jair Bolsonaro, uma estratégia permanente de confronto”, disse.

Apesar de reconhecer a tensão na relação entre os dois colegas, Braga afirmou que Wyllys não planejou a reação. “A tese da premeditação não é verdadeira. O que aconteceu de fato foi uma reação. Ele [Wyllys] teria comentado comigo quando foi fazer o uso da palavra porque estávamos próximos. Na saída já não acompanhei de perto. Ele veio me falar depois que tinha cuspido em reação às agressões do deputado Jair Bolsonaro”, contou.

O depoimento do deputado Afonso Florence (PT-BA), que também foi arrolado como testemunha da defesa, será remarcado porque o parlamentar não pôde comparecer.

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